FADE IN:
CENA 4 - INT.
CLÍNICA/QUARTO - DIA.
Lori, grudada nas mãos
de Bruce. Este, de olhos fechados, recebe soro pela
veia.
Ao lado, outra cama, com
outro doente.
Lori encara o amigo;
derrama uma lágrima, a seca e olha para o corredor, onde
vê Megan, olhos esbugalhados, aflita, a ENTRAR ali.
MEGAN:
Lori, precisamos retirar essas pessoas daqui!
Lori se aproxima,
surpresa; caminha em direção ao corredor.
LORI:
O que houve de tão grave? Você me parece nervosa.
MEGAN:
Você sabe, você sabe que apenas os Bats estocam
medicamentos, suprimentos em geral e sabe que o exército
bane isso a toda população.
LORI:
Sim. Quem o faz é considerado aliado a eles.
MEGAN:
Pois bem, acho que tudo foi descoberto. (PAUSA;
SUSSURRA) O esconderijo, no subterrâneo!
LORI:
Oh, meu Deus!
MEGAN:
Eu não tenho certeza, mas acho que pra toda essa clínica
explodir, acabar, ser fuzilada, vai saber, é questão de
minutos.
CLOSE-UP em Lori. Elas
saem andando, apressadas.
LORI:
E o que nós vamos fazer? Não podemos deixar essas
pessoas morrerem. Oh, meu Deus, eles não podem fazer
isso.
MEGAN:
Eles acham que podem, Lori. Não temos tempo para
discutir, nós precisamos levar essas pessoas para um
lugar seguro.
LORI:
Lugar seguro, aqui dentro?
Param de andar, se
encaram.
MEGAN:
O exército não sabe que os medicamentos estão aqui.
Devem pretender, apenas, acabar com a clínica, já que
pode ter relação com os Bats. (OLHA AO REDOR) Nossa
única chance é levar essas pessoas para o subterrâneo e
esperar pelo pior.
CENA 5 - INT.
CLÍNICA/SUBTERRÂNEO - DIA.
Lanternas acesas em
pontos estratégicos.
Os doentes, portanto
cobertores nas costas, e parentes, descem as escadas
lentamente, com a orientação de Lori.
PACIENTE:
Mas o que está acontecendo, por que estamos vindo para
cá?
LORI:
É uma medida de prevenção, Senhor, quando tudo passar e
estiver tudo bem, vai entender. Agora, por favor,
termine de descer e se acomode em algum lugar.
Megan desce as escadas
entre os doentes, se dirige a Lori.
LORI:
Megan, vamos conseguir alojar todas essas pessoas dentro
desse lugar?
MEGAN:
Acredito que sim. A fila não está tão grande, muitos dos
que tomaram duas seções de medicamentos e a doença
estava em estágios iniciais, saíram da clínica. O número
que tínhamos, em registro, de pacientes dentro da
clínica, diminuiu. Se houver um ataque, vamos salvar a
maioria.
LORI:
A maioria. (PAUSA) E quanto aos medicamentos, onde os
colocou?
MEGAN:
Estão todos em outro esconderijo, a salvos.
LORI:
Preciso ver o Bruce. Onde ele está?
MEGAN:
No corredor três, junto dos doentes de maca.
CENA 6 - INT.
CLÍNICA/CORREDORES - DIA.
Uma fila formada, em
direção ao corredor que dá passagem ao subterrâneo.
Lori se aproxima de
Bruce, deitado numa das macas, acordado.
LORI:
Que bom que você acordou. Como se sente?
BRUCE:
Melhor do que nunca. (FAZ MENÇÃO EM LEVANTAR) Já posso/
LORI:
Não, não pode. Você ainda está muito debilitado pela
meningite.
Ele recua a cama.
BRUCE:
O que está havendo, Lori? (ENCARA A FILA) O que
significa essa fila?
LORI:
Podemos ter um ataque militar a qualquer momento.
BRUCE:
Oh, não. E pra onde essas pessoas estão indo?
LORI:
Para um subterrâneo, que a Megan conhece.
BRUCE:
E quanto aos de maca?
LORI:
Infelizmente, vão por último. Mas vai dar certo. Se
houver o atentado, vamos salvar a todos.
BRUCE:
Tomara que de certo. (MÃOS NA TESTA) Ainda dói um pouco.
LORI:
É melhor descansar. Em breve estaremos lá em baixo,
livres de riscos maiores. (TEMPO) Pode ser que tudo isso
seja um equívoco e que não haja nenhum ataque. Eu volto
já.
Ela SAI.
CÂMERA filma Bruce de
cima - os olhos piscam lentamente, ele reluta em
fechá-los, mas o faz.
FLASHBACK – Bruce vê
Cody fugindo.
Bruce olha pela janela
de seu apartamento e vê Cody, fugindo, à noite, com uma
mala nas costas.
Ele tenta ir até ele,
mas quando chega à porta, sente uma forte dor e desmaia.
FIM DO FLASHBACK.
Nesse momento, acontece
grande ESTRONDO, seguido de um berreiro geral pelos
arredores -- Bruce abre os olhos, se segura na maca,
tenta se levantar, falhando. Uma poeira grossa e escura
se espalha.
No CORREDOR 2,
que dá acesso ao subterrâneo, Lori, apavorada, empurra
as pessoas em direção a escada, aos berros.
De volta ao CORREDOR
3, onde Bruce está, alguns enfermeiros levam as
macas. A de Bruce sobra.
Lori vem correndo.
Nesse momento, outro
impacto, mais forte, faz as luzes se apagarem e Bruce
cair da maca. Ele rasteja pelo chão.
Um pedaço do teto CAI e
FECHA a passagem no corredor – Lori, no 2, dá um
berro de susto.
LORI:
Oh, meu Deus, Bruce, responda!!!
Ela o tenta achar no
lugar abafado e empoeirado. Tapando o rosto com a
camisa, ela apalpa o nada, perdida.
LORI (BERRA):
Bruce! Bruce! Onde você está? (TOSSE FORTE) Fala
comigo!!!
Megan se aproximam, com
um pano amarrado na metade do rosto.
MEGAN (ALTO):
Temos que descer, é perigoso ficar, Lori! Vamos descer!
Venha! Vamos descer!
LORI (DECIDIDA):
Eu não vou abandoná-lo, não vou!
MEGAN:
Você vai morrer, se continuar aqui!
CLOSE-UP em Lori. Ela
olha pros lados. Megan a puxa em direção ao CORREDOR
2.
No 3, está Bruce,
caído.
BRUCE (MUITO
DEBILITADO):
Soco--Socorro...
CENA 7 - INT.
CLÍNICA/SUBTERRÂNEO - DIA.
Todos os pacientes
espalhados. Choro de criança, desespero de outros.
Lori e Megan descem as
escadas. A última bate a porta e a tranca com um pedaço
de ferro. Ambas retiram o que antes protegia suas faces.
LORI (DESESPERADA):
O Bruce vai morrer. Abra essa porta, precisamos
salvá-lo.
MEGAN:
Mais um estrondo e você morre, junto dele. Estamos aqui
para sobreviver. Eu não vou deixar você sair por essa
porta e ser morta!
LORI (A ENCARA):
Eu não vou deixá-lo lá fora. Não vou!
Ela se dirige a porta.
Megan aflita. De repente, mais um ESTRONDO –- todos
berram, assustados, e Lori recua. Nesse momento, ouve-se
uma batida forte contra a porta. Tempo -- outra. Lori se
aproxima.
LORI:
Bruce...
VOZ (O.S.):
Abram! Abram!
LORI (ATENTA À VOZ):
Oh, meu Deus, é o Ryan! Abra essa porta. (BERRA) Agora!
Megan abre a PORTA e
Ryan entra com Bruce nos braços. Lori corre até ele.
Atrás, também vem Emily. Megan bate a porta, tranca.
Bruce é colocado no
chão. Sua testa sangra.
MEGAN (ÁGIL):
Vou preparar um curativo. (P/ OS QUE ALI ESTÃO) Alguém
me ajude!
CLOSE-UP em Lori,
encarando Bruce; está muito emocionada, impactada.
LORI:
Graças a Deus! Graças a Deus!
PLANO GERAL do
subterrâneo, no CONJUNTO de estrondos.
FADE OUT.
FADE IN:
CENA 8 -
INT.
HIDRELÉTRICA/REFEITÓRIO. DIA.
Nas mesas, espalhadas
pela sala gigante, estão sentadas várias famílias, de
garfo e faca em mãos, servidos com um prato de comida.
Todos encaram Nolan, em pé, discursando.
Trevor e Cody numa das
mesas.
NOLAN:
(...) A partir disso, firmamos a todos que a clínica,
atacada pelo exército na tarde de ontem, não estava
recebendo auxílios, muito menos tinha participação, de
um Bat. O atentado matou três pessoas inocentes, ao que
se sabe. (PAUSA) Vamos permitir que essas atrocidades
aconteçam? E se fossemos nós, lá dentro? Tudo foi um mal
entendido, mas poderia não ter sido. Gostaria de lembrar
a todos que nosso objetivo será sempre sobreviver numa
terra onde isso é um privilégio. Vamos sobreviver sem o
exército. Em paz. Obrigado.
Todos ovacionam,
aplaudem. Nolan abandona o posto e se senta numa mesa
próxima.
CLOSE-UP na mesa dos
irmãos.
CODY (SORRISO
ESTAMPADO):
Não acredito que estou aqui, com você, meu irmão.
TREVOR:
Eu também não. Valeu a pena cada dia lá, em Nova Iorque,
a passos da morte. Eu me arrisquei para esse momento
estar acontecendo, Cody. Nos salvamos.
CODY:
Ainda tem o meu grupo.
TREVOR:
O seu grupo? De quantos são?
CODY:
Quatro.
TREVOR:
Líderes?
CODY:
Sim, dois.
TREVOR:
Nolan não gosta de líderes. Até os pais de família, aqui
dentro, tem que abandonar suas funções e viver em prol
da organização. Não sei se deveria chamá-los.
CODY:
Eu estou desaparecido para eles. Preciso, ao menos, dar
um olá.
TREVOR:
Cody, não se pode sair daqui.
CODY (ESTRANHA):
Como não?!
Pausa; Trevor planeja o
que falar.
TREVOR:
Cody, você sabe que eu estudei os Bats por um ano. Eles
são uma associação em busca de destruir o exército, sem
o objetivo de unir sobreviventes. Aqui, é o posto
principal. Ninguém pode entrar e sair a hora que quiser.
Somos dependentes. Um do outro.
CODY:
Então, se eles não vierem pra cá, acabou o contato?
TREVOR:
Infelizmente. Você só sairá daqui para confrontos. Mesmo
assim, se treinado. Nada é a força, Cody, mas é preciso
ter o bem em comum.
CODY:
Está certo. Eu sempre quis estar aqui e está feito.
TREVOR:
Eu trabalho no setor de tecnologia, ao lado do Nolan! Em
breve, você receberá uma carta. (SORRI) Tem trabalho de
sobra, aqui dentro.
CENA 9 - INT.
HIDRELÉTRICA/RECEPÇÃO - DIA.
Um cartão feito de papel
e fita adesiva é entregue às mãos de um homem. Nele, em
letras de máquina, foi escrito o nome 'CODY', seguido,
em letras menores, por 'Agente - Nível 1'.
ABRE e nos revela Nolan,
entregando o cartão a Cody.
NOLAN:
Não perca este cartão. Ele o configura como agente e lhe
permite passagens dentro da hidrelétrica.
CODY:
Claro.
NOLAN (SORRI):
Seja bem vindo ao grupo ativo contra o exército.
CODY:
Nem parece que estamos meio a um mundo pós-apocalipse.
Você está salvando muitos, Nolan.
NOLAN:
Não se engane, Cody. A vida mais cruel é a que está aqui
dentro.
CODY:
Por que diz isso?
NOLAN:
Porque, aqui dentro, estamos mais expostos do que lá
fora.
CODY:
Componho o grupo de agentes para isso, trazer segurança.
NOLAN:
Não. Você compõe este grupo para o objetivo, acabar com
o exército, livrar as fronteiras e fazer pessoas
sobreviverem.
CODY:
Por que acabar com o exército, Nolan?
NOLAN:
É cedo, para um Agente um. Quando você estiver lá fora,
vai entender mais do que ninguém.
Ele dá as costas.
CLOSE-UP em Cody,
encarando seu cartão de identificação.
CENA 10 - EXT. CLÍNICA -
DIA.
A fumaça de cor
amarronzada toma conta do lugar e suas imediações. A
clínica está tombada. Sobraram poucas estruturas de pé.
Bruce surge e observa o
lugar, acabado. Ele observa os arredores, se vira e sai
dali.
FLASHBACK PARA:
CENA 11 - EXT. CLÍNICA –
NOITE (FLASHBACK).
Dos restos da clínica,
na escuridão da noite, uma porta se abre meio ao
entulho. De lá, saem Megan, Lori, Bruce, carregado,
Emily, Ryan e vários doentes, acompanhados de seus
parentes. Eles se abaixam e vão se afastando.
Na FACHADA da clínica,
uma barreira de metal está montada, impedindo que
curiosos vejam os resultados do ataque.
Nos FUNDOS da clínica,
as vítimas saem andando, em direção a uma mata. Um
guarda os ilumina com a lanterna, mas quando vai gritar,
leva, de Lori, uma coronhada na cabeça. Ele cai no chão
e eles continuam a andar, em silêncio.
Megan para por um
instante, olha para a destruição do lugar e deixa cair
uma lágrima de seus olhos.
FIM DO FLASHBACK.
CENA 12 - INT. AP DE
BRUCE/SALA – DIA (DIAS ATUAIS).
Emily, Ryan, Lori e
Megan estão de pé, observando Bruce, inquieto.
BRUCE:
Eu fui até lá. Não há tropas, nada por ali. Parece que
acreditaram que tudo foi destruído.
MEGAN:
Impossível, Bruce. Há poucos corpos. Todos sabiam que
ali estavam mais de vinte pessoas.
EMILY:
Talvez guardassem essa informação com o intuito de
passar para as pessoas que os que estavam ali, Bats que
fossem, estão mortos neste momento.
MEGAN:
Eles não vão aceitar. Terá outro ataque.
LORI:
Não. O exército já mostrou a que veio para todos nós.
Sabemos que são capazes de explodir um prédio, mesmo que
no centro da área.
RYAN:
Isso mataria muitas pessoas.
Tempo.
BRUCE:
Desde que o Cody sumiu, naquela noite, não temos
notícia.
LORI:
Será que ele descobriu os Bats?!
RYAN:
Eles recrutam a noite, em lugares distintos. Cody tinha
o rádio informativo, ilegal...
MEGAN:
Quem é Cody?
EMILY:
Um ex-integrante do nosso grupo. Na noite que o Bruce
desmaiou por causa da meningite, que você e Lori o
socorreram, Bruce o viu fugindo, de malas nas costas.
BRUCE:
Será que teremos que nos juntar aos Bats?
MEGAN (ESPANTO):
Bats? Por que farão isso? Os Bats não são seguros. Junto
deles, podemos correr riscos. O exército não perdoa. Se
os achar, vai matar tudo e todos! (PAUSA) Parecem que
não viveram nada da noite de ontem.
RYAN:
Você não entende.
MEGAN (OLHA PROS LADOS):
Eu dispenso me juntar ao grupo de vocês.
Ela se vira, vai em
direção à porta. Bruce dá alguns passos, vai até ela.
BRUCE:
Megan.
MEGAN (SE VIRA):
Que é? Me desculpe, mas eu não me uniria a um grupo para
ser uma Bat, mas para sobreviver. Vivi todos esses anos
sozinha, mas é melhor estar acompanhada e ter risco de
se salvar, do que fraquejar na primeira falha. Mas,
dessa forma, Bruce, morrer por morrer, não me fará mudar
o que fui desde a noite que esses malditos andarilhos
tiraram tudo o que eu tinha.
LORI:
Deixe-a ir, Bruce. Você não vai implorar, vai?
BRUCE:
Ela salvou minha vida.
MEGAN:
Não se sinta endividado, fiz isso durante toda a minha
vida.
BRUCE:
Eu não vou implorar, mas você realmente não nos entende.
Os Bats tem algo que nos pertence. Cody pode ter ido
para lá. É a chance de nos unirmos, pegar o que eles nos
roubaram e resgatar Cody. Não somos a favor deles,
Megan.
MEGAN:
Eu não sei se devo ficar.
RYAN:
Uma médica, junto de nós, nos garante muitas coisas.
Fique.
Lori encara a tudo,
apreensiva.
LORI:
Você está, mesmo, tomando decisões certas, Bruce?
MEGAN:
É melhor que eu vá embora, Bruce. Você não precisa mais
de mim.
Megan abre a porta e vai
embora. Ryan e Emily permanecem, observando a tudo.
LORI (ALTO):
Por acaso você se esqueceu de que ela queria te
abandonar lá, dentro daquela clínica, e se trancar no
subterrâneo? Se não fosse pelo Ryan e pela Emily...
(EMOCIONADA) Estaríamos no seu velório, no meio daqueles
escombros.
BRUCE (INTOLERANTE):
Não seja tão radical! A Megan é uma boa pessoa. Ela
ajudou a todos aqueles doentes, salvou praticamente
todos eles. Lori, eu sempre estive ao seu lado e você é
meu braço direito. Sabe que uma médica é importante para
nós. Se nos juntarmos aos Bats, será mais um para lutar
conosco.
RYAN:
O Bruce está certo, Lori. Pode ser o melhor para todos.
EMILY:
Lori, não há motivo para impedir que ela fique conosco.
LORI (CONCORDA):
Está certo. (PAUSA) Arquem com as consequências.
Lori abre a porta, sai e
a bate. Todos se encaram.
CENA 13 - EXT. AP/FUNDOS
- DIA.
Lori sentada nas escadas
de saída, interrompendo parcialmente a passagem.
Bruce abre a porta, sai
e se senta ao seu lado.
BRUCE:
O que foi aquilo, lá em cima, hum?!
LORI:
Discurso de alguém que sabe do que fala.
BRUCE:
Tudo bem. O que você sabe, que te faz ter essa raiva da
Megan?
LORI:
Querer deixar uma pessoa morrer, impedindo que a outra o
salve, já não é o bastante? Pior, essa pessoa é você,
Bruce.
BRUCE:
Ela queria proteger a todos, inclusive a você! Eu faria
o mesmo.
LORI:
Você não é ela, Bruce, teria seus motivos. (PAUSA) O
jeito que ela fala dos Bats, aquele discurso que ela
jogou nas nossas caras... Somos todos independentes,
nunca lidamos com os Bats. O exército nos influencia a
ter esse ódio, mas ela tem um discurso muito próprio.
BRUCE:
Você está querendo me dizer que ela fez parte dos Bats e
sabe demais, é isso?
LORI:
Entenda como quiser.
Ela se levanta, abre a
porta e adentra o prédio.
CLOSE-UP em Bruce,
pensativo.
CENA 14 - INT.
HIDRELÉTRICA/SALA SECRETA - DIA.
Várias armas dentro de
uma caixa de papelão. A sala, um pequeno cubículo,
possui um armário em seu canto direito.
Nolan toca as armas, as
observa detalhadamente. A porta é aberta repentinamente
e Trevor entra. Eles trocam olhares.
TREVOR:
São essas, as armas que eu negociei com o Joel?
NOLAN:
Gostou? (SORRI) Ótimo negócio, Trevor. (PAUSA) E o seu
irmãozinho, como está hospedado?
TREVOR (O APONTA O
INDICADOR):
Eu quero você longe dele, ouviu? Não somos amigos,
Nolan, e estamos longe de ser.
NOLAN:
Fica calmo, pequeno negociante... (RISINHO) Você vai
estar no lucro, junto com seu irmão. Sempre.
Trevor o encara, se vira
e sai da sala.
CLOSE-UP nos olhos de
Nolan, encarando a porta.
FADE TO
BLACK.
FADE IN:
CENA 15 - EXT.
HIDRELÉTRICA/GERADOR - DIA.
Em cima da placa de
gerador, está um grupo de dez homens, inclusive Cody,
atirando contra andarilhos, do outro lado da represa, em
terra firme.
O INSTRUTOR, alto,
robusto, 50 e poucos anos, passa por trás de Cody e vê
seu tiro, que acerta em cheio um das dezenas de
andarilhos.
INSTRUTOR:
Ótimo tiro, Cody.
CODY:
Obrigado, Sr. Hurd.
Cody sorri. Uma sirene
começa a tocar.
HURD:
Fim do treinamento. Dispensados para o refeitório.
Todos largam as armas e
se dirigem a uma escada, que dá para a saída do gerador.
Cody resta, junto de Hurd.
CODY:
Sr. Hurd.
HURD:
Sim.
CODY:
Por que nos ensina, ao invés de estar lá fora? Vi que um
helicóptero saiu hoje cedo, com missão em Nova Iorque.
HURD:
Aprenda uma coisa, Cody... Aqui dentro, nem todos são
listados para serem socorristas de possíveis
sobreviventes. Ou, então, assassinos de andarilhos. É
necessário ter sua posição. Ainda vivemos num mundo de
ordens, embora, para metade da população, ela não exista
mais.
Eles se encaram.
CENA 16 - INT.
HIDRELÉTRICA/REFEITÓRIO. TARDE.
Cody e Trevor na mesma
mesa de cenas atrás. Todos com torrada e caneca em mãos.
Conversa para todas as mesas.
Um grupo de TRÊS HOMENS
se levanta e sai dali.
CODY:
Para onde vão, tão rápidos?
TREVOR:
Última missão do dia. Acho que vão para Danbury.
CODY:
Por que essas missões?
TREVOR:
Não é só aqui, em Boston, que pessoas querem se aliar
aos Bats. Tornou-se uma epidemia, Cody.
CODY:
Uma epidemia do bem, certo?
TREVOR:
Com toda certeza.
CODY:
Eu vou indo, quero treinar um pouco mais.
Cody se levanta, pega a
caneca, a qual põe dentro de uma grande bacia verde, e
sai do refeitório.
Trevor põe o último
pedaço de torrada na boca e também se levanta, a trocar
olhares com Nolan numa mesa próxima.
CENA 17 - INT.
HIDRELÉTRICA/GARAGEM - DIA.
Cody, atrás de um
barril, observa o movimento de vários HOMENS, próximos
de um helicóptero, estacionado no meio da extensa
garagem, posicionado para sair.
HOMEM #1:
Cadê o restante? Vamos atrasar.
HOMEM #2:
Não podemos chegar à noite, corremos o risco de sermos
pegos pelos radares.
O grupo que saiu do
refeitório chega à garagem. Cody se ajeita atrás do
barril, agachado, certificando-se de que ninguém o vê.
Os homens #1 e #2 entram
na cabine, outro homem na parte de trás e os outros dois
ficam do lado de fora, a observar várias caixas,
espalhadas pela garagem.
HOMEM #3 (PARA O HOMEM
#4): Pegue o
barril e ponha junto das caixas, dentro do helicóptero.
Cody, ágil, espera que
nenhum dos dois o veja e entra no barril, o fechando por
dentro.
HOMEM #4:
O barril? Para que vamos levá-lo?
O homem #4 se dirige ao
barril, o tomba e o leva em direção ao helicóptero, o
rolando, enquanto o outro cuida das caixas.
Dentro do BARRIL, Cody
está todo encolhido.
CENA 18 - EXT. OCEANO -
TARDE.
O helicóptero sobrevoa o
oceano em direção reta.
Dentro do HELICÓPTERO,
os homens conversam com seus respectivos fones e
microfones; dão risadas.
CLOSE-UP no barril,
tombado, atrás dos bancos. Uma flecha nele. A entrada de
ar.
CENA 19 - EXT. CAMPO DE
FUTEBOL - TARDE.
Uma fila de pessoas
esperam pelo helicóptero.
CÂMERA sobrevoa de cima
para mostrar, escrito com tinta vermelha, no gramado, as
letras "S.O.S".
O helicóptero pousa e os
homens soltam, abraçando as pessoas.
No entorno do campo, as
grades impedem diversos andarilhos de entrarem.
Os homens formam uma
corrente e passam, um a um, as caixas, até chegar às
pessoas. Por fim, o barril é entregue.
O homem #1 se aproxima
de uma SENHORA, a primeira da fila.
HOMEM #1:
Sou o chefe da missão. Scott. Colocamos cobertores e
travesseiros dentro das caixas. Os Bats apoiam a
sobrevivência de vocês. (APERTA AS MÃOS DELA) Estamos
juntos.
SENHORA (EMOCIONADA):
Eu não sei como agradecer. Graças a vocês, teremos
suprimentos.
SCOTT (ÁGIL):
Preciso ir. Fique bem.
O restante dos homens já
está de volta ao helicóptero. Scott se vira e corre até
o veículo, onde entra na cabine do piloto.
As hélices giram.
Os sobreviventes dão
adeus.
O helicóptero parte.
CENA 20 - INT.
HELICÓPTERO - TARDE.
Cody, agora sem o
barril, deitado, atrás das poltronas, em silêncio.
Seus olhos, radiantes,
observam tudo.
De repente, OUVE-SE um
apito contínuo, da cabine do piloto.
HOMEM #3:
O que está havendo, Scott?
SCOTT (DA CABINE):
Parece que a gasolina está... Oh, Deus. A gasolina está
escapando.
HOMEM #5 (ASSUSTADO):
Escapando?!
SCOTT:
Estou perdendo o controle, estou perdendo/
CENA 21 - EXT. MATA -
TARDE.
O helicóptero está a
ponto de perder o controle. Inicia-se pouso forçado, no
meio de uma grande área desflorestada, mas cercada por
uma densa mata.
O helicóptero enfim bate
em terra firme e as hélices dão um grande estouro.
Os homens saem do
helicóptero, assustados.
SCOTT (MÃOS NA CABEÇA):
Eu não entendo como aconteceu!
HOMEM #4:
Onde estamos? E agora, como vamos sair daqui?
SCOTT:
Estávamos a poucos quilômetros da hidrelétrica. Talvez
consigamos ir até lá a pé e chamar ajuda para consertar
o helicóptero.
Dentro do HELICÓPTERO,
CLOSE-UP em Cody, assustado.
HOMEM #3:
Vamos fazer isso.
HOMEM #2:
Antes que escureça mais ainda. Vamos logo!
Os cinco adentram a
mata. Cody sai do helicóptero e olha pros lados.
CODY:
E agora, o que eu faço?
Cody olha pros lados,
vai até a CABINE, vasculha o que dá e acha um binóculo.
Ele sai da cabine e, com o objeto nos olhos, observa a
área.
POV DE CODY - Ele vê uma
leve fumaça, em um ponto distante, saindo da mata.
Sai do POV; Cody retira
o objeto do rosto.
CODY (RADIANTE):
Isso, achei! Fogo. Só podem ser os Bats.
Ele joga o binóculo no
chão e corre na direção da fumaça.
CENA 22 - EXT. MATA -
NOITE.
Cody corre pela mata a
fora. A fumaça que vem do fogo já atinge seus olhos, o
forçando a tapá-los.
Mais a frente, há
iluminação.
Cody se aproxima e se
esconde atrás de uma árvore.
Logo a sua frente, vê-se
a origem do fogaréu: uma extensa fogueira. DOIS CAPANGAS
em pé, por ali.
Estirado num poste,
preso com uma corda, chorando, está o instrutor de Cody,
HURD.
HURD
(V.O.):
Aprenda uma coisa, Cody... Aqui dentro, nem todos são
listados para serem socorristas de possíveis
sobreviventes. Ou, então, assassinos de andarilhos. É
necessário ter sua posição. Ainda vivemos num mundo de
ordens, embora, para metade da população, ela não exista
mais.
Surge, de costas, na
escuridão, portando uma arma, Nolan. Seu rosto é
descoberto pela luz do fogo. Com um sorriso no rosto,
ele aponta o objeto para o instrutor.
Sem hesitar, Nolan
pressiona o gatilho duas vezes, acertando-o em cheio.
O sangue de Hurd escorre
pelo poste.
Atrás da árvore, Cody
assiste a tudo. CLOSE-UP nele.
ABRUPTAMENTE, IMAGEM
FECHA EM PRETO.
FADE IN:
CENA 23 - EXT.
ESTRADA/BARRICADA - NOITE.
Abre em uma espingarda,
mirando os homens do helicóptero, chegando, correndo, à
BARRICADA que dá acesso à hidrelétrica, com as mãos pro
alto.
Tal proteção trata-se de
uma longa placa de metal com portão, de onde, em sua
superfície, dois atiradores miram para as imediações do
lugar. O mesmo é iluminado por dois holofotes, presos a
hastes, altas.
ATIRADOR #1:
Scott? O que fazem aí fora? O helicóptero?!
SCOTT (AFOITO):
O perdemos. Abra o portão. Precisamos entrar.
Um atirador balança a
cabeça positivamente e desce da barricada.
Uma aglomeração de
ANDARILHOS se aproxima pela rua contrária.
Os homens se amontoam em
direção ao grande portão. Scott o dá algumas pancadas.
Aflitos, eles olham pros lados e gritam.
HOMEM #3:
Abram logo, por favor. (BERRA) Tem andarilhos e estão se
aproximando.
ATIRADOR #2 (O.S.):
Esperem! A maldita está emperrada!
SCOTT:
Merda, merda, merda!!!
Os andarilhos se
aproximam. Suas fisionomias são péssimas e vestem roupas
imundas.
HOMEM #3:
Não vai dar tempo. Abram a droga do portão!!!
SCOTT:
Vamos ter que atirar... Vamos.
Então, eles passam a
atirar nos ANDARILHOS, mas acabam os atraindo cada vez
mais para eles.
O portão começa a ser
aberto.
O homem #2 se aproxima,
tenta dar uma coronhada na cabeça do andarilho mais
próximo, mas erra e o mesmo abocanha seu pescoço, o
cortando ao meio. Ele berra, mas já é tarde demais: o
grupo de andarilhos já o come vivo.
SCOTT:
Oh, meu Deus. Phill!!!
Não há tempo para olhar
pra trás e o portão já está aberto pela metade.
Os homens ENTRAM --
Scott, impactado.
O portão é fechado pelo
atirador #2. Quando está prestes a bater, um andarilho
põe o braço ali e o portão o corta ao meio, lançando-o
ao chão, cercado por uma poça de sangue.
FADE OUT.
FADE IN:
CENA 24 -
EXT. MATA -
NOITE.
O tênis de Cody se choca
contra o matagal verde que ele pisa e ecoa entre as
extensas árvores. Sua respiração ofegante alterna com
seus batimentos acelerados.
Mais na frente, há uma
placa grande, no meio da mata, com o letreiro 'ATENÇÃO'.
Cody ultrapassa o
letreiro e se depara com o asfalto de uma ESTRADA, onde
desemboca o matagal. Ele se dirige ao meio da pista e
olha pros lados.
No chão, um corpo
apodrecido.
Ele olha pros lados,
encara o nada e vê uma placa, no acostamento à direita,
com o informativo: "HIDRELÉTRICA HAMPTONS 3KM NORTE".
Cody olha pro céu
estrelado, arregala os olhos.
CODY
(V.O.):
Não acredito que estou aqui, com você, meu irmão.
TREVOR
(V.O.): Eu
também não. Valeu a pena cada dia lá, em Nova Iorque, a
passos da morte. Eu me arrisquei para esse momento estar
acontecendo, Cody. Nos salvamos.
FLASHBACK – Nolan mata
Hurd.
Cody, escondido atrás de
uma árvore, assiste Nolan matar Hurd com dois tiros.
FIM DO FLASHBACK.
Cody segue em direção à
hidrelétrica. ZOOM-IN em seus olhos: determinação.
CENA 25 - INT.
HIDRELÉTRICA/SALA DE NOLAN - NOITE.
O lugar, iluminado, é
simples, ordenado em uma mesa, cadeiras e um armário de
madeira.
Nolan escancara a porta
e entra, vasculhando os papéis que estão sobre a mesa.
Não encontra o que quer e joga tudo no chão.
Trevor entra na sala e
agarra Nolan pelo colarinho, o prensando contra a mesa.
TREVOR:
O que você fez com ele? Hum? Diz, seu desgraçado!
NOLAN (TENTANDO SE
SOLTAR): Do
que você tá falando? Me solta, Trevor, está louco?
TREVOR (BERRA):
Fala o que você fez com o Cody. Ele sumiu, não está em
lugar nenhum. O único que poderia tê-lo visto e feito
algo contra ele é você, Nolan.
Nolan se solta, dá um
empurrão em Trevor.
NOLAN:
Me solta, seu merda! Você pensa que pode falar desse
jeito comigo? Eu não sei e nem tenho tempo para discutir
sobre as pirraças de uma criança.
TREVOR (EM FÚRIA):
Você não mente para mim, Nolan. Eu vou achá-lo. Mas se
isso não acontecer, você vai pagar caro, muito caro,
Nolan!
NOLAN:
Por acaso é uma ameaça? (RI) Qual objetivo eu teria com
uma criança, recém saída das fraldas? (SÉRIO) Saia
daqui, Trevor, ou vai se arrepender!
TREVOR:
Você não perde em esperar.
Trevor dá as costas e
sai da sala, avoado.
Nolan se apoia na mesa e
dá uma longa respirada. Scott ENTRA na sala.
SCOTT:
Recuperamos o helicóptero, Nolan, já está na garagem.
Nolan se vira e encara
Scott. Aproxima-se.
NOLAN:
Você é diretor para mandar e fazer coisas certas. Se
permanecer fazendo merda, eu vou te isolar desse cargo
e, aqui dentro, você será um simples lixeiro em
declínio. (ALTO) Eu quero esse helicóptero pronto até
amanhã.
SCOTT:
Nolan, não tive culpa.
NOLAN:
Perder um dos nossos homens, treinado, qualificado,
quase atolar meu helicóptero e quebrar uma de suas
hélices, realmente, não é culpa. Eu quero tudo nos
conformes, caso contrário, você vai ter, pelo menos uma
vez nessa sua vida de merda, o desprazer de estar vivo.
Agora saia daqui e veja se não quebra mais nada.
Scott o encara, se vira
e sai da sala. Nolan, sério.
VOZ (V.O.):
Todos os geradores serão desativados em instantes.
Dirijam-se aos seus respectivos dormitórios. (PAUSA)
Todos os geradores serão desativados em instantes.
Dirijam-se aos seus respectivos dormitórios.
Depois de alguns
segundos, instantaneamente, todas as luzes do ambiente,
assim como a do corredor, são apagadas.
Um feixe de luz invade a
tela - trata-se de uma vela, dentro de um copo de vidro,
nas mãos de Nolan, que se dirige à saída da sala com um
olhar tenebroso. CÂMERA sobra-se a um quadro, estirado
na parede, com uma foto dele, sorridente.
CENA 26 - EXT.
ESTRADA/BARRICADA - NOITE.
Cody, atrás de uma
árvore, a alguns metros da barricada, observa os homens,
com as armas em posse, apontando em direção a quatro
andarilhos, do lado de fora, vagando.
ATIRADOR #1:
Tiro ao alvo. Parte... um...
Este mira em um dos
andarilhos que rasteja pelo chão, frente à barricada, e
explode sua cabeça.
As risadas dos
atiradores ecoam pela MATA próxima, onde Cody, em passos
lentos, caminha.
ATIRADOR #2:
Mais uma, em?
Há outro andarilho mais
a frente. Seus passos seus lentos, seus olhos vermelhos
encaram os atiradores. O tiro certeiro do atirador #2 o
mata e o faz cair no chão, ensanguentado. Os homens
riem, enquanto recarregam as armas.
Finalmente, o atirador
#1 dá mais um tiro - mais um andarilho no chão. Resta
um, cambaleando. Mas uma sirene toca no fundo.
ATIRADOR #2 (AO
ANDARILHO QUE RESTOU):
Deixa esse bônus pro próximo turno. (RISOS; AO PARCEIRO)
Não via a hora de essa maldita sirene tocar. Preciso
dormir, to morto!
ATIRADOR #1:
Sorte a sua. Estar morto é estar mais vivo do que
nunca...
Eles riem, sacam as
armas e saem da barricada.
CLOSE-UP no andarilho
que sobrou. Um pedaço de madeira o acerta e ele cai no
chão, morto. A madeira é jogada ao seu lado.
CÂMERA ABRE para revelar
que quem o matou foi Cody, que agora anda em direção a
uma árvore, próxima a barricada.
Cody se prende à árvore
e a escala, devagar, se contendo e liberando toda força
possível. Seu rosto, já vermelho, olha pro lado e vê que
falta pouco para a extremidade da barricada.
Ele se apoia em um galho
grosso e consegue se pendurar até a ponta do mesmo,
enquanto prende os pés no caule da árvore. Nesse
instante, Cody se vira e, encarando a barricada, retira
os pés do caule, se balança no galho, prestes a
arrebentar, e se joga na barricada, onde se segura.
Suas mãos estão firmes
na placa de metal, no topo da barricada. Por fim, ele
consegue sustentar o cotovelo e impulsionar o corpo para
cima, conseguindo a ultrapassar e chegar ao outro lado.
CENA 27 - EXT.
HIDRELÉTRICA/DEPÓSITO DOS BATS - NOITE.
As BATIDAS do coração,
mais que acelerado.
Começam vozes no fundo,
alguém se aproxima. Cody desce as escadas e chega ao
chão -- vê umas caixas e se esconde atrás delas. Este
lugar, próximo da hidrelétrica, é como um depósito: um
amplo lugar, com diversas caixas, estoques, armas e
passagens para o interior da hidrelétrica.
As vozes são de DOIS
ATIRADORES do turno, rindo. Eles se aproximam e sobem as
escadas por onde Cody desceu, pegando as armas e
apontando para fora da barricada.
ATIRADOR #3 (O.S.):
Vamos ter trabalho hoje?
ATIRADOR #4 (O.S;
RISOS): Vou
deixar esses malditos fazerem a festinha deles e vou
dormir...
Cody se levanta no
sussurro e adentra o lugar em passos lentos.
CENA 28 - EXT. BECO -
NOITE.
Nolan na frente de uma
camionete, de faróis ligados, iluminando umas sete
pessoas, dispostas pelo beco, atentas as falas de Nolan.
NOLAN:
Eu sou um Bat, sou o líder de todos eles. Meu nome é
Nolan. (T) Pra onde vamos, não importa o caminho, não
importa nada, apenas que servirão à paz e à justiça.
Vamos lutar contra o exército. (T) Serão acomodados e
logo terão de escolher uma tarefa para cumprirem
diariamente. (T) Sejam bem vindos aos Bats.
Todos sorriem, se
aproximam em silêncio da camionete, cumprimentam Nolan e
sobem na caçamba, se acomodando, um ao lado do outro.
Uma das mulheres encara Nolan.
MULHER:
E quanto ao exército, não vão nos ver saindo?
NOLAN:
Estará em segurança. Daqui pra frente.
A mulher sorri,
agraciada, e sobe na camionete com a ajuda dele.
A fila continua a andar.
Chegam, então, correndo,
adentrando o beco, no maior barulho, Bruce, Lori, Emily
e Ryan - cada um com uma mochila/mala. Nolan saca a arma
e os aponta. Aproxima-se.
NOLAN:
Quem são vocês?
O grupo levanta as mãos.
BRUCE (ÁGIL):
Queremos ir, viemos para isso. Não temos uma rádio
pirata, descobrimos por conta própria que estariam
recolhendo.
NOLAN:
Ordens são expostas e devem ser cumpridas. Prevejo que,
se não têm uma rádio, não se interessam, realmente,
pelos Bats.
LORI:
Nós imploramos. Deixe-nos se juntar a vocês.
RYAN:
Por favor.
NOLAN (ABAIXA A ARMA):
Por que os Bats?
BRUCE:
Temos certeza que seremos salvos. De mortos-vivos e de
inimigos.
NOLAN:
E quem seria o inimigo de um grupo tão sadio?
LORI:
Não/
Bruce intervém.
BRUCE:
O exército, é claro.
Nisso, surge Megan, com
uma mochila nas costas, apressada.
MEGAN:
Desculpem-me.
BRUCE:
Megan?
NOLAN:
Mais uma pro grupo? (T) Rejeito.
Nolan se vira. Megan dá
um passo à frente.
MEGAN:
Por favor, precisa nos deixar ir.
Nolan se vira para eles,
novamente, os observa. Os que já adentraram a caçamba
prestam atenção.
NOLAN:
E que garantia eu tenho de que pessoas sem horário,
irresponsáveis e que nos fazem correr risco com todo
esse movimento e barulho, serão úteis?
BRUCE:
A minha garantia. Eu lhe dou minha palavra.
Nolan o observa de cima
em baixo e solta uma risadinha.
NOLAN:
Pois bem, entrem, se resolvam.
Bruce e seu grupo se
dirigem à caçamba, sobem-na. Nolan abre a porta do
carona e entra. Bruce, na ponta, fecha a porta da
caçamba.
MÚSICA ON – Devil May
Cry, por The Weeknd.
Os faróis são desligados
e o carro parte.
PLANO GERAL do beco. O
carro se distancia.
Na rua contrária, um
TANQUE do exército passa, fazendo a ronda pela rua, mas
a camionete já está longe.
FADE TO
BLACK.
FADE IN:
CENA 29 - EXT.
ESTRADA/BARRICADA - NOITE.
A camionete para frente
à barricada, onde o portão se abre e o veículo adentra.
O portão se fecha.
CÂMERA vai buscar o
letreiro: "HIDRELÉTRICA HAMPTONS", seguido de "ABERTO À
VISITAÇÃO".
MÚSICA OFF.
CENA 30 - INT.
HIDRELÉTRICA/SALA - NOITE.
Nolan abre uma porta e
todos os que estavam na camionete entram na sala.
Colchonetes espalhados,
uma cabine de banheiro, com porta, janelas lacradas,
silêncio.
BRUCE:
Ficaremos aqui?
NOLAN:
Sim. Nenhuma sala das imediações possui luz. A cortamos
para poupar.
LORI:
E por que não usam a água da hidrelétrica; a colocam
para funcionar?
NOLAN:
Não é um assunto seu, por enquanto. (T) Nesta sala,
ficarão acomodados. Amanhã, eu os darei as regras e os
apresentarei todas as salas. (T) Esta sala estará
trancada para a segurança de todos. As luzes serão
desligadas em trinta minutos. Tenham uma boa noite. (T)
Livres de mortos-vivos.
Nolan sorri, sai da sala
e a tranca por fora. As pessoas começam a se arrumar
para dormir. CLOSE-UP em Bruce.
BRUCE (P/ LORI -
IMITANDO NOLAN):
Tenham uma boa noite. (VOLTA A VOZ) Boa noite?
Trancados, aqui, nessa sala?
MEGAN:
Não podemos fazer nada. Lembre-se Bruce, estamos aqui
pelas armas.
Lori vira o rosto,
prefere não encarar Megan.
BRUCE:
Bom ter você aqui, conosco.
MEGAN:
Eu pensei em tudo o que conversamos. Quando vi sua
carta, de que partiriam a noite, decidi fazer o mesmo.
LORI:
É ótimo que tenha vindo,
Megan. Creio que já conheça o lugar... (PAUSA) Mais do
que ninguém.
Lori a encara e se
dirige a seu colchão. Emily já se arruma para se deitar,
assim como Ryan.
Megan se afasta. Bruce
observa a todos.
CENA 31 - INT.
HIDRELÉTRICA/DORMITÓRIO MASC. - NOITE.
CÂMERA abre na placa:
"DORMITÓRIO MASCULINO 1" e, em seguida, revela uma
grande sala. Colchões espalhados pelo chão, uma janela
grande, tapada por madeiras, entre outros, são os
arredores de mais de vinte pessoas, que dormem
espalhadas, em amplo silêncio.
Uma sombra invade o
dormitório, ofegante.
É Cody.
FLASHBACK –
Nolan mata Hurd.
Cody, escondido atrás de
uma árvore, assiste Nolan matar Hurd com dois tiros.
FIM DO FLASHBACK.
Trevor acorda no susto.
Cody, agora, em sua frente.
TREVOR (SUSSURRA):
Cody, onde você estava? Eu te procurei a noite
inteira!(PAUSA) Oh, Deus...
CODY (IDEM; OFEGANTE):
Está tudo bem comigo, Trevor, mas eu preciso sair daqui,
junto de você, (T) agora.
Cody respira fundo,
ainda ofegante. CLOSE-UP ALTERNADO.
CODY:
Eu vi o Nolan, ele...
TREVOR:
O que aquele desgraçado fez com você?
CODY:
Comigo, nada, mas com o Hurt/
TREVOR (DESCONHECE):
Hurt?
CODY:
Meu instrutor. O Nolan... O Nolan o matou.
TREVOR:
Cody, o que você está dizendo? Onde você viu isso?
CODY:
Na floresta.
TREVOR:
Você saiu da hidrelétrica?!
CODY:
Nós precisamos sair daqui agora, Trevor, estamos
correndo perigo de vida. Nós e todas essas pessoas.
TREVOR:
Não podemos, Cody. Você deve estar enganado.
CODY (ATROPELANDO AS
PALAVRAS):
Está querendo que eu acredite no quê? Que ele tem um
irmão gêmeo? Ele matou o Hurt, friamente, junto dos
capangas dele, no meio da mata! Trevor, você estudou os
Bats um ano, mas não estudou o Nolan. Ele não é o que
parece, ele quer matar a todos.
TREVOR:
Tudo bem, vamos sair daqui. (T) Vai dar tudo certo.
Trevor retira o cobertor
e se levanta, calçando um chinelo, próximo ao colchão.
Cody se aproxima da
porta, olha pros lados.
Trevor ainda pega alguma
coisa sobre o seu colchão.
Cody certifica o
corredor e o manda vir -- Trevor se aproxima, mas,
quando Cody se vira para ele, leva uma coronhada na
cabeça. Trevor coloca a arma na cintura e o encara,
caído no chão.
TREVOR (TRÊMULO):
Eu sinto muito, irmão.
CENA 32 - INT.
HIDRELÉTRICA/SALA SECRETA - NOITE.
A sala escura obriga
Nolan a segurar um copo de vidro, com uma vela dentro.
O lugar é uma espécie de
manicômio. No meio, há uma maca. Nolan a ilumina. Sobre
ela, há uma pessoa, deitada, coberta por um lençol
branco.
NOLAN (SUSSURRA):
Minha
preciosidade...
Nolan retira o lençol e
a CÂMERA revela o rosto da pessoa: trata-se de um
MENINO, 11 anos aproximadamente, portador da síndrome de
Down, cabelos lisos, castanhos, em sono profundo. Nolan
cata um de seus braços e observa uma MORDIDA DE
ANDARILHO. No entanto, diferente de outras, esta tem
aparência clara, como se estivesse sarada. Nolan ajeita
os braços do menino na maca e tapa seu rosto com o
lençol. Seus olhos, iluminados pela luz da vela, fitam o
corpo e ele se afasta.
FADE OUT. |
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