FADE IN.
CENA 3. INT.
HIDRELÉTRICA/TURBINAS - DIA.
ABRE numa estrutura
gigante, circular, encaixada numa grande estrutura
metálica, presa a vários tubos, que saem da sala por
janelas, subterrâneo etc.
Vem caminhando, sobre um
corredor, à cima das turbinas, o grupo de novos Bats -
incluindo Bruce e seu grupo. Nolan lidera-os.
NOLAN:
Uma fortaleza! Sim, diria que tudo isso é uma fortaleza,
construída por uma grande equipe, com os mantimentos que
as pessoas trouxeram ao longo de todos esses anos.
LORI (ENCARA A TURBINA):
E por que ainda não colocaram toda essa estrutura para
rodar e fornecer água?
NOLAN:
Ora, me fez essa pergunta ontem, não foi? (SORRI) Qual é
o nome da interessada em saber sobre nossas estruturas?
LORI (SÉRIA):
Lori.
Nolan estende a mão para
ela, mas ela não o cumprimenta. Ele recua, a observa,
com raiva.
NOLAN:
Lori! (OBSERVA A ESTRUTURA) Toda essa estrutura está
corrompida. Há uma grande pressão nas turbinas, que
fazem com que nossos técnicos tenham dificuldades em
girá-las.
RYAN:
Mas aquelas duas não estão girando?
Todos observam outras
duas turbinas, girando, devagar, em silêncio, em outro
canto.
NOLAN:
Sim. Como bem observou, aquelas duas foram postas em
trabalho, mas são inúteis sem a terceira turbina.
BRUCE:
Já tentaram de tudo?
NOLAN:
Todos os dias, tentamos. Os sobreviventes, que
trabalhavam aqui e estavam aqui quando chegamos, dias
após o caos, nos ajudaram e colocaram para funcionar,
mas depois de dez anos, essa coisa parou totalmente.
(ENCARA BRUCE) O seu nome, é?!
BRUCE:
Bruce.
Nolan o encara por
alguns segundos, mas estende a mão, sendo cumprimentado.
CLOSE-UP nas mãos de
ambos. As mãos se soltam e Nolan toma a frente.
NOLAN (SE AFASTA):
Vamos continuar. Ainda hoje escolherão uma de nossas
tarefas.
CENA 4. EXT.
RUA/BARRICADA - DIA.
FORA da barricada, uma
série de HOMENS, enfileirados, atiram contra vários
andarilhos, presos dentro de uma grande gaiola. SCOTT,
de camisa preta, calça verde escura, arma na cintura,
observa e dá os comandos.
Sobre a BARRICADA, surge
Nolan e o grupo da cena anterior.
NOLAN:
Como disse, uma de nossas tarefas consiste em fazer
parte do batalhão, batalhão, esse, responsável por
nossos ataques ao exército e aos andarilhos que, por
ventura, invadam nosso território. Temos três equipes. A
equipe de sigla 1A, temos a 1B e temos a 2A. A primeira
e a segunda são as mais eficientes. A terceira é uma
equipe de acesso à 1B.
MEGAN:
E qual desses está treinando aí em baixo?
NOLAN:
A equipe 1B.
Os andarilhos são mortos
dentro da gaiola, um por um.
Um ATIRADOR surge ao
lado de Nolan, com um binóculo.
NOLAN (ENCARA O
ATIRADOR):
Este é um dos atiradores do turno, responsável por
preservar nossa barricada, daqui de cima.
Este atirador retira o
binóculo do rosto e encara a todos, que o cumprimentam.
ATIRADOR:
Vocês iriam gostar de ver o treino do Hurt, o general da
equipe 1B. Parece que treinou a vida inteira para matar
zumbi!
Todos dão risadas;
Nolan, na observação.
ATIRADOR:
Mas já era velho, morreu esses dias, na floresta.
Disseram que saiu para matar zumbis e acabou/
Nolan, tenso.
NOLAN:
Pois é. Deixemos essa conversa para outra hora. Temos
mais coisas a serem vistas antes do almoço. Vamos.
Nolan dá as costas e as
pessoas os seguem. Bruce, intrigado, observa o atirador,
que volta ao serviço.
Bruce segue o grupo, que
agora desce as escadas da barricada.
CENA 5. INT.
HIDRELÉTRICA/REFEITÓRIO - DIA.
Bruce, Lori, Megan, Ryan
e Emily sentados numa mesa. Todos com pratos e canecas.
Ao lado de seus pratos, um papel.
EMILY (LÊ):
Babá, agente... Aqui ressaltam até horários, aventais,
roupas para trabalho.
Bruce pega seu papel e o
amassa, jogando sobre a mesa.
BRUCE:
Eu me recuso a trabalhar para que esse grupo cresça e dê
mais poder ao poderoso chefão e a tantos outros.
LORI (SUSSURRA):
Bruce, você não quer pegar as armas? Não pode agir desse
jeito.
BRUCE (SUSSURRA):
Como quer que eu haja, Lori? A forma mais natural que eu
posso encontrar é esquecendo que eu estou aqui dentro.
Eu só estou aqui por essas malditas armas!
Megan toma um gole na
caneca e encara Bruce.
MEGAN:
Eu te apoio totalmente, Bruce, talvez porque eu saiba
que estar aqui é uma questão de necessidade.
RYAN:
Eu não vejo a dimensão do problema como vocês.
EMILY:
Ryan, não se meta.
RYAN:
Como não, Emily? Aqui há abrigo. Desde o começo,
tínhamos o pé atrás. Não sabíamos o que iríamos
encontrar aqui e eu sempre concordei. Mas olhe para
isso! Já pensaram em viver dentro de um lugar seguro,
com comida, ordem, num mundo onde, lá fora, uns comem os
outros?
Todos o encaram.
BRUCE:
Não é por aí, Ryan. Eu, a Megan, a Lily, a sua irmã,
sabemos que para chegar à Boston não foi fácil. Também
não foi fácil viver sobre o nada que o exército
sempre nos deixou, mas sabemos que ninguém dá nada ao
próximo por puro amor. Não num mundo onde uma mordida te
transforma num ser morto. Literalmente. (T) Nós sabemos
o que os Bats querem. Poder. E eu não vou dar isso a
eles. Não vou permitir que façam o que quiserem conosco,
que nos tenham em suas mãos.
RYAN:
O exército não só nos deixou na pior esse tempo todo,
Bruce, porque eu também estava lá, mas também fez a
cabeça de todos vocês contra os Bats. Só não vê o bem
quem não quer.
Ryan pega o prato, a
caneca, o papel que tinha em mãos, se levanta e sai
dali.
EMILY:
Eu vou conversar com ele.
Emily pega seus talheres
e sai.
BRUCE:
Mais um Cody em nossas vidas?
LORI:
Falta objetivo, Bruce. Nós precisamos resgatar essas
armas o mais depressa possível e sairmos daqui. Corremos
o risco não só de perdermos o Ryan, mas ficarmos reféns
dos Bats. Vai saber quando resolverem atacar, ganhar
Boston e comandar.
MEGAN:
As pessoas sairiam antes disso, despertariam.
LORI (RISOS):
Por favor, Megan, sem ingenuidade. Esse grupo dá tudo
para essas pessoas. O mínimo, em troca, é a obediência.
MEGAN:
Você está dizendo que os Bats montaram tudo isso (OLHA
AO REDOR) para, simplesmente, ganhar status, armas,
mantimentos, homens, e atacar?
LORI:
É o que achamos.
BRUCE:
Eu não acho, eu tenho certeza.
MEGAN:
E se o interesse for realmente ajudar?
LORI:
Espera, até alguns instantes você era contra vir pra cá,
contra tudo o que dizíamos! Parece se distorcer mais do
que imaginava.
MEGAN:
Lori, você está entendo as coisas do seu modo. Eu só
gostaria de olhar por outros pontos de vista, mas isso
não quer dizer que minha opinião sobre os Bats, sobre o
exército, sobre todo esse caos, tenha mudado. Nunca
estive do lado de ninguém.
Bruce cata o papel que
amassou, desamassa e o encara.
BRUCE:
Já que estamos do nosso próprio lado, vamos à procura
dessas armas. (T) Acho que eu já sei no que me
inscrever.
CENA 6. EXT.
HIDRELÉTRICA/ÁREA DE TREINO - DIA.
Uma equipe treina em uma
das externas do lugar. Entre eles, de botas pretas, arma
em mãos, está Bruce, em movimento, junto dos outros
futuros combatentes. Liderando-os, um CARECA, alto.
A porta que dá para
aquele lugar se abre e Trevor entra. Fuma um cigarro,
observa um a um, em treino -- Joga o cigarro no chão, se
vira, abre a porta e sai, deixando-a bater com a pressão
do vento.
CENA 7. INT.
HIDRELÉTRICA/SALA QUALQUER - DIA.
A sala, uma das várias,
dentro da estrutura, tem janelas vedadas e portas bem
trancadas. Nesse primeiro instante, não vemos o piso e
nada que possa estar sobre ele.
Uma das portas se abre e
Trevor entra, fechando-a e trancando-a em seguida. Ele
observa algo no chão, eleva as mãos à cabeça, dá algumas
voltas, de um lado para o outro, e respira fundo.
Eis que, agora,
revela-se, no chão do lugar, desmaiado e preso numa
espécie de rede de pescas, Cody.
A maçaneta da porta
gira. Trevor percebe e, meio nervoso, recolhe o molho de
chaves de dentro do bolso, escolhe uma, mete na
fechadura e abre a porta, dando de cara com Nolan, que
entra, agressivo, e já encara o corpo, no chão. Ele se
aproxima de uma parede próxima e, num ato furioso, choca
a mão fechada, em cheio, contra o objeto.
Ele suspira, observa
Trevor.
NOLAN (FURIOSO):
Imbecil! Imbecil! É isso o que você é, um imbecil!
TREVOR (AFOITO):
Você não imagina o que aconteceu, Nolan, é pior do que/
NOLAN:
O que é pior que um abrigado meu desaparecer e seus
coleguinhas de trabalho vir me questionar sobre sua
ausência? Por acaso você é algum idiota? O que esse
moleque está fazendo aqui, trancado nessa rede? Está
louco, querendo manter seu irmãozinho vedado de mim, é
isso?
TREVOR:
Basta! Eu estou fazendo um favor, trancando meu
próprio irmão dentro dessa rede. Ou você prefere que ele
saia por aí, explanando que você matou o instrutor de
tiros dele, no meio da mata, a sangue frio? Hum?
BAQUE em Nolan, que não
esperava e, em segundos, murcha toda a agressividade.
NOLAN:
Do que você está falando?
TREVOR:
Do que estou falando? Não se faça de idiota, Nolan. Os
papeis se inverteram. Se, antes, eu era um idiota, agora
esse idiota é você, que matou um homem no meio de um
matagal, a poucos metros do lugar onde todos acreditam
que você é o grande herói. Pois bem, o Cody viu e veio
até a mim, contou tudo, tentou fugir comigo, avisar a
alguns, mas eu impedi. Não por você. Por mim, é claro.
NOLAN:
Oh, merda... Isso, não/
Aflito, ele anda de um
lado pro outro -- Até que para, suspende os braços e
apoia numa das paredes, pensativo.
NOLAN:
Isso não podia ter acontecido. Seu irmão não podia ter
visto nada. (A CADA PALAVRA, UM SOCO) Merda, merda,
merda!!! Aquele velho idiota atrapalhava até quando
estava pra morrer.
Ele se vira, raivoso.
TREVOR:
O que você pretende fazer, Nolan, matar o Cody?
Nolan o encara.
NOLAN:
Eu não pretendo matar seu irmãozinho fofoqueiro, que não
tinha nada que ver a morte daquele velho metido a Buda.
Mas agora falta muito pouco para sairmos todos daqui,
juntos, para a minha coroa ser entregue, para eu ser o
grande imperador e mamar nos mamilos desses otários. E
eu não vou suspender nada por causa do seu irmão. A
partir de agora, ele é um louco.
TREVOR:
Do que está falando, Nolan?
NOLAN:
Vamos enlouquecê-lo. Afinal, uma pessoa que vê
acontecimentos que não ocorreram, dia e noite, não é uma
pessoa normal. O trataremos como louco e será o
suficiente para o sedarmos, acabarmos com esses
militares bostas e conquistarmos nossos objetivos sem
problemas.
TREVOR:
O Cody, louco?
NOLAN:
Ou você prefere que eu use seu irmão como escudo de
treino pros meus fuziladores?
TREVOR:
Eu juro, que se meu irmão aparecer morto, eu te procuro
até no inferno.
Trevor dá as costas,
abre a porta, sai, e a bate.
CLOSE-UP no rosto sádico
dele.
CENA 8. INT.
HIDRELÉTRICA/DORMITÓRIO MASC. - DIA.
Abre num papelzinho
branco, nas mãos de Bruce, com os números "176".
O número está estirado
no rodapé da parede, onde se encontra um colchão,
esticado. Bruce coloca sua mala sobre o colchão e
observa o dormitório.
Do lado direito do
colchão de Bruce, há outro colchão, onde o número
escrito na parede é "175". Este colchão é o de Ryan, que
se aproxima, com a mala em mãos, em silêncio. Bruce, a
ignorar, abre sua mala.
RYAN:
Me desculpe... Me desculpe, Bruce, eu não deveria ter
falado aquelas coisas, daquela maneira.
Bruce ajeita a mala e
olha para Ryan.
BRUCE:
Tudo bem, Ryan.
RYAN:
Não, não está, Bruce.
Bruce, intrigado.
RYAN:
Você gostaria de dizer que sairíamos daqui, pegaríamos o
que é nosso e que, no final, ficaria tudo bem. Mas não
diz nada disso, pois acha que eu vou ficar aqui, vou
abandonar o grupo, assim como Cody. Se for isso que está
te impedindo de me confortar, como o líder do grupo, eu
te asseguro que não vai acontecer. Não pretendo ficar.
BRUCE:
Não? E sobre o que disse no refeitório?
RYAN:
Não menti em nada. Não era daquela maneira que gostaria
que soubessem da minha posição. Sei que sempre foi um
pai para mim, para Emily, não seria justo me separar
agora. (T) Minha mãe... Foram poucos, os nossos momentos
juntos, mas me lembro de uma história: o filho que
abandonou os pais para estudar. Parece ser incrivelmente
estúpido discutir isso, pois todos os pais querem ver os
filhos formados, mas agora entendo o sentido daquela
história. Com você, Bruce. Eu, Emily, não podemos
abandonar quem nos guiou até aqui. E eu realmente acho
esse lugar seguro e ficaria aqui. Mas eu não faria sem
ter seu apoio como posição. (T; SORRI) Esclarecido,
capitão?
BRUCE (SORRI):
Eu não mereço toda a responsabilidade de um capitão. Mas
está esclarecido, soldado! (T) É bom ouvir isso, Ryan.
Você também é como um filho. O que eu perdi.
RYAN:
Pensei que só havia tido uma menina.
BRUCE:
Ele morreu cedo. Era deficiente.
RYAN:
Ah...
Ryan observa certa queda
no clima, estampada no rosto de Bruce.
RYAN:
Desculpe, Bruce, eu não queria/
BRUCE:
Está tudo bem. (T) E quanto ao Cody? Soube que Lily
tentaria achá-lo, perguntaria a algumas pessoas.
RYAN:
Não o achamos e supomos que ele não chegou aqui. Sei lá,
teriam o visto e, quando perguntássemos, reconheceriam.
BRUCE:
O Cody não correria riscos na rua, podendo estar no
lugar onde o sonho dele se realizaria. Ele fugiu de nós.
Não pode ter ido para outro lugar, se não aqui.
RYAN:
Talvez tenha encontrado o irmão.
BRUCE:
O irmão... Cody daria tudo por ele. Será que até a vida?
RYAN:
Podem estar muito longe daqui, à uma hora dessas, Bruce.
BRUCE:
Por quê? Por que abandonariam o que sempre quiseram?
Esse lugar, essas pessoas, todo esse sistema. Não acha
estranho?
RYAN:
Ele confiava no irmão. Bastaria uma palavra e ele
esqueceria tudo isso.
BRUCE:
Eu tenho minhas dúvidas. (T) É certo de que muita coisa
não se encaixa nessa história.
RYAN:
A começar por aquelas criaturas, lá fora.
CENA 9. INT.
HIDRELÉTRICA/DORMITÓRIO FEM. - DIA.
Este dormitório, o mesmo
do anterior, porém feminino.
Megan e Lori, arrumando
suas respectivas malas. Uma em cada colchão. Megan, com
o "151", Lori, "152".
MEGAN:
Já sabe em que função vai se inscrever?
LORI:
Não tenho dúvidas. Vou integrar o de agentes femininas.
MEGAN:
Pensei que só entrassem homens.
LORI:
Nem todas as mulheres são de seu estilo. Aquele, antigo:
sentada e esperançosa.
MEGAN:
Olha, eu juro que tento ser cordial com você. Mas você é
impossível. Parece que só trata uma pessoa bem. O Bruce,
claro. Acha o quê? Que todos devem batalhar, lá fora?
Não nasci em uma terra de andarilhos, tinha uma vida
normal. Até tudo isso acontecer. Me virei, por muito
tempo, sozinha.
LORI:
Eu pouco me importo sobre o que você pensa sobre mim.
(T) Eu não me esqueci daquele dia, Megan.
MEGAN:
Do que fala?
LORI:
Você não me deixou voltar, não me deixou salvar o Bruce.
Por quê? Eu não consigo entender.
MEGAN:
Para poupar sua vida. Eu não queria ninguém morto, mas
não permitiria que morresse para salvar a vida de alguém
que já podia estar morto!
LORI:
Você me espanta.
MEGAN:
Eu só não quero sofrer mais do que eu sofri em todo esse
tempo, Lori. (T) Quando eu tive a chance de salvar todas
aquelas pessoas, eu fiz. Por que mataria o Bruce? Logo o
Bruce?!
LORI:
Por ser estranha de mais e aparentar ser o que, na
verdade, não é.
MEGAN:
Você, é que me espanta. Acha que é a líder de tudo, não
é? Mal sabe você que, em uma mordida, você vira mais um
deles, lá fora.
LORI:
Eu morreria, sim, não ficaria para ser a protagonista da
história. Diferente de você, faria questão de ser a
figurante. Pode ter certeza.
Lori fecha a mala e sai
do quarto.
CLOSE-UP em
Megan, pensativa.
CENA 10. INT.
HIDRELÉTRICA/SALA QUALQUER - DIA.
MÚSICA ON -
The Ruler and The Killer, por Kid Cudi.
POV DE CODY - (EFEITO:
EMBAÇADO) As botas de Nolan; sua calça preta; a camisa;
o seu rosto maligno, encarando-o.
NOLAN:
Bom dia, maluco.
E Nolan abre um sorriso
pra ele.
Sai do POV.
CODY (SUSSURRANDO):
Socorro, socorro!!!
Não há voz.
NOLAN:
Pode gritar a vontade. Ninguém vai te escutar. Ninguém.
Daqui pra frente, você será mais um paciente em crise.
(T) Uma pena.
Nolan, em uma imagem
puramente cínica, o encara, triste... Para logo desfazer
toda aquela cara de pêsame e lançar uma gargalhada.
MÚSICA OFF.
ABRUPTAMENTE, IMAGEM
FECHA EM PRETO.
FADE IN.
CENA 11. EXT. CÉU
BOSTONIANO - NOITE.
A LUA ilumina o céu
estrelado.
CENA 12. EXT.
HIDRELÉTRICA/OBSERVATÓRIO - NOITE.
Abre no rosto de Bruce,
encarando as estrelas do céu.
Ele se encontra em uma
espécie de laje, a cima das diversas estruturas,
inclusive da barreira.
A porta de ferro se abre
e Megan entra, sorrateira.
MEGAN:
Preferiu não jantar?
Bruce se vira.
BRUCE:
Como me achou aqui?
MEGAN:
Não foi tão difícil. Te vi, vindo pra cá, quando estava
indo jantar.
BRUCE:
Descobri esse lugar hoje. Meu pai trabalhou numa dessas,
conhecia tudo.
MEGAN:
Era vigia?
BRUCE (RISOS):
Não, trabalhou numa hidrelétrica.
MEGAN (SORRI):
Ah, claro! (T) Compensa pela vista. É impressionante
como muita coisa se anula sem os seres humanos... Ou a
maior parte dele. Está correndo um boato de que a Torre
Eiffel foi tombada hoje. Vários estavam se abrigando lá.
Inúmeros feridos.
BRUCE:
Meu Deus. Aonde chegamos?
MEGAN:
10 anos depois de um caos.
BRUCE:
Eu gostaria de procurar por respostas. Mas... (T) As
armas são mais importantes.
MEGAN:
Você acha que vamos conseguir?
BRUCE:
Eu não sei.
Ela se aproxima dele,
apoia os braços em um de seus ombros.
BRUCE:
Eu já disse 'sim' para muitas coisas. 'Não' para outras.
Definitivamente, o 'não saber' é a melhor opção.
MEGAN:
Você chegou a Boston com alguém?
BRUCE:
Sozinho, sem nenhuma oportunidade, revistado pelo
exército, passando por inúmeros exames, buscando
aliados. (T) Apenas com a confiança da Lori.
MEGAN:
Você gosta dela, não gosta?
BRUCE:
Eu não sei.
MEGAN:
Agora não adianta... Me contou o segredo, sobre o 'não
saber'.
Ambos dão risadas.
BRUCE:
Digamos que, sem ela, eu não tenho utilidade. Mas/
MEGAN:
A sua esposa, não é?
BRUCE:
A Regina foi e sempre será a mãe dos filhos que me
fizeram um homem feliz. Mas também não era paixão.
MEGAN:
A sua filha. Prefere que tudo tenha acontecido com ela,
para que não presenciasse o mundo, tudo isso, hoje?
BRUCE:
Sim. A Susan se fazia de madura. (RI) Treze anos...
Lágrimas escorrem dos
olhos dele.
BRUCE:
A minha princesinha...
E ele chora bastante,
afagado pelas mãos de Megan, que circulam pelas costas
dele.
MEGAN:
Eu estou aqui, com você.
Eles se encaram e Megan
se aproxima, dando-lhe um beijo na boca. Olhos fechados,
auge.
Na porta, aponta Lori,
que vê tudo. Ela se espanta e SAI, sem que seja notada.
Os lábios se
desencostam. Megan e Bruce se encaram.
BRUCE:
Desculpa. Eu, eu/
MEGAN:
Não. A culpa foi toda minha, isso não era para ter
acontecido.
BRUCE:
Tá, tá certo.
Eles se encaram por
alguns segundos.
MEGAN:
Eu, (SE EMBOLA) eu, eu... Eu vou, vou descer. Você vem?
BRUCE:
Oi? É... Vou. Vamos, vou descer com você.
E eles vão em direção à
porta de saída, envergonhados um do outro.
CEAN 13. INT.
HIDRELÉTRICA/DORMITÓRIO MASC. - NOITE.
O corpo de Bruce recosta
no colchão.
PANORÂMICA - O
dormitório, agora, é um ambiente escuro, com homens por
todos os lados. Uns dormem, outros viram de um lado para
o outro, inquietos.
Ryan, ao lado de Bruce,
já está em sono absoluto.
Bruce é um desses
inquietos; vira de um lado para o outro.
FLASHBACK – O beijo.
Megan e Bruce se beijam.
FIM DO FLASHBACK.
Ele esboça um sorriso,
vira pro lado e fecha os olhos.
PLANO DETALHE - Os olhos
de Bruce.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:
MONTAGEM DE FLASHBACKS –
Bruce se recorda.
A) QUARTO DE HOSPITAL -
O médico de Lincoln se vira, mas, dessa vez, não
conseguimos ver seu rosto com perfeição – riscos pretos
tapam a face.
B) CEMITÉRIO - Lincoln é
enterrado.
C) BECO - Nolan aponta a
arma para Bruce e seu grupo.
D) CEMITÉRIO - Todos se
afastam da lápide de Lincoln.
FIM DO FLASHBACK.
PLANO DETALHE - Os olhos
de Bruce se abrem.
CENA 14. INT.
HIDRELÉTRICA/CORREDOR - NOITE.
Uma lanterna ilumina o
chão.
A cadeira de rodas é
empurrada sobre os pisos do vazio corredor.
Revela-se, empurrando
Cody, desmaiado sobre a cadeira de rodas, Nolan, com a
lanterna presa à boca, com os dentes.
CENA 15. INT.
HIDRELÉTRICA/CLÍNICA - NOITE.
Uma espécie de
ambulatório improvisado está montado na sala. Macas,
onde alguns doentes repousam, são observadas por DUAS
ENFERMEIRAS. Neste lugar, a luz, apesar de fraca,
existe.
Nolan aponta na porta,
agora sem a lanterna, segurando a cadeira de rodas. As
enfermeiras se aproximam e Nolan leva a cadeira até uma
maca vazia, onde elas, com a ajuda dele, colocam-no.
CÂMERA detalha o rosto
de Cody, pálido, desmaiado, para, depois, mostrar uma
seringa, nas mãos de uma das mulheres, se aproximando de
seu braço direito, aos olhares de Nolan.
NOLAN (ENCARANDO O
CORPO): O
nome dele é Cody, e seu problema é muito sério.
Esquizofrenia. Fase aguda. Caso irreversível... (T) Eu
sinto muito, querido Cody.
CENA 16. EXT.
HIDRELÉTRICA/BARRICADA - DIA.
Já é DIA. O Sol ilumina
cinco fuzileiros, atirando de cima da barricada, em
vários andarilhos, frente a ela.
As cabeças rolam no
asfalto...
CENA 17. INT.
HIDRELÉTRICA/REFEITÓRIO - DIA.
Abre numa arma, nas mãos
de Bruce.
Em seguida, revelam-se
Lori, Megan, Emily e Ryan, sentados à mesa, com suas
respectivas bandejas, recheadas com uma caneca de café,
bolachas e brioches.
BRUCE:
Gostaram do novo brinquedinho?
LORI:
Deve ser uma das nossas...
BRUCE:
Desgraçado. Usa nossas armas para fazer a revolução
dele.
MEGAN:
Onde conseguiu essa?
BRUCE:
É minha, agora. Só posso usar durante o dia, em
treinamentos dos agentes.
EMILY:
Eu vou me alistar hoje, aos auxiliares na cozinha. Tenho
vocação para poucas coisas da lista de tarefas.
RYAN:
É uma boa. Diferente de você, eu não sei no que me
alistar.
MEGAN:
Tem o observatório. Não parece ser difícil. Eu também
fui para o lado mais fácil, vou ficar na parte da
manutenção. Não quero trabalhar na clínica, porque podem
querer que fique lá além do tempo que ficaria em
serviços pesados.
RYAN:
É uma boa. Vou procurar saber sobre o observatório.
LORI:
E como foi a noite de vocês?
Lori mira o olhar para
Megan e, em seguida, para Bruce.
BRUCE:
Por que a pergunta, Lori, algum problema?
LORI:
Nenhum. Mas acho que deveriam contar a todos.
EMILY:
Do que você tá falando, Lori?
MEGAN:
Lori/
LORI:
Contem. Digam à Emily e
ao Ryan quem é o novo casal, nessa linda história de
amor.
BRUCE:
Ah, meu Deus, você viu o...
LORI:
Bruce, por favor, eu não estou falando mal, apenas quero
que vocês contem aos dois.
MEGAN:
Qual o seu problema, Lori? Não estamos em relacionamento
nenhum. Foi apenas um beijo, sem compromisso, em uma
conversa delicada.
LORI:
Eu não quero explicações para o beijo, Megan.
EMILY:
É necessária, essa discussão, gente? Acredito que a
Megan e o Bruce possam se beijar à vontade. Qual seria o
problema nisso, Lori?
LORI:
Parece que todo mundo está se esquecendo da nossa missão
aqui dentro. Melhor, da nossa missão num mundo infestado
por andarilhos. Não acho um bom momento para fazer uma
linda história de amor. Mas, OK, sem julgamentos. Vou
pro meu treinamento.
Ela se levanta com a
bandeja e vai em direção à bancada.
De volta à mesa, Bruce
passa as mãos sobre o rosto.
BRUCE:
Não era ter acontecido. Mas a Lori/
RYAN:
Me desculpe, Bruce, mas o seu braço direito está levando
tudo isso como o plano que derrubou as torres gêmeas.
Mal ela sabe que não sabemos nem por onde começar a
pegar as armas que nos foram roubadas.
EMILY:
Também acho que ela foi longe demais. Mesmo assim, se
gostarem um do outro, devem ficar juntos. Afinal, nunca
se sabe quando tudo isso pode acabar.
Megan e Bruce se olham.
MEGAN:
Não há nada entre nós.
BRUCE:
Sim. Apenas um grupo. Nada, além disso.
Nisso, Nolan surge,
chamando a atenção de todos com um ASSOVIO.
NOLAN:
Bom dia a todos. Notifico aos nossos agentes nível 1B,
que se unam aos agentes 1A na missão de hoje. Vamos até
o centro recolher munições, mantimentos em geral e,
principalmente, remédios e comidas. Desde já, deixo
claro o risco de feridos, visto que, se alguma tropa ou
inimigos estiverem por perto, teremos que derrubá-la.
Aos interessados, da equipe 1B, que esperem na
barricada, às uma hora, em ponto. Tenham um bom dia,
Bats!
E Nolan se senta à mesa
mais próxima.
De volta à de Bruce,
CLOSE-UP nele.
CEAN 18. EXT.
ESTRADA/BARRICADA - DIA.
Os andarilhos, mortos na
16ª cena, já foram recolhidos. No lugar deles, foram
colocados OITO ALVOS coloridos, para treino.
À frente, uma equipe de
oito mulheres, inclusive Lori. Uma AGENTE, roupas
pretas, boné, cabelos presos, faz um sinal e todas elas
atiram contra o alvo.
Lori não acerta de
primeira, mas logo emplaca um bom tiro, na CABEÇA do
alvo; outro, no PESCOÇO e outro, exatamente nos JOELHOS.
Os tiros já pararam. Ela
abaixa a arma e observa, em contraste com o restante dos
alvos, seus tiros, EXATOS.
O.S. - Alguém bate
palmas.
Todas as mulheres se
viram e observam Nolan, à cima da BARRICADA, com um
sorriso no rosto.
NOLAN (OLHANDO PARA
LORI): Belos
tiros, hum.../
LORI (SÉRIA):
Lori.
NOLAN:
Belos tiros, Lori. Agente, libere-a por um instante.
A Agente concorda. O
portão da barricada se abre e Lori entra. O objeto
grande, pesado, é fechado por um GUARDA.
Nolan já vem ao encontro
dela, descendo as escadas.
NOLAN:
Parece que você é boa de tiro, em? Que belo presente, os
Bats receberam. Vamos conversar, venha.
Nolan vai à frente,
Lori, atrás, sempre atenta.
CENA 19. INT.
HIDRELÉTRICA/CORREDOR - DIA.
Nolan e Lori caminham
lado a lado pelo corredor, pouco movimentado.
NOLAN:
Treina há muito tempo?
LORI:
Desde que o caos começou, pego numa arma. Aprendi em
troca pela sobrevivência.
NOLAN:
Uma mulher tão madura não deveria depender de um grupo
pequeno, o do galã... Como é mesmo o nome dele?
LORI:
Por ser madura, não estaria nem no grupo dele, nem no
seu, estaria colhendo minha própria sobrevivência lá
fora, por conta própria.
NOLAN:
E o que está esperando para fazer isso?
LORI:
Tornar-me madura.
NOLAN (SORRI):
Não seja modéstia. Faz o que quer, com uma arma em
punhos.
LORI:
Me desculpe, Nolan, mas existem divergências entre fazer
o que bem quiser com uma arma e a utilizá-la para matar
andarilhos e não ser morta com uma mordida desgraçada.
NOLAN:
Acha que os Bats inibem as pessoas a fazerem isso?
LORI:
Não. Por isso estou no grupo de agentes em treino.
NOLAN:
Seria ótimo se nos acompanhasse ao centro. Sem
burocracias de grupo, sem contar seu estágio nos
treinos... (SORRI) Convenhamos, está mais avançada que
as outras.
LORI:
Eu rejeito.
NOLAN:
Por quê? Não vejo motivos.
LORI:
Não me sinto preparada. E, se tem uma coisa que eu
aprendi, é sempre lutar convicto de que irá vencer. Caso
contrário, é melhor nem ir.
Scott se aproxima,
rápido.
SCOTT:
Nolan, os carros estão prontos. Precisamos da sua
revisão e pegar o restante das armas para ir.
NOLAN (P/ LORI):
Você sabe aonde ir, caso se decida a juntar a nós e
mostrar que realmente tem algum valor com uma espingarda
na mão.
Ele se vira e sai, junto
de Scott. Lori vira os olhos e o observa se afastar. De
repente, parece ter se atentado a algum detalhe.
CLOSE-UP nela.
LORI:
As armas, claro!
Em passos largos, ela
segue a direção de Nolan.
CENA 20. INT.
HIDRELÉTRICA/SALA DE ARMAS - DIA.
DESFOQUE - da porta da
sala de armas, um cubículo cheio de prateleiras, sacos
pretos, grandes, espalhados; para o rosto de Lori,
observando em silêncio, do cotovelo do corredor, as
armas que Nolan recolhe dentro dos sacos; as balas,
sobre as prateleiras, e todo o armamento necessário.
Não muitos minutos
depois, ele se aproxima da porta e Lori sai correndo.
Ele a fecha e a tranca
com uma chave, a qual, no meio de um molho, é jogada
dentro do bolso da calça.
CENA 21. EXT.
ESTRADA/BARRICADA - DIA.
Os jipes e um caminhão
são abastecidos pelos agentes, que vão chegando, com
suas armas, para sair pelo portão da barricada - este,
aberto.
Bruce e Lori caminham,
em direção ao jipe.
LORI:
Tá preparado?
BRUCE:
Nem eu sei...
LORI (SORRI):
Claro que está. Vai dar tudo certo e logo vocês estarão
de volta.
BRUCE:
Espero que sim.
Ele vai se afastando
dela, com um sorriso no rosto.
Nolan, que está próximo
ao portão, os olha e se aproxima.
NOLAN (PARA BRUCE):
Sua menininha não vai?
LORI:
Não, não vou. A propósito, obrigada por se preocupar
tanto comigo.
Ela se vira e sai.
Nolan, calado.
BRUCE:
Se eu fosse você, não fazia brincadeiras idiotas com
pessoas que não as aceitam tão facilmente.
Bruce prossegue, em
direção a um dos jipes.
CLOSE-UP em Nolan.
NOLAN (ALTO):
Vamos logo, não quero perder mais tempo.
Nolan sobe na caçamba de
um dos jipes e bate no teto do carro.
NOLAN (ORDEM):
Vamos! Vamos!
CÂMERA ABRE para dar a
PANORÂMICA de todo o local, além-barricada.
Os carros partem e o
portão é fechado pelo mesmo guarda de cenas atrás.
CENA 22. INT.
HIDRELÉTRICA/CLÍNICA - DIA.
CHICOTE - CÂMERA vai
buscar Cody, deitado sobre a maca.
Seus olhos se abrem,
tenebrosos, observando tudo ao redor, o ambiente vazio,
com apenas uma enfermeira e, além da dele, uma maca em
uso.
A enfermeira, com um
pratinho de metal em mãos, este portando uma seringa, se
aproxima dele. Porém, quando menos espera, Cody se
levanta da maca, cata a seringa e aplica, com força,
contra o pescoço da enfermeira. O local da aplicação
começa a sangrar e a mulher cai no chão, ajoelhada,
berrando de dor.
Cody, por sua vez, não
pensa duas vezes, se dirige a porta, olha pros dois
lados e sai correndo.
FLASHES RÁPIDOS –
Enquanto ele corre, seguem lembranças momentâneas.
A) Nolan atira em Hurt,
no meio da floresta;
B) Ele acorda, preso às
redes de uma espécie de rede de pesca e encara Nolan,
sádico, à sua frente;
C) Algo bate contra a
sua cabeça -- foi a coronhada de Trevor nele.
D) Nolan aplica uma
injeção em seu braço.
FIM DOS FLASHES.
Cody chega a um
corredor, cujo se divide em dois cotovelos. Pensa rápido
e entra no da direita, vendo Trevor, de costas, andando.
CLOSE-UP em seus olhos.
CHICOTE - Cody sai
correndo pelo corredor, alucinado.
Trevor se vira e só vê
um vulto pulando sobre ele, o jogando no chão e lhe
dando uma mordida na orelha. Trevor dá um berro e uma
cotovelada na barriga do irmão, que o joga pra trás, e
se levanta, encarando-o. Trevor se levanta e tenta
segurar suas mãos, juntas.
DOIS AGENTES entram no
corredor, se deparam com a cena e correm para apartar.
Um deles consegue conter Cody, que encara Trevor com um
olhar tenebroso; Trevor, por sua vez, não reconhece o
irmão e o olha com pêsame.
Um dos agentes observa
uma pulseira branca na mão direita de Cody.
AGENTE:
É um paciente fugitivo. Vamos levá-lo à clínica. (P/ O
AGENTE 2) Leve o rapaz para lá em seguida.
O sangue da orelha de
Trevor escorre pelo rosto e pinga no chão. O agente 2 o
conduz, atrás de Cody. Os olhos desse lacrimejam de
ódio.
CENA 23. INT. LOJA DE
CONVENIÊNCIAS - DIA.
Bebidas, produtos
farmacêuticos, comida, utensílios em geral - quebrados
ou inteiros -, estão espalhados pelo chão do lugar,
pouco iluminado.
O teto tende a
desmoronar, por conta de algo muito pesado parecer estar
em cima dele.
Vários agentes estão
espalhados por ali, revirando e procurando coisas. Cada
um carrega sua própria mochila e a enche. Entre eles,
Bruce.
CENA 24. EXT. LOJA DE
CONVENIÊNCIAS - DIA.
Todos aqueles agentes,
inclusive Bruce, saem de dentro da loja, de externa
simples, com vidros quebrados e um letreiro opaco.
À frente da loja, os
carros esperam. Nolan e mais dois agentes, já esperavam
ali.
NOLAN:
Tá limpo?
AGENTE:
Em todos os sentidos.
NOLAN:
Vamos dar um fora daqui.
BRUCE:
Vamos à outra loja? Acho que essa forneceu bastantes
coisas.
NOLAN:
Não, exatamente. Vamos à farmácia. Pegaremos alguns
remédios, curativos, em geral, e voltaremos.
Neste momento, um forte
barulho vem de dentro da loja. Todos se assustam.
NOLAN:
Merda, o que foi isso? (RÁPIDO) Vamos, vamos, vamos ver.
E eles ENTRAM na loja.
Restam, guardando os carros, dois agentes.
CENA 25. INT. LOJA DE
CONVENIÊNCIAS - DIA.
O teto se abriu e vários
andarilhos estão espalhados pelo lugar.
NOLAN (ALTO):
Merda! (T) Não vamos matar, vamos dar um fora daqui,
rápido.
Porém, um dos agentes já
foi pra cima dos andarilhos, que o cerca. O homem tenta
atirar em todos ao mesmo tempo, mas consegue matar
poucos. Um dos andarilhos se aproxima, por trás, e lhe
dá uma mordida.
NOLAN:
Merda! (T; AOS OUTROS AGENTES) Atirem, salvem-no!!!
E os agentes atiram,
matando os andarilhos que cercavam o tal agente, mas ele
já está no chão, morto.
NOLAN (COLOCANDO
PRESSÃO):
Mortos-vivos de merda!!! Vamos sair daqui, rápido, podem
ter escutado esse tiroteio. Vamos, vamos!!!
E todos eles saem
correndo de dentro da loja. Nolan, por último.
CENA 26. EXT. ESTRADA -
DIA.
Todos os agentes saem e
cada um entra em um carro. Nolan, na caçamba de um
deles, bate no teto e todos eles andam, em direção à
rodovia, onde se pode tomar o caminho da direita ou
esquerda.
Porém, nesse momento,
surgem duas vans brancas, em alta velocidade. Vários
homens, na parte de trás das vans, com a porta aberta,
atiram contra os jipes de Nolan, que bate no teto,
afoito.
NOLAN (BERRA):
Não parem!!! Não parem!!!
Ele se abaixa, assim
como os outros, que também estão na caçamba. Com as
armas a postos, os homens das vans enchem as latarias de
tiros.
Os carros se cruzam. Os
de Nolan conseguem passar das vans, porém tomam direções
opostas. O tiroteio continua: as vans dão meia volta e
cada uma segue um grupo de carros.
CENA 27. EXT./INT. JIPE
DE BRUCE - DIA.
Bruce, com a arma para
fora da janela, atira na van. Da mesma forma, faz o
soldado ao seu lado e o do banco do passageiro.
Enquanto isso, na
rodovia, a van e os dois Jipes, um na frente do outro,
competem pela frente da pista em intensos arrancos e
alta velocidade. O tiroteio recomeça.
De volta ao Jipe, O
soldado, ao lado de Bruce, tenta atirar no motorista da
van, colocando a cabeça para fora, junto da arma, e
atirando, mas é atingido por um tiro, na cabeça.
BRUCE (PARA O AGENTE NO
PASSAGEIRO):
Vou abrir a porta, não podemos deixá-lo se transformar
aqui dentro.
AGENTE:
Oh, não... Gavin...
Bruce toma a posição e
abre a porta, empurrando Gavin, baleado, para fora,
fazendo-o rodar e cair na PISTA.
Fecha a porta; respira,
contrito; foca no presente.
A van consegue se
aproximar e bater na lateral do Jipe de Bruce. Um dos
tiros, então, vindos da van, atinge o vidro de trás do
carro, fazendo-o se quebrar todo.
Bruce se abaixa. Os
tiros são frequentes e atravessam, perfurando o estofado
dos bancos do motorista e carona.
Ele saca a arma e volta
a atirar, agora pelo vidro de trás. O agente da frente
permanece atirando.
Porém, de repente, um
tiro atinge o ombro de Bruce e ele se escora no
estofado. O agente da frente se vira, observa o tiro,
volta a olhar pra frente, escorado.
AGENTE:
Oh, meu Deus, você está baleado! (AO MOTORISTA) Ele está
baleado.
MOTORISTA:
Não podemos parar, não, agora!
Do lado de fora, a
perseguição continua a toda velocidade e tiros. Ao mesmo
tempo,
...Bruce, debilitado,
perdendo muito sangue, arma jogada pro lado, mexe a
cabeça, zonzo, atônito, a dar suspiros profundos.
MONTAGEM DE FLASHBACKS –
Bruce, avoado, relembra.
A) RUA - A camionete de
Jake explode, matando Susan.
B) QUARTO DE HOSPITAL -
Bruce e Regina observam Lincoln, na maca, desmaiado.
C) CEMITÉRIO - A lápide
de Lincoln.
D) QUARTO DE HOSPITAL -
O médico de Lincoln se vira e, agora, reconhece-se Nolan.
FIM DO FLASHBACK.
Os olhos de Bruce se
viram para cima e ele desfalece.
IMAGEM FECHA EM PRETO,
RAPIDAMENTE.
FADE IN.
CENA 28. EXT. LUGAR
AREJADO - DIA.
POV DE BRUCE - Os olhos
se abrem. O Sol, que atinge seus olhos, é tapado pela
cabeça de Nolan, que o olha de cima.
NOLAN:
Bem vindo de volta.
FLASHBACK RÁPIDO:
No hospital, finalmente,
o médico de Lincoln se revela. É Nolan.
FIM DO FLASHBACK.
Na imagem de Nolan,
através da visão de Bruce.
FADE OUT. |
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