FADE IN:
CENA 10. INT. CASA DE
BRUCE/COZINHA - NOITE.
Uma mochila bate contra
a mesa de madeira do pequeno cômodo, com pouca
iluminação.
Bruce pega mantimentos;
facas, sobre a bancada, ao lado de um fogão, e guarda
tudo dentro da mochila, rapidamente. Cercando-o, está
Susan, lágrimas nos olhos, aflita.
SUSAN:
O que está acontecendo? Você precisa me dizer, pai!
BRUCE:
Já te disse para confiar em mim, Susan.
SUSAN:
A minha mãe está morta! (GRITA) Morta! Tem sirenes,
carros de polícia, lá fora!
BRUCE (BERRA):
Susan, basta! Eu sei que está tudo muito confuso. Pra
mim também. Eu sei que a sua mãe/ (TEMPO; EMOÇÃO) Nós a
amávamos, querida. Eu sei disso. Mas se ficarmos lá em
cima, chorando, os próximos seremos nós.
SUSAN:
Eu não quero morrer, pai. O que quer que seja, peça que
parem. Por favor...
BRUCE:
Eu gostaria que me acatassem, mas eu não posso. É tarde
demais.
Ouvem-se BATIDAS fortes
na porta.
JACK (O.S; BERRANDO):
Bruce? Onde você está? Vamos! Não podemos perder tempo!
Bruce pega Susan pela
mão e eles saem correndo, em direção à sala.
SUSAN (O.S.):
Pra onde estamos indo?
BRUCE (O.S.):
Eu não sei, Susan. Vamos embora daqui.
CENA 11. EXT. CASA DE
BRUCE - NOITE.
Jack, 40 e poucos anos,
cordões no pescoço, barbudo, cabelos pretos, pele clara,
forte, está ao lado de uma camionete, estacionada na
frente da casa.
JACK (IRRITADO):
Bruce, por que não me atendeu ontem? Poderíamos ter
solucionado essa viagem antes desse caos. Acabou, todos
estamos ferrados!
BRUCE:
O que quer que eu faça, Jack? A Regina está morta!
JACK (ESPANTA):
Morta?
BRUCE:
Agora, entra no carro e vamos embora daqui!
Jack obedece. Bruce abre
a porta traseira da camionete, Susan ENTRA, ele fecha,
abre a porta do carona, ENTRA e Jack arranca.
PLANO GERAL da casa,
típica de classe média.
MONTAGEM - O caos,
espalhado pela cidade.
A) Pessoas correm,
desesperadas, pelas ruas fumarentas;
B) A polícia divide as
pistas com os bombeiros;
C) Uma casa entra em
chamas.
FIM DA MONTAGEM.
CENA 12. INT. CAMIONETE
DE JACK - NOITE.
BRUCE:
Eu ainda não acredito que aconteceu, Jack.
JACK:
Essas pessoas estão se transformando cada vez mais
rápido, Bruce. Não tem explicação!
BRUCE:
Claro que tem. E você sabe qual é. Essas pessoas são
mordidas e em menos de duas horas viram essas coisas.
JACK:
Para onde vamos?
SUSAN:
Para a casa da vovó! Vamos, pai, por favor!
Jack olha para Susan
pelo retrovisor interno, desvia o olhar, encara Bruce.
BRUCE:
Não podemos, Susan.
SUSAN:
Por quê?
JACK:
Vamos para o Centro de Controle de Doenças. É a única
saída neste momento.
SUSAN:
CDC? É longe e não vão nos abrigar lá. (PAUSA; EMOÇÃO)
Essas pessoas/
Pela janela, Susan vê
uma família chorando, sentados na calçada, frente a uma
linda casa.
SUSAN:
Vocês sabem o que está havendo. Me digam!
BRUCE:
Susan, já chega! Não vê a situação? Essas pessoas estão
se transformando. (T) Talvez uma praga de Deus contra
pecadores.
JACK:
Oh, merda. Olhe isso, Bruce.
A PISTA que leva à PONTE
está totalmente congestionada.
JACK (SOCA O VOLANTE):
Droga! Só chegamos ao CDC se atravessarmos a ponte.
Parece que toda essa gente teve a mesma ideia que nós.
SUSAN:
Como se não fosse tão óbvia.
BRUCE (REPREENDE):
Susan, não fale assim com seu tio!
JACK:
Se é que vamos conseguir chegar lá, pode ser que já
esteja lotado e restemos a essas... A essas criaturas.
No CARRO DA FRENTE, Jack
observa uma movimentação. A porta do carro é escancarada
e mais uma daquelas criaturas SAI de lá, em direção ao
carro de Jack.
JACK:
Filho da puta!
SUSAN (GRITA):
Tio Jack, corre!
BRUCE:
Deus!
Jack dá ré, invade a
pista contramão e SAI dali avoado.
Todos ofegantes.
BRUCE:
Essa foi por pouco.
JACK (EXALTADO):
E agora? Isso não podia ter acontecido. Para onde vamos?
SUSAN:
Para o hospital? Talvez tenham alguma saída.
JACK:
Hospital? O que acha Bruce?
BRUCE:
Precisamos sobreviver. Essas coisas vão nos matar se
dermos bobeira. Vamos até lá. Pode ser que consigamos
abrigo.
Susan observa um carro
de polícia passar avoado na PISTA contrária. Cai uma
lágrima de seus olhos.
CORTE DESCONTÍNUO:
Jack dirige por uma RUA.
Pessoas correm, outras choram. Veem-se as criaturas,
soltas - uma pior que a outra -, pelas calçadas.
Susan as encara através
do vidro.
De repente, uma dessas
surge no meio da vista do PARA-BRISA.
BRUCE (ALTO):
Cuidado, Jack!
Mas ele desvia
rapidamente.
JACK (OFEGANTE):
Merda de demônios!
Quase que causo um estrago.
Jack olha para a
esquerda e o farol forte, de um carro, cada vez mais
intenso, atinge seus olhos. Num ato súbito, ele solta o
volante e os tapa com os braços. Todos berram. O carro
desgovernado preenche a tela e bate contra a camionete.
FADE OUT.
FADE IN:
CENA 13.
EXT. RUA - NOITE.
O carro desgovernado se
chocou contra a parede. A camionete está toda ferrada,
capotada no chão. Alguém soca a janela, do último, com
os pés. É Bruce, tentando sair.
BRUCE:
Meu Deus. (REPARA UM RASTRO LÍQUIDO) É gasolina! (P/
DENTRO DO CARRO) Susan, Jack?!
Susan está presa entre
as ferragens do banco. Ele a observa, tenta esticar as
mãos até suas pernas, mas não as alcança.
BRUCE:
Susan, acorda, por favor!
(ALTO) Oh, não...
A lateral esquerda do
carro começa a pegar fogo. Bruce encara a arma, que
antes estava em sua cintura, do outro lado do veículo.
Ele SAI do carro
definitivamente e anda em passos lentos para trás,
observando Susan e Jack, desmaiados.
BRUCE (BERRA):
Susan! Susan, minha menininha...
O carro entra em chamas
e explode, jogando Bruce no chão.
Nesse momento, uma
criatura se aproxima dele, mas quando vai atacá-lo, um
TIRO é escutado. A mesma cai, morta, e ele estica o
pescoço na direção do tiro, onde vê um MENINO negro,
pequeno, com uma arma em mãos, próximo a um BECO. O
encara. O menino faz sinal.
Bruce se levanta e
observa o carro. Uma lágrima cai de seus olhos.
Ao redor, as pessoas
correm e gritam por todos os lados. Ele cambaleia,
enquanto troca olhares com o menino, e se aproxima do
carro em chamas. Cai de joelhos no chão e rasteja. Ele
berra o nome de “SUSAN”. E está prestes a se jogar nas
chamas...
É quando o menino chega,
correndo, e o puxa. Ele cambaleia pra trás, se levanta;
encara o menino, vertiginoso.
BRUCE (BERRA):
Quem é você? O que você quer?
MENINO (IDEM):
Apenas me siga. Vamos!
CENA 14. EXT. TERRENO
ABANDONADO - NOITE.
O menino observa o lugar
de terra barrenta, iluminado por poucos postes de luz, e
aponta, enquanto encara Bruce, para um bueiro, próximo
ao chão.
MENINO:
Tá vendo aquele bueiro?
BRUCE:
O que tem ele?
MENINO:
É a única saída de Connecticut. Vai te deixar numa
estrada, que te leva a Boston. Não devem ter andarilhos
lá. Poucos atravessaram a ponte.
BRUCE:
Andarilhos?
MENINO:
Essas coisas que estão matando a todos. Vi num filme,
são zumbis.
Bruce o encara,
pensativo.
MENINO:
Ande logo! Quer ser pego? Entre no bueiro.
BRUCE:
Você não vem?
MENINO:
Ainda tenho que fazer sobreviventes. Prometi para a arma
do meu pai. (MOSTRA O OBJETO EM MÃOS; T) Sinto muito não
ter uma arma para te dar. Espero que fique bem.
O menino olha pros lados
e sai correndo.
CLOSE em Bruce,
assustado com tudo o que ouviu. De repente, algo o
ilumina por trás.
MILITAR (O.S.):
Ei, você?!
Bruce se vira e vê um
MILITAR, com a lanterna presa à farda, apontando uma
arma para ele.
MILITAR:
O que faz aqui? É restrito. O exército está no controle
dessa região.
BRUCE (MÃOS PRO ALTO):
Olha, eu não estou infectado, juro. Eu só preciso entrar
nesse bueiro e sair da cidade. Por favor.
MILITAR (OBSERVA O
BUEIRO): Eu
recebo ordens. Sinto muito.
O militar mira e atira.
Bruce se abaixa no exato momento e sai correndo. Sem
perder tempo, pula em cima dele, pega a arma e, com a
ponta da mesma, lhe dá uma coronhada, levando-o ao
desmaio.
BRUCE (O OLHA):
Eu não queria fazer isso.
Ele olha pros lados,
ofegante. Sem descansar, se levanta, seguindo rumo ao
bueiro.
CENA 15. EXT. ESTRADA -
DIA.
MÚSICA ON –
Instrumental.
Bruce caminha por uma
estrada pacata, suado, fadigado.
VOZ #1 (V.O.):
O número de mortes confirmadas, na última semana, foi de
200 vítimas do vírus, que continua se alastrando.
VOZ #2 (V.O.):
"São centenas de corpos na frente das prefeituras dos
distritos. Não sei o que fazer".
VOZ #3 (V.O.):
Da cúpula do exército, revela-se que os últimos dados da
OMS comprovam a não eficácia da vacina, divulgada, no
mês passado, à população sobrevivente.
Até que ele se depara
com uma placa: BEM-VINDOS A BOSTON.
VOZ #4 (V.O.):
Los Angeles entrou, na última Terça-feira, em lei
marcial.
VOZ #5 (V.O.):
As rebeliões pela falta de comida continuam. Os
exércitos prometeram não ficar parados. O grupo dos Bats
alegou responsabilidade pelos últimos cinco ataques.
VOZ #6 (V.O.):
Três Bats foram mortos em praça pública. Não se sabe
suas origens.
MÚSICA OFF.
FADE OUT.
VOZ #7 (V.O.):
Você ainda pode se juntar a nós. Estamos espalhados,
esperando por você. (PAUSA) Lembre-se: quando estiver na
escuridão, procure quem vive nela, procure os Bats.
Acredite em nós.
LEGENDA - Boston, 10
anos depois.
FADE IN:
CENA 16. INT. AP DE
BRUCE - DIA.
No ambiente, com a pouca
claridade vinda da janela, cercada por três pedaços de
madeira, Bruce dá um pulo do colchão e busca ar,
desesperado. Dá um tempo e se acalma.
BRUCE:
Mais um daqueles malditos pesadelos.
Alguém bate na porta.
Ele atenta-se, se levanta e vai em direção à porta,
próxima a uma janela, de onde a claridade entra para nos
revelar um Bruce MAIS VELHO, de cabelo e barba BRANCOS.
Ele retira os trincos da
porta e a abre. Uma MULHER, 40 anos, alta, branca, loira,
cabelos curtos, ENTRA. Bruce bate a porta e a tranca.
PLANO GERAL do ambiente:
uma minicozinha (portando fogão, geladeira e uma pia, em
forma de cotovelo) e a sala, se integram.
MULHER:
Como foi sua manhã?
Sobre a mesa, há uma
garrafa de uísque. Ela pega um copo sobre a pia e o
enche da bebida.
MULHER:
Me acompanha?/
BRUCE (POR CIMA):
Onde esteve enquanto eu dormia, Lori?
Ela engole metade do que
se serviu, coloca o copo sobre a mesa e encara Bruce.
LORI:
Segundo distrito. Nós precisávamos daqueles tíquetes
alimentação.
BRUCE (NERVOSO):
Disse bem: nós precisávamos. Por que não me esperou?
Poderiam ter morrido lá, nunca se sabe. (T) Aquele lugar
é perigoso.
LORI:
Se acordássemos você para pedir autorização, não nos
deixaria. E, Bruce, estou intacta. (MÃOS SOBRE A TESTA)
Quer dizer...
Ele se dirige a um
freezer, abre, pega um gelo, põe sobre um pano de prato,
enrola e a entrega. Lori coloca sobre um ferimento
avermelhado, na testa.
BRUCE:
Não importa se foi apenas uma ferida, poderia ser pior.
LORI:
Pelo o que eu saiba, você queria ficar sozinho, não
lembra?
BRUCE:
Não justifica.
Silêncio.
BRUCE:
Bom, então me deixa adivinhar... Deu merda na fuga e não
conseguiram trazer os tíquetes. Estou certo?
LORI (RI):
Deixa de ser negativo, Bruce. Não deu merda nenhuma.
Pegamos os tíquetes, que, como disse, estavam espalhados
por bares, bolsos de andarilhos, e voltamos, como você
mesmo havia planejado.
BRUCE:
Não foram vistos?
LORI:
Desde que o governo abandonou os distritos de Boston,
aquilo está deserto.
BRUCE:
E com quem estão os tíquetes?
LORI:
Deixei com Cody. Ele vai entregar à Emily.
BRUCE:
Se não fossem esses tíquetes, morreríamos de fome esse
mês.
LORI (SORRI):
Graças a mim.
BRUCE (RESMUNGA):
A você... (SE APROXIMA) Me dê isso aqui.
Ela lhe entrega o pano
de prato com gelo e ele pressiona contra o ferimento.
BRUCE:
Enquanto eu dormia só fizeram isso? Estou surpreso!
LORI:
Nem vem, Bruce. Sabe que o nosso problema maior ainda
está aí. O Joel ainda está com nossas armas.
BRUCE:
Merda! Havia me esquecido disso. E o que planeja, falar
com ele mais uma vez?
Ela tira o gelo da mão
dele, põe sobre a mesa e, inquieta, anda de um lado para
o outro.
LORI:
Se não falarmos, só teremos a saída de matá-lo. Mas,
desse jeito, não teremos nossas armas de volta.
BRUCE:
Maldito ladrão! E aquele lá é que nem rato: cada hora
está em um lugar.
LORI:
Nem tanto. Sei onde está escondido. (PAUSA) Área 5. Mas
o posto de controle ainda está aberto.
BRUCE:
Tento negociar. Faltam poucas horas para o toque de
recolher.
LORI:
Então, vamos.
E eles se dirigem a
porta.
CENA 17. EXT. POSTO DE
CONTROLE - DIA.
Bruce e Lori caminham.
Há uma faixa amarela, com as palavras, em preto: POSTO
DE CONTROLE ÁREA 4-5.
A estrutura lembra uma
fronteira, protegida por militares armados. Bruce e Lori
se aproximam da passagem de pedestres. Na de automóveis,
um caminhão do exército passa e o portão se fecha. Eles
se aproximam de dois militares, no portão.
MILITAR:
Identidade.
Ambos retiram dos
respectivos bolsos da calça e as mostram. Um dos guardas
averigua e os encara.
Atrás deles, DENTRO DA
ÁREA 5, um caminhão estaciona.
MILITAR:
Por que passar para o cinco?
LORI:
Preciso visitar minha mãe. Está doente.
MILITAR:
Sejam rápidos. Faltam três horas para o toque de
recolher.
O militar dá a passagem,
mas, nesse instante, o caminhão que estacionava,
EXPLODE. Inicia-se uma correria dentro e fora do posto.
MILITAR (BERRA):
São os Bats!
BRUCE:
Os Bats! Vamos sair daqui, Lori, rápido!
Os militares atiram pro
alto e o portão se fecha.
Nos POSTES DE LUZ, os
alto-falantes exclamam...
VOZ (V.O.):
Atenção, invasão de Bats no posto de controle 5. Toda a
área está temporariamente fechada. Pedimos a todos os
civis que não se aproximem da área. (PAUSA) Atenção,
invasão de Bats (...)
Bruce e Lori já dobraram
a ESQUINA.
BRUCE:
Para onde vamos?
LORI:
Vamos para a escola, rápido!!!
Close na fachada de uma
casa, grande, de escadas na frente e uma porta grande.
INSERT letreiro - CENTRO
ACADÊMICO DE BOSTON.
CENA 18. INT. ESCOLA -
DIA.
Ambiente sem iluminação.
Bruce e Lori entram. Algumas pessoas assustadas ali
dentro.
LORI (SUSPIRA):
Essa foi por pouco.
Algumas portas fechadas,
outras abertas, choro de criança.
LORI:
Vai arriscar a passagem do quarto do Chris?
BRUCE:
Vamos tentar.
CENA 19. INT.
ESCOLA/QUARTO DE CHRIS - DIA.
Lori e Bruce abrem a
porta e entram na sala (quadro branco na parede central;
algumas carteiras empilhadas no canto; um colchão no
chão; uma privada; além de um sofá e um móvel, grande).
Ele bate a porta e tranca.
Um COROA se dirige a
eles. Esse é um homem alto, negro, barbudo, de 50 anos.
COROA:
Quem é vivo sempre aparece!
LORI:
Quem precisa de favor também. (SORRI) Como está, Chris?
Abraçam-se.
CHRIS:
Depois que revoguei um quarto só para mim? Uma
maravilha!
BRUCE:
Amigo de tantos militares, tornou-se fácil.
CHRIS:
E o que precisam? Não acredito que meu humilde quarto
foi motivo para que viessem aqui.
BRUCE:
Acertou, Chris. Queremos a passagem. Deve ter ouvido,
não? Os Bats fizeram um atentado, há alguns minutos.
CHRIS:
Os Bats. A revolução, o desejo de tirar o exército do
controle, liderar tudo, é o que todos acreditam que eles
planejam. Não vai dar certo nunca.
LORI (SORRI):
Não sei porque, mas sabia que você iria falar mal deles!
CHRIS:
Quando ouvir o contrário, me interne ou me entregue aos
malditos andarilhos, Lori.
BRUCE:
Com o exército temos problemas, mas a doença está
contida.
CHRIS:
Cada dia pessoas se transformam, Bruce, mas os Bats só
aumentariam esse número.
BRUCE:
Como sempre, temos que sobreviver.
LORI:
Eu acho melhor irmos. Pode ser que, pelo atentado,
aumentem a segurança e não consigamos passar pelo túnel
ilesos.
CHRIS:
Vocês conhecem o caminho.
Bruce e Lori se dirigem
a uma estante e a arrastam, revelando um buraco na
parede.
LORI (OLHA P/ DENTRO DO
BURACO): Ufa,
os latões de lixo estão ali. Vai dar para pular.
CENA 20. INT. CAFÉ -
DIA.
De debaixo de uma tábua
de madeira, estirada no chão, saem Bruce e Lori, suados.
LORI:
Conseguimos.
O ambiente é um café
abandonado, de janelas e mesas quebradas.
Bruce e Lori se dirigem
a PORTA, SAEM...
...olham para os lados.
Estão meio a uma AVENIDA. Ali, há prédios ao redor, a
ponto de caírem, muito vidro quebrado, carros
abandonados, árvores contendo uma passagem e arames
farpados espalhados pelo chão. Em nenhum momento, sinal
de pessoas.
Lori se dirige a uma
escada, presa a janela de um DUPLEX abandonado e olha lá
pra cima. Bruce segue-a.
LORI:
Acho que conseguimos passar por aqui.
BRUCE:
Por essa escada?
LORI:
Ela vai nos levar ao duplex e lá dentro conseguimos sair
e encontrar a rua. Joel deve estar no beco de sempre.
(PAUSA) Ah, já ia me esquecendo...
Lori retira um REVÓLVER
da cintura e entrega a Bruce. Ele a olha.
LORI:
Sua arma.
E ela sobe as escadas.
Bruce observa o objeto durante alguns segundos e faz
igual.
CENA 21. INT. DUPLEX
ABANDONADO - DIA.
Interior abandonado,
chão com madeiras e pedaços de tijolos espalhados. Numa
porta, a frase "CORRA E NÃO OLHE PARA TRÁS!" está
escrita, em vermelho. Bruce observa.
LORI:
Esse lugar está mesmo abandonado.
BRUCE:
Falta muito pro toque de recolher?
LORI:
O suficiente para encontrarmos o Joel.
BRUCE:
Depois disso, não sabemos o que pode acontecer, certo?
LORI:
Estou certa de que/
Ouvem-se alguns gemidos.
LORI (SUSSURRA):
Oh, merda, abaixe-se.
Eles se escondem atrás
de uma mesa, caída no chão. À frente, um andarilho
caminha, lento, gemendo. Suas roupas rasgadas e, ao
redor da boca, sangue.
BRUCE (SUSSURRA):
Vou matá-lo.
LORI:
De que jeito?
Bruce pega um pedaço de
madeira, no chão, ao seu lado; segura firme, se levanta
devagar e, de repente, corre em direção ao andarilho,
que estica as mãos para pegá-lo, mas Bruce ergue o
pedaço de madeira e lhe dá na cabeça, fazendo-o tombar
no chão, morto. Lori sai de trás da mesa.
LORI:
Belo golpe.
BRUCE:
Obrigado.
Bruce joga o pedaço de
madeira no chão e eles continuam caminhando, atentos.
DOBRAM o CORREDOR e andam até certo ponto, cuja janela,
presa numa corda, dá claridade ao ambiente. Ali, o chão
cedeu e, abaixo, há, no mínimo, 10 andarilhos.
LORI:
Merda! E agora?
As criaturas os veem e
erguem as mãos, abrindo a boca e gemendo.
BRUCE:
Tenho uma ideia.
Ele olha para o pedaço
de corda, contendo a janela, e encara Lori, engenhoso.
CORTE DESCONTÍNUO:
Bruce puxa a corda com
toda força possível.
BRUCE:
Vai, me dá uma ajuda.
Ela o ajuda a puxar.
Por fim, o vidro se
quebra e a corda se solta. Ele a pega; faz um nó na
ponta e joga num lustre, no teto, bem em cima de onde o
piso cedeu, fazendo a corda agarrar em um dos encaixes
do objeto.
Os andarilhos, em baixo,
ansiosos para devorá-los.
Bruce, por fim, dá
alguns passos para trás, pega impulso e pula o buraco,
agarrado na corda.
LORI:
Belo trabalho...
Ele solta a corda em
direção a Lori.
BRUCE:
Sua vez.
CENA 22. EXT. AVENIDA -
TARDE.
O pôr do sol está
próximo. Bruce e Lori saem pelas escadas da fachada do
duplex e pegam a avenida, olhando para os lados.
HOMEM #1 (O.S.):
Essa história de remuneração não é eficaz. Joel ainda
vai nos deixar a ver navios nesse bando de mortos-vivos.
Ao verem dois homens
descendo de um caminhão, através de uma escada, Bruce e
Lori se escondem na lateral de um carro abandonado e se
aquietam.
HOMEM #2:
Eu prefiro não reclamar. (ANDANDO C/ RAPIDEZ) Vamos logo
com isso. Minha mulher está em casa, deve estar
preocupada comigo.
Os homens passam
próximos ao carro, mas seguem reto.
Bruce olha para Lori e,
agachados, atravessam a avenida, até se aproximarem de
um BECO ESCURO. Eles se olham. De repente, alguém atira
próximo a eles.
LORI (ASSUSTADA):
O que foi isso?
Bruce olha para trás e
vê um ATIRADOR, na ponta de um PRÉDIO ALTO, do lado
contrário da avenida.
BRUCE (GRITA):
Filho da mãe. Corre!
Eles entram pelo BECO, a
correr. No atirador:
ATIRADOR (ALTO; P/
OUTROS HOMENS):
No beco, no beco!!!
CENA 23. EXT. BECO -
TARDE.
Bruce e Lori correm
desesperadamente.
Vindo de uma VIELA, um
homem, nos fundos do beco, surge, com um pedaço de
madeira em mãos.
BRUCE:
Eu aprendi a sobreviver.
Bruce retira o REVÓLVER
da cintura e dá um TIRO certeiro no peito do homem, que
cai, morto. Lori se assusta.
BRUCE:
O que tá esperando?
Eles voltam a correr,
entrando pelas VIELAS, até que chegam a um PAREDÃO. A
única saída é uma escada, que dá para um PRÉDIO.
LORI:
Rápido, vamos subir por aqui.
Bruce puxa o último
degrau da escada e ela se revela maior. Ele dá espaço e
Lori as sobe.
Elas dão na SAÍDA DE
EMERGÊNCIA do prédio.
HOMEM #1 (O.S.):
Na escada!
Do OUTRO LADO DO MURO,
estão QUATRO HOMENS armados. Eles atiraram em direção a
escada, mas Bruce e Lori conseguem subir, rápidos, e
ENTRAR pela porta sem serem atingidos.
HOMEM #2:
Eles entraram!
CENA 24. INT. PRÉDIO -
TARDE.
Já estão apressados,
pelo extenso corredor, que desencadeia da porta.
LORI (DESESPERADA):
Bruce, estamos ferrados! Vão cercar esse maldito prédio,
vão nos matar aqui dentro!
BRUCE:
Joel está aqui!
LORI:
Como você sabe?
BRUCE:
Por que todos esses guardas, bandidos, sei lá, estariam
guardando o prédio em segurança máxima? Alguma
explicação? (T) Só precisamos encontrar aquele
desgraçado!
LORI:
Num prédio de cinco andares, com vários bandidos em cada
um deles? Bala não dura para sempre, e a minha está
próxima do fim.
BRUCE:
Não me importa bandido. Eu quero o Joel.
LORI:
Olha!
Um HOMEM sai de uma
sala, correndo.
BRUCE (ALTO):
É ele!
LORI:
Joel?
BRUCE:
Com toda certeza.
Quando eles se preparam
para correr, de dentro da sala de onde Joel estava saem,
no máximo, dez andarilhos, em direção a eles.
BRUCE:
Oh, meu Deus!
FADE OUT.
FADE IN:
CENA 25. INT. AP DE
EMILY - TARDE.
Uma MENINA, loirinha, 25
anos, pele clara, despeja café em uma caneca.
Agora, coloca-a em cima
da mesa, onde um HOMEM, magro, pouco cabelo, aparência
desleixada, está sentado.
MENINA:
Bebe, Cody, vai te fazer bem.
O AP tem o mesmo modelo
que o de Bruce, mas é menor.
Ela se senta em uma
cadeira, em frente a ele.
CODY:
Emily, hoje meu irmão completaria quarenta anos se ainda
estivesse por aqui.
EMILY:
Não acha que ele ainda está vivo, em Nova Iorque?
CODY:
Ainda tenho esperanças, mas dependo do Bruce. Pior...
Todos nós dependemos.
EMILY:
Ele nos acolheu, confiou na gente, não poderíamos, se
quer, pensar em ir embora. Seria muito risco, também.
CODY:
Você não sente o mesmo que eu. Você tem o Ryan, seu
irmão mais novo. Não deve te dar recordações
desprezíveis, mas deve te lembrar da sua família. Eu sou
sozinho. Depois que me separei do Trevor, naquela
confusão do posto de controle de Nova Iorque, meu maior
desejo passou a ser achá-lo.
EMILY:
Ninguém aqui é sozinho, Cody. Temos um ao outro.
CODY:
Eu não confio em ninguém, Emily. Eu tenho uma meta,
quero alcança-la.
EMILY:
Encontrar Trevor?
CODY:
Realizar o que ele sempre desejou para nós dois depois
que esse inferno começou, Emily. (PAUSA) Entrar para os
Bats.
EMILY:
Bats? Talvez não seja tão ruim. Ouvi falar que possuem
muitas regras. Uma delas é a aversão ao exército em
poder.
CODY:
Graças ao meu pai, sempre os odiei. Tornaram meu pai um
mostro. (PAUSA) Quanto a nós, não seria comum um grupo
contrabandista ser a favor do exército.
EMILY:
Não gosto de ser chamada assim, Cody. Não acho que você
também goste. Fazemos por necessidade. Somos
sobreviventes, precisamos continuar sendo, caso
contrário, seremos mais uma dessas coisas que andam por
aí.
CODY:
É exatamente isso. Com os Bats, não precisaremos mais
contrabandear ou roubar. Esse exército só acumula poder.
Nas nossas mesas, está faltando tudo. (PAUSA) As mortes
passarão a ter motivos diferentes dos que sabemos até
hoje, Emily.
EMILY:
E a nossa saída, será fugir?
CODY:
Por isso eu apoio e sempre apoiarei meu irmão. Ele sabia
o melhor para nós dois. Com os Bats, tudo isso pode
acabar.
EMILY:
Com tantos mortos pelo maldito vírus, que se alastra
pelos distritos, uma guerra aumentaria ainda mais esse
número.
CODY:
Eu não estaria aqui se estivesse pensado no próximo,
acho que você também não.
Cody a observa, se
levanta, abre a porta e sai, fechando-a civilizadamente.
PLANO PRÓXIMO em Emily.
FLASHBACK PARA:
CENA 26. EXT. FAZENDA –
NOITE (FLASHBACK).
Emily segura uma caixa
de papelão enquanto chora, olhando a fachada de um
CASARÃO de dois andares ser destruída pelo fogo. Uma
mulher sai de dentro da casa pela porta, aos prantos.
EMILY:
Vamos embora, ande!
MULHER:
Eu não posso. Eu perdi tudo. Vá, você consegue sair da
cidade e sobreviver.
EMILY:
Não!!! Você vem comigo. Ande!
MULHER:
Menina, você me ajudou, está na hora de eu lhe ajudar,
está certo? Tome. (OFERECE A CHAVE DE UM CARRO) Suma
daqui, sobreviva. Minha vida chegou ao fim. De qualquer
jeito.
A mulher lhe entrega a
chave do carro. Uma lágrima cai dos olhos de Emily, que
dá alguns passos para trás, joga a caixa no chão e sai
correndo dali.
A mulher se vira e
observa o casarão, prestes a ter a fachada desmoronada.
Do outro lado, andarilhos conseguem derrubar uma cerca
que protegia o terreno e invadi-lo.
FIM DO FLASHBACK.
CENA 27. INT. AP DE
EMILY - TARDE (DIAS ATUAIS).
CLOSE-UP em
Emily.
CENA 28.
INT. PRÉDIO -
TARDE.
ABRE na figura de um
ANDARILHO, com a boca aberta, com as mãos esticadas, até
revelar vários deles mortos no chão.
Surge, em PRIMEIRO
PLANO, contida por uma mão masculina, uma arma, da qual
é disparado um TIRO contra o andarilho, que cai morto,
junto do restante.
ZOOM-OUT dos andarilhos,
até revelar Bruce e Lori, um ao lado do outro, sangue
nas mãos, roupas; armas em mãos; olhar fixo para as
criaturas caídas.
LORI:
Bom trabalho.
BRUCE:
Só me resta uma bala.
LORI:
Guarda pro Joel. Vamos!
Eles saem correndo pelo
corredor. DOLLY-IN.
BRUCE:
Se ele não saiu por uma passagem qualquer, ele só pode
estar na última sala do andar.
CENA 29. INT.
PRÉDIO/SALA - TARDE.
Bruce escancara a porta.
Joel, um quarentão,
cabelos pretos, roupas largas, magro, quebra a janela
com um extintor, o joga pro lado e a pula, rápido.
Bruce e Lori saem
correndo, em direção a mesma.
CENA 30. EXT.
PRÉDIO/FUNDOS - TARDE.
INTERCUT entre a
perseguição de Bruce e Lori (no alto das escadas) a Joel
(em baixo).
Ao chegar ao chão, Joel
tenta pular um portão de grade, mas se atrapalha. Bruce
e Lori terminam de descer as escadas e lhe apontam as
armas. Joel recua, põe as mãos atrás da cabeça.
JOEL:
Por favor, não!!!
BRUCE:
Não, seu desgraçado? Você está me pedindo, ou, melhor,
me implorando para não estourar seus miolos ferrados, é
isso?
JOEL:
Eu juro que eu não queria ter pego suas armas.
BRUCE:
E eu juro que eu vou te matar se você não me entregar as
armas agora.
JOEL (TRÊMULO):
Elas não estão comigo.
LORI:
Que merda você disse?
BRUCE:
Não brinca comigo, Joel. Eu quero as armas! Agora!
JOEL:
Eu as negociei com os Bats.
CLOSE-UP em Bruce. Ele
ajeita a arma nas mãos, encosta na cabeça de Joel.
BRUCE:
Eu acho melhor você dizer a verdade, caso contrário, eu
não vou poupar esforços, seu filho da... (TRAVA; BERRA).
Eu quero minhas armas!
LORI:
O que você fez com elas, seu otário?
JOEL:
Eu já disse. Estão com os Bats.
BRUCE:
Você vai morrer, cara, está me entendendo? Você vai
morrer!
JOEL:
Por favor. Eu estava endividado com eles, precisava
pagar as dívidas.
BRUCE:
Eu não poupo esforços com mentirosos. De qualquer forma,
é melhor que eu não tenha o desprazer de te olhar de
novo.
Bruce aponta a arma e
atira no peito de Joel. Ele cai no chão, morto.
LORI:
Com os Bats! Olhe onde essa merda chegou, Bruce. Podemos
nunca mais vê-las. Custou caro! Você sabe.
BRUCE:
Sim, eu sei.
Ouve-se um TIRO.
BRUCE:
É melhor darmos um fora daqui.
Eles olham para os lados
e SAEM dali.
CENA 31. INT. AP DE
BRUCE - NOITE.
Bruce está de pé,
encarando Lori.
BRUCE:
Amanhã contamos a Emily, ao Cody e ao Ryan sobre o
roubo.
LORI (SE VIRANDO):
Foi uma tarde conturbada. Vou descansar um pouco.
BRUCE:
Lori...
LORI (RETOMA):
Diz.
BRUCE:
Será que a gente não podia tomar uma, hoje?
LORI (RI):
Bruce Collins, o mafioso de Boston, me convidando para
apoiá-lo numa bebida?
BRUCE:
Exatamente isso. (SORRI) Hoje não é meu melhor dia. Quem
sabe conversar um pouco não seja bom pra nós dois?
LORI:
Essa missão é, portanto, minha?
Bruce sorri.
CORTE DESCONTÍNUO:
Lori e Bruce, à luz de
velas, gargalhando. Um copo de cerveja e uns biscoitos
salgados sobre a mesa de madeira. Tapando a janela, um
lençol escuro, preso às extremidades.
CENA 32. EXT. BOSTON –
NOITE/DIA.
Principais ARRANHA-CÉUS
do estado, visivelmente abatido.
Chega o DIA.
FUSÃO PARA:
A CÂMERA, em TRAVELLING,
revela as RUAS de Boston, cercadas por postos de
controle.
FUSÃO PARA:
De dentro da porta de
saída, num PRÉDIO, sai uma pessoa, trajando jaleco
branco, seguida por MILITARES armados. Ela é jogada no
chão e um dos armados atira em sua cabeça.
FADE OUT.
FADE IN:
CENA 33.
INT. AP DE BRUCE
- DIA.
CÂMERA em 360º de Bruce,
Lori, Cody, Emily e um MENINO (18 anos, estatura média,
olhos claros e cabelo loiro escuro). O grupo forma um
círculo. Todos de pé.
CÂMERA centra em Bruce,
que encara um a um.
BRUCE:
Joel vendeu as armas que pegamos na semana passada.
EMILY:
As que limpamos o distrito dois, no mês passado?
LORI:
Aquelas mesmo.
BRUCE:
Pois bem, eu e Lori nos arriscamos ontem. Procuramos
Joel, mas parece que ele já nos esperava e corremos
risco de sermos pegos por um dos capangas dele.
MENINO:
Mas conseguiram pegá-lo?
BRUCE:
Sim. O maldito nos disse que as armas foram vendidas, em
troca de dinheiro, para pagar dívidas.
EMILY:
Vendidas para quem?
BRUCE:
O matei depois que aquele desgraçado nos contou que as
armas estão com os Bats.
MENINO:
Com os Bats? Que merda!
CODY (ENCARA O MENINO):
Merda? É uma boa oportunidade para nos aproximarmos
deles, Ryan. Eles são a salvação desse caos.
BRUCE:
Cody... Por favor, nós não vamos nos aproximar desse
grupo. Sobreviver é para poucos. À medida que o líder
deles não se sentir a salvo, vai usar todos eles para se
salvar. E, convenhamos, o exército não é nosso aliado,
mas faz o mínimo para quem não tem nada em Boston.
CODY:
Você fala como se fosse o herói da história, mas heróis
não contrabandeiam armas, Bruce.
LORI:
Cody, Cody, já chega. Pare com isso. Nossa preocupação é
pegar as armas, não nos juntarmos aos malditos Bats,
está certo?
CODY:
Já que os comandantes mandam, está certo.
Cody encara Lori e
Bruce, que bufa.
BRUCE:
Não marquei esta reunião para contar a história do que
aconteceu, mas para arrumarmos um jeito de recuperarmos
as armas. Não sabemos onde elas estão. Possivelmente, no
esconderijo deles.
EMILY:
Sabe onde fica?
LORI:
Ninguém sabe, Emily. O exército trataria às regalias
quem os revelasse a eles.
RYAN:
Podemos descobrir e fazer isto.
BRUCE (EM LIDERANÇA):
Não! Não vamos nos unir a ninguém. Eu já disse que eu
confio em todos vocês e eu sempre contei com o
contrário. Continuaremos unidos, neutros. Se
sobrevivemos até aqui, é a prova de que estamos no
caminho certo. Precisamos do contrabando, caso
contrário, se não pegássemos as armas, enfrentaríamos os
andarilhos no braço.
LORI:
O que não nos daria a chance de estar aqui.
CODY:
E o que você aconselha, Bruce, que abandonemos as armas?
RYAN:
Em nenhum momento ele disse isso, Cody. (FARTO) Se
manca, cara. Por que você não pega suas coisas e se
manda com os Bats? Hum?
Cody faz menção em se
aproximar de Ryan, que recua.
BRUCE:
Ei, ei, parem com isso. Não parecem os mesmos de semanas
atrás. O que há?
Cody o encara, respira
alto, mas se afasta.
CODY:
Eu observo que, cada dia mais, aliados chegam aos Bats.
Ouço, todos os malditos dias da minha vida, pelos sinais
das rádios piratas.
BRUCE:
Eu também, Cody, mas eu prefiro não arriscar. Não
entende que vamos correr mais risco do que corremos
diariamente, com essas criaturas se proliferando? O
exército maquia, mas não dão conta de todos.
LORI:
Não sabemos onde os Bats ficam. A única saída pode ser
se aliando a eles, Bruce.
BRUCE (PASMO):
O quê?
LORI:
Não de verdade. Precisamos, apenas, conhecer o
território, até acharmos as armas e darmos um fora do
distrito.
CODY:
E se alguém quiser ficar lá? Vai se tornar um inimigo,
Bruce?
BRUCE:
Lamento que essa pessoa morrerá. Não em minhas mãos, mas
na do grupo. Seríamos inimigos, Cody.
EMILY:
Eu estou dentro.
RYAN:
Eu também.
CODY:
E então, Bruce?
CLOSE-UP em Bruce.
BRUCE:
Vamos arriscar.
CENA 34. EXT. AP/FUNDOS
- DIA.
Bruce e Lori saem pela
porta dos fundos do AP, de design de pedras vermelhas,
gastas pelo tempo. Nos prédios à volta, homens, nas
sacadas e nas coberturas, seguram armas e fazem rondas.
Bruce acena para um deles, que retribui.
LORI:
O Cody me parece fascinado demais pelos Bats. Isso me
preocupa, Bruce, ainda mais nesse novo plano.
BRUCE:
Não me preocupa. Ele tem que escolher onde quer
sobreviver, se vai sobreviver. Eu faço minha parte,
Lori. Não me considero o líder do grupo, me considero o
primeiro, o primeiro a fazê-lo. Eu espero de todos o que
todos esperam de mim.
LORI:
Eu sei que sim, Bruce. Vamos conseguir recuperar as
armas, vai dar tudo certo no final. Não é possível que
um bando de sortudos, que chegaram até aqui, em um mundo
infestado por criaturas medonhas, (RI) não conseguiria
recuperar armas e sair dessa ilesos.
BRUCE (SORRI):
Gosto do seu otimismo.
LORI:
Eu também.
Cody abre a porta e sai
andando, os ignora.
BRUCE:
Ei, Cody.
Cody não se vira, segue
reto.
LORI:
Deixe-o, Bruce.
Nisso, uma sirene soa.
VOZ (V.O.):
Atenção, as portas para a coleta de alimentos serão
abertas. Pedimos a todos o mínimo respeito. (PAUSA)
Atenção, (...)
BRUCE:
Depois da seca, que nos deixou uma semana sem alimentos,
pedir respeito a um bando de famintos é uma puta
sacanagem.
LORI:
Vou pegar os tíquetes, me espere.
Lori adentra o PRÉDIO.
Bruce observa Cody,
andando, longe dali.
CENA 35. EXT. RUAS DAS
IMEDIAÇÕES - DIA.
Cody, olhando para o
chão, pensativo. Ele pega a arma, na cintura, a observa,
mira para o nada e continua a andar. De repente, uma
mão, coberta por luvas pretas, surge do além e o puxa
para dentro de uma RUA ESTREITA.
Cody observa uma MULHER,
baixa, cabelos encaracolados, mãos cobertas pela luva,
casaco jeans e calças pretas.
MULHER:
Você é Cody, certo?
CODY (ASSUSTADO):
Quem é você?
Cody puxa a arma da
cintura, sorrateiro, mas a mulher percebe e dá um chute
no objeto, que cai no chão, atrás dele. Ela segura seus
braços.
MULHER (AGRESSIVA):
É melhor parar, se não estouro seus miolos! (PAUSA)
Venho a mando de seu irmão, Trevor.
CODY (PASMO):
Trevor? Meu irmão?
MULHER (O SOLTA):
Se você não se comportar, eu não vou dar o recado que
vim dar.
CODY:
Cadê ele? Ele está em Boston?
MULHER:
Está. Ele é um dos nossos, agora.
CODY:
Do que está falando?
MULHER:
Trevor é um Bat. Ele manda o recado de que precisa ver
você. Encontre-o na praça central, à noite. (PAUSA) Eu
não tenho tempo. O recado está dado.
A mulher o encara e sai
correndo.
CLOSE-UP em Cody.
CODY:
Trevor, você está vivo.
CENA 36. INT. AP DE CODY
- NOITE.
MÚSICA ON
- Dead Land tema de abertura.
A lua ilumina o
ambiente.
A porta do AP, modelo
aos já mostrados, é aberta e Cody entra. Acende a luz,
se dirige ao armário, o abre, pega várias mudas de
roupas; saca uma mala, de baixo da cama, a abre e joga o
conteúdo ali.
Da JANELA, uma sirene,
presa no poste, à altura do andar de Cody, toca na maior
altura.
VOZ (V.O.):
Atenção para o toque de recolher. Qualquer um pego, será
levado a julgamento. (PAUSA) Atenção para o toque de
recolher. (...)
A VOZ que ecoa no
ambiente é perdida.
Cody põe a mala
recém-feita nas costas, abre a porta e sai. Ela é
batida.
CENA 37. INT. AP DE
BRUCE - NOITE.
Bruce, encarando a vista
da janela, tomando um copo d'água. Tudo a sua volta é
escuro, apenas a Lua ilumina seu rosto, cujos lábios se
abrem para um sorriso.
BRUCE:
Minha menina...
FLASHBACK – Bruce e
Susan.
Bruce põe Susan na cama,
desliga o abajur e sai do quarto da menina.
FIM DO FLASHBACK.
Bruce olha para a
primeira rua, vista da janela, e vê Cody, correndo
contra o relógio, à surdina, com a mala nas costas.
CLOSE-UP em Bruce.
MÚSICA OFF.
BRUCE (SURPRESO):
Cody!
SLOW MOTION - Nervoso,
ele põe o copo sobre a mesa, mas ele não tem apoio e
cai, derramando tudo.
Ele se dirige a porta,
abre as trancas, mas antes de colocar uma das mãos sobre
a maçaneta, eleva ao peito, onde sente algo.
BRUCE:
Oh, meu Deus.
FIM DO SLOW MOTION.
POV DE BRUCE - Ele cai
no chão. Sua visão fica turva e, lentamente, se fecha,
até não vermos mais nada, além do fundo negro.
CENA 38. EXT. PRAÇA
CENTRAL - NOITE.
Cody chega à praça, onde
um prédio caído destruiu parte dela e a restou ao piso
gasto e as poucas árvores verdes. No meio do lugar,
sentado num banco, iluminado por um único poste de luz,
há um HOMEM, de costas.
CODY (SORRI):
Trevor.
Cody se aproxima.
CODY:
Irmão?
A pessoa se vira e se
revela um morto-vivo horrendo, grande, cheio de sangue,
com as tripas saindo do corpo.
CODY:
Deus!!! (BERRA) Trevor, onde você está?
O andarilho, meio
cambeta, se levanta; vai em direção a Cody, que dá
alguns passos para trás; tenta retirar a arma da
cintura. Ela trava.
Ainda de costas, ele
começa a correr.
Desatento e nervoso,
vira um dos pés numa PEDRA, grande, no meio do caminho,
e cai no chão.
A criatura vem chegando,
sedenta.
Cody movimenta a cabeça
para trás e percebe os pés de uma pessoa, trajando
botas. Um TIRO é disparado. Ouvem-se gemidos do
morto-vivo.
Quem está atrás dele é
um HOMEM tragando um cigarro. Careca, barba branca, 40 e
poucos anos, olha sua vítima.
HOMEM:
Seu erro foi não olhar pra frente.
POV DE CODY – Ele encara
o HOMEM de baixo.
CODY:
Quem é você? O meu irmão...
HOMEM:
Trevor? (SORRI) Eu vim te pegar, vou te levar até ele.
Bem que ele disse que você viria ao encontro.
O
HOMEM oferece a mão;
Cody segura e se levanta.
Sai do POV. Eles se
encaram.
CODY:
Não me disse quem é. Como o conhece?
HOMEM:
Meu nome é Nolan, mas pode me chamar de Bat. Sou o líder
de todos eles.
CODY (ADMIRADO):
Dos Bats?
Nolan dá um sorriso,
joga o cigarro no chão, PISA nas cinzas e se vira, em
direção a uma moto.
NOLAN:
Se quiser mesmo ver seu irmão, terá que vir comigo.
(PAUSA) Eu não mordo. Prometo pra você.
Ele sobe na moto e põe o
capacete.
CENA 39. EXT. RODOVIA -
NOITE.
MÚSICA ON - Wait, por
M83.
Nolan no controle, Cody
na garupa - a moto passa em alta velocidade pela
rodovia.
Trovões ecoam nos céus
de Boston, seguidos por uma forte tempestade.
FECHA, no fim da
estrada, na estrutura de uma HIDRELÉTRICA.
FADE OUT. |
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