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Talismã - Capítulo 05

Novela de Édy Dutra
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CAPÍTULO 05
 
     
     
     
     
 
 
 

CENA 01. CARRO RAFAEL. INT. NOITE 

Continuação do capítulo anterior. Beatriz dá o ultimado para Rafael.

BEATRIZ: - Ou você namora comigo sério, ou então a gente vai parar de se ver. Você que escolhe.

RAFAEL (surpreso): - Nossa, Beatriz. Você me pegou de surpresa.

BEATRIZ: - Se você quiser um tempo pra pensar, eu te dou. Não tem problema. Eu só não vou mais é permitir que você brinque com o meu coração.

RAFAEL: - Não fala assim, Beatriz! Eu nunca quis brincar com o seu coração, com os seus sentimentos.

BEATRIZ: - Mas brincou, Rafa. Você me ligava, eu ia para a sua casa, no seu apartamento, a gente saía ou ficava por lá mesmo. Eram abraços, beijos... Sexo. Tinha carinho, era tão gostoso. Mas ao mesmo tempo, me dava uma dor enorme por dentro em saber que era só aquilo, que não tinha mais nada adiante. E eu ia embora, sempre pensando que “um dia ele vai chegar pra mim e dizer que quer algo realmente sério comigo”. Por que é realmente estranho, eu faço tudo isso, mas não posso nem ser apresentada como namorada pra família dele, para os amigos.

RAFAEL: - Eu sei que eu errei com você todas essas vezes. Mas/

BEATRIZ: - Mas você está focado nos negócios da família, no novo contrato milionário, está se preparando para assumir a presidência. Eu já sei todas as suas desculpas, Rafael. Mas agora eu cansei. Cansei de ser boba, de aceitar tudo. Ou você firma um compromisso comigo, ou então a gente não se encontra mais.

Os dois ficam a se olhar por um instante. Beatriz aguardando uma resposta de Rafael, que se mostra um pouco indeciso.

BEATRIZ (pega sua bolsa): - Eu vou pra casa, e aí quando você se decidir, você me avisa.

Ela abre a porta do carro, mas ele a pega pelo braço.

RAFAEL: - Não Beatriz, espera. Eu te levo pra casa.

BEATRIZ: - Você não escutou direito o que eu falei, Rafael. A gente só vai voltar a se encontrar, depois que/

RAFAEL: - Eu escutei sim, tudo direitinho. E eu vou sim levar você pra casa, mas só depois que você jantar comigo. Pra comemorar o nosso início de namoro.

Em Beatriz, surpresa. Aos poucos, abre um sorriso, ainda incrédula.

BEATRIZ: - Você!... Você...

RAFAEL: - Eu aceito namorar com você sim. Sério, compromisso, com aliança e tudo como estão usando agora. Você é uma mulher linda, bacana, me deixa feliz. Merece todo o meu respeito.

Beatriz “se joga” sobre Rafael, os dois se beijam.

BEATRIZ: - Você não sabe o quanto eu esperei para ouvir essas palavras todas que você me disse!

RAFAEL: - Eu que fui um bobo em não dizer isso antes.

Os dois se beijam novamente.

RAFAEL: - Vamos pro restaurante?

BEATRIZ: - Vamos sim! Vamos comemorar esse nosso momento. Nosso novo momento.

Olhares carinhosos entre eles. Beatriz fecha a porta do carro, Rafael liga o veículo e sai.

CENA 02. APTO FABRÍCIO. QUARTO. INT. NOITE.

Deitada na cama, Mayra se insinua para Fabrício, que não parece acreditar.

FABRÍCIO: - O que você está fazendo aqui, Mayra?! Tá maluca, garota?

MAYRA: - O que foi Fabrício? Não gostou da surpresa?

FABRÍCIO: - Como é que você entrou aqui dentro?!

MAYRA: - Ai, falei com o porteiro lá embaixo e ele me deu a chave. Muito simpático esse senhor, viu?

FABRÍCIO: - Eu vou avisar ele pra não deixar ninguém mais subir aqui.

Ele faz que vai sair, ela se apressa em impedir. Chega bem perto dele.

MAYRA: - Relaxa, Fabrício. Vamos curtir. Comprei essa lingerie especialmente pra você. Gostou?

FABRÍCIO (empurra Mayra): - Odiei.

MAYRA: - Mentira! Eu sei que você adorou. Eu sei que você me deseja.

FABRÍCIO: - Isso só pode ser loucura. Entenda de uma vez por todas, Mayra, eu não quero nada com você! Desiste!

MAYRA: -Desistir, nunca! Eu não me conformo em ver você namorando aquela/

FABRÍCIO: - Olha lá o que você fala da Vitória! Ela é a mulher que eu amo.

MAYRA: - Amor?! Você vem me falar que ama aquela sem graça?! Aquela sonsa riquinha, que se faz de santa?

FABRÍCIO (pega Mayra pelo braço): - Já chega! A sonsa aqui é você, que não enxerga que está atrapalhando a minha vida!

Fabrício vai levando Mayra pelo braço.

CORTA PARA

CENA 03. SALA. INT. NOITE.

Fabrício conduz Mayra até a porta.

MAYRA: - Você não pode fazer isso comigo, Fabrício!

FABRÍCIO: - Posso sim! Você invadiu a minha casa e agora vai sair, porque eu não quero saber da sua presença aqui dentro.

Fabrício empurra Mayra (que está de lingerie) para fora e fecha a porta. No corredor, Mayra bate na porta.

MAYRA (alto): - Fabrício! Abre essa porta! Vai me deixar assim aqui fora?! Eu quero as minhas roupas! Fabrício!

A porta se abre. Fabrício joga as roupas de Mayra no rosto dela, que fica sem reação.

FABRÍCIO: - Some da minha vida!

MAYRA: - Você vai se arrepender de ter me tratado assim.

Fabrício bate a porta na cara de Mayra, que se veste.

MAYRA: - Vai se arrepender.

CENA 04. APTO MARILU. SALA. INT. NOITE.

A campainha toca. Marilu vem do corredor para abrir a porta. Ela abre.

MARILU: - Tarcísio?!

TARCÍSIO: - Gostou da surpresa?

MARILU: - Gostei sim e realmente fiquei surpresa. Não esperava você aqui, há essa hora. Não deveria estar trabalhando?

TARCÍSIO: - Impossível pensar em trabalho com você rondando todos os meus pensamentos.

Ele segura o pescoço dela. Os dois se olham com desejo. Tarcísio beija Marilu, que empurra a porta. Os dois vão, entre beijos e abraços, em direção ao quarto.

CENA 05. PENSÃO BEM QUERER. INT. NOITE.

Oscar, Tatiana e Jonas na sala, com Lívia, que está radiante com o novo emprego.

LÍVIA: - E o Seu Roberto foi super atencioso comigo. Me senti bem a vontade na entrevista com ele.

TATIANA: - Que legal, Lívia! Tudo de bom pra você no novo trabalho. E que realmente seu chefe não seja como algumas pessoas lá da empresa.

OSCAR: - Por que Tati?

TATIANA: - Um dos diretores foi hiper grosseiro comigo hoje. Sem motivo algum. Me segurei para não chorar. A minha sorte é que a Lorena, uma das pessoas mais queridas lá dentro viu tudo e me defendeu.

JONAS: - Nossa, como ultimamente tem acontecido isso. As pessoas estressadas, descontam suas frustrações em outras que não tem nada a ver.

TATIANA: - Nada a ver mesmo! Eu sou uma mera assistente administrativa!

LÍVIA: - Eu vou me preparar para o que der e vier, porque esses lugares chiques assim também vai gente de tudo quanto é tipo, personalidade, temperamento...

JONAS: - Mas vai dar tudo certo, Lívia. Você é uma moça bacana, esforçada. Te garanto que vai ser o destaque entre os funcionários.

LÍVIA: - Obrigada, Jonas. Eu também quero agradecer e muito ao Kléber, que me levou lá. Se não fosse a dica dele, eu tava até agora rodando a cidade atrás de emprego. Falar em rodar a cidade, não vi a Carla o dia inteiro hoje. Alguém sabe onde ela tá?

TATIANA: - Deve estar no serviço ainda. Ela me disse que a loja onde ela trabalha prende os funcionários até o último minuto.

Em Lívia, concordando.

CENA 06. AVENIDA MOVIMENTADA. EXT. NOITE.

Tempo no movimento dos carros nua avenida. CAM vai buscar Carla, na calçada. Roupa justa, salto alto, sensual. Ela está fazendo ponto. Os carros passam, buzinam, ela está bela.

CENA 07. CARRO BRENO. INT. NOITE.

Breno passa pela avenida, junto com Plínio, no banco do carona.

PLÍNIO: - Só não vamos voltar pra aquela mesma danceteria né?

BRENO: - Claro que não. Hoje não vamos em danceteria.

PLÍNIO: - E vamos aonde então? Rave?

BRENO: - Não. Hoje to afim de algo mais sossegado. Vamos num barzinho de um amigo meu, na Vila Madalena.

PLÍNIO: - Vila Madalena?

BRENO: - Sim. Não entendi o espanto. Você tá acostumado com Itaquera e quer falar ainda!

CORTA PARA

CENA 08. AVENIDA MOVIMENTADA. EXT. NOITE.

O carro de Breno para no sinal fechado, paralelo a calçada onde Carla se encontra. Ele olha pro lado e reconhece Carla, que nada percebe.

PLÍNIO: - Você fala de Itaquera, mas lá mano, tem diversão boa também, tá ligado? Tem uns bares lá de break, rap, a cultura da periferia é muito grande e (percebe que Breno não está prestando atenção) Breno? Ei!

BRENO: - É ela!

PLÍNIO (tenta ver): - Ela quem?

BRENO (chama): - Carla!

Ela olha para o carro e vê Breno, fica sem reação ao vê-lo. O sinal abre. Os carros buzinam.

PLÍNIO: - Anda aí, Breno.

Breno segue com o carro, dobra na rua ao lado. Estaciona o carro.

PLÍNIO: - Você vai parar aqui?! Tá louco?!

BRENO: - Já volto.

Ele SAI do carro. CAM o segue o tempo todo por trás. Ele chega em Carla.

CARLA: - Breno...

BRENO: - O que você está fazendo aqui?

CARLA: - Eu estava indo para uma festa, mas acabei descendo no lugar errado.

BRENO: - Que perigo! Aqui não é um lugar seguro não! Onde é essa festa, eu te levo lá no meu carro/

CARLA: - Não, Breno, não precisa não. Eu acho até que vou pra casa.

BRENO: - Imagina, pra mim não tem problema nenhum.

CARLA: - Mas pra mim tem. Pode deixar que eu vou sozinha.

BRENO: - Por que você está fugindo de mim?

CARLA: - Eu? Fugindo?

BRENO: - Você mesma. Outro dia tava cheia de marra na academia. Agora tá aqui, fugindo. O que tá pegando, hein?

CARLA: - Não tá pegando nada, Breno!

BRENO: - Então aceita o meu convite. Vem comigo, vamos pra um outro lugar, conversar. Você tá toda arrumada aí pra voltar pra casa? Nessa noite linda?

Carla fica pensativa, hesita.

BRENO: - Então?

CARLA: - Tá bom, eu aceito. Mas não vou demorar. Amanhã pego cedo no serviço.

Carla acompanha Breno até o carro.

CENA 09. CASA CHARLOTE. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Demétrio e Charlote conversam. Isabela, sentada no sofá, calada, pensativa, longe, um tanto cabisbaixa.

CHARLOTE: - Eu não acredito que você foi lá no escritório do Alfredo pra saber do Breno, Demétrio!

DEMÉTRIO: - Fui. Fui dar um incerta nele.

CHARLOTE: - Mas pra que isso, meu Deus? Pobre do menino, fica sendo vigiado pelo pai o tempo inteiro! Assim não vai conseguir trabalhar direito!

DEMÉTRIO (contrariado): - Menino, menino... O Breno já é um homem feito, Charlote!

CHARLOTE: - E então porque não deixa ele seguir a vida dele? Você queria que ele estivesse trabalhando, não queria? Então! Agora que ele tem um serviço, você fica marcando em cima!

DEMÉTRIO: - É pra ver se ele não tá abusando do Alfredo por ele ser nosso amigo. Sabe como é o Breno, malandro que só ele. Vê só, dia de semana e ele vai pra noite! Amanhã tem que levantar cedo pra ir trabalhar! Só quero ver.

Charlote percebe Isabela calada.

CHARLOTE: - Belinha, minha filha. O que foi? Tá aí tão caladinha.

ISABELA: - Nada não, mamãe. Só pensando na vida.

DEMÉTRIO: - Então tem acontecido muita coisa, porque você tá calada aí há um bom tempo.

ISABELA: - Nem me fala, pai. Aconteceu tanta coisa mesmo que eu não sei mais o que pensar, o que fazer.

Charlote senta ao lado de Isabela, abraça a filha.

CHARLOTE: - Oh meu anjo... Fala pra gente, no que eu e o seu pai podemos ajudar?

ISABELA: - Infelizmente em nada, mamãe. Só eu posso resolver. Mas o colo e o carinho de vocês já ajuda bastante.

Charlote aconchega a filha, fazendo afagos.

CENA 10. RUA. EXT. NOITE.

Conrado caminha, cabisbaixo, carregando numa mão sua bolsa e na outra, o buquê de rosas devolvido por Isabela. De repente, chama a atenção dele uma moça sentada sobre uma mala, no meio da calçada, chorando. Conrado passa reto, mas para. Pensa em voltar. A moça nem percebe nada, continua suas lamúrias. Conrado volta, se aproxima dela. É Sarah.

CONRADO: - Oi, com licença.

SARAH (enxuga as lágrimas): - Oi.

CONRADO: - Desculpa me meter assim, mas não é comum eu ver pessoas chorando no meio da calçada.

SARAH: - Tô chamando tanta atenção assim?!

CONRADO: - Um pouco. Convenhamos não é, que não é comum no nosso cotidiano uma cena assim. Se bem que nos dias de hoje...

SARAH: - Olha só moço, fala para esse cotidiano aí que eu estou muito triste e não tenho culpa de atrapalhar ele.

CONRADO: - Você não está atrapalhando ninguém, mas eu vejo que está atrapalhada, que precisa de ajuda. O que aconteceu?

SARAH: - Ai moço, eu fui expulsa da minha própria casa por uma pessoa que não merece nem o ar que respira!

CONRADO: - Nossa, que triste.

SARAH: - Eu não tenho para onde ir! Eu to sozinha!

Sarah chora novamente. Conrado fica sem saber o que fazer.

CONRADO: - Calma, moça, fica calma. Pra tudo há uma solução.

SARAH: - Obrigada. Você está sendo tão carinhoso comigo. Sua mulher deve morrer de ciúme de você. Homem carinhoso assim é raro.

CONRADO: - Eu não sou casado.

SARAH: - Ah não? E essas flores aí são pra quem?

CONRADO: - Essas flores? Pra ninguém.

Os dois ficam em silêncio. Sarah olha as flores, contemplada. Conrado fica pensativo, olhando para Sarah. Ele lhe oferece o buquê. Ela se surpreende.

SARAH: - Pra mim?!

CONRADO: - Sim, pra você. Pode ficar.

SARAH (pega o buquê, encantada): - Ninguém nunca me deu flores! Muito obrigada!

CONRADO: - Não por isso.

Sarah olha as flores, cheira. Conrado a observa.

CONRADO: - Você vai ficar aqui?

SARAH: - Não tenho pra onde ir. Vou ver se consigo achar um quartinho barato por aí. Mas eu também to morrendo de fome. Não posso gastar. Ou eu durmo debaixo de um teto ou eu mato minha fome.

CONRADO: - Bom, eu estou indo fazer um lanche agora. Você é minha convidada.

SARAH: - Você tá me convidando pra jantar?!

CONRADO: - Sim. Aceita?

SARAH: - Mas é claro! Minha barriga tava roncando tanto que parecia uma bateria de escola de samba! E onde vai ser o rango?

CONRADO: - O rango?

SARAH: - É, o jantar.

CONRADO: - Ah, claro. Vai ser numa lanchonete aqui perto, de um amigo meu. Vamos?

SARAH: - É pra já!

Conrado pega a mala de Sarah.

CONRADO: - Pesadinha hein!

SARAH: - Minha vida toda tai dentro. Se quiser, eu levo/

CONRADO: - Não, pode deixar que eu levo pra você. Vamos indo.

Os dois vão saindo, conversando.

CENA 11. RESTAURANTE EUROPA-BRASIL. INT. NOITE.

Rafael e Beatriz estão sentados em uma mesa, no meio do salão do restaurante Europa-Brasil. Jantam felizes.

BEATRIZ: - Que lugar lindo, Rafa.

RAFAEL: - Nunca veio aqui?

BEATRIZ: - Nunca. É maravilhoso!

RAFAEL: - Sabia que você ia gostar. Eu gosto daqui. Venho poucas vezes, mas gosto quando estou aqui. É um ambiente agradável. E com uma companhia dessas, tão especial, fica tudo melhor.

BEATRIZ: - Ai, que lindo!

Os dois se beijam.

BEATRIZ: - Eu gosto tanto de você. Te amo tanto. Queria que esse momento bom durasse para sempre.

RAFAEL: - E vai. Eu vou fazer você a mulher mais feliz desse mundo.

Os dois brindam.

CENA 12. CASA ONIRA. COZINHA. INT. NOITE.

Onira cozinha no fogão. Marcos chega, beija a mãe.

ONIRA: - Que tarde que você chegou, filho! Já estava preocupada.

MARCOS: - Hoje os rapazes saíram mais cedo e eu fiquei. Precisava organizar umas coisas lá, acabei perdendo a hora.

ONIRA: - Mamãe já está terminando o jantar.

MARCOS; - O cheirinho tá ótimo! Eu vou pro banho então.

ONIRA: - Vá lá, que daqui a pouco tá na mesa.

Marcos sai. Onira mexe a panela. Aos poucos, sua aparência vai mudando. Sente-se um pouco sufocada, mal estar. Onira deixa a colher com que mexia na panela cair. Se equilibra no balcão da pia e coloca uma das mãos sobre o peito. Segura firme, respira fundo. Vai até o armário, abre, pega uma caixa bem no fundo. Abre a caixa, tira uma cartela de comprimidos. Toma um. Respira. Marcos chega na cozinha. Onira esconde a cartela.

MARCOS: - Ah, mãe, esqueci de avisar que... O que aconteceu?

ONIRA: - Nada não.

MARCOS: - A senhora tá bem, mãe?

ONIRA: - Tô bem, não aconteceu nada, já disse.

MARCOS: - Tudo bem. Só lembrei de avisar que peguei as correspondências lá embaixo. Está tudo no seu quarto.

ONIRA: - Está bem, obrigada, querido.

Marcos sai. Onira se recompõe

CENA 13. BARZINHO. EXT. NOITE.

Sentados em uma mesa, do lado de fora do bar, Carla, Plínio e Breno conversam. Carla e Breno com constantes trocas de olhares.

PLÍNIO: - E você Carla, trabalha onde?

CARLA: - Eu sou assistente comercial.

PLÍNIO: - Bacana. Eu trabalho numa agência de publicidade, a Ônix. Já ouviu falar?

CARLA: - Não, não ouvi.

PLÍNIO: - É uma agência nova ainda, mas muito competente. Nós recentemente fechamos uma parceria com/

BRENO: - Plínio, acho que a nossa amiga aqui não deve estar muito interessada em assuntos de trabalho.

PLÍNIO: - Ah não?

BRENO (olha firme para Plínio): - Não. Por que você não dá uma volta por aí, para ver se encontra alguém que também queira compartilhar esses assuntos com você.

PLÍNIO: - Ah, claro, entendi. Bom, vou deixar vocês conversarem então. Eu tive a impressão de ter visto um amigo mais lá adiante.

BRENO: - Então vá lá encontrar esse amigo.

PLÍNIO: - Tô indo poxa! (a Carla) Prazer em conhecer você, Carla.

CARLA: - Também foi um prazer, Plínio.

PLÍNIO: - Só não vai embora e me deixar aqui, Breno.

BRENO: - Se você continuar aqui eu juro que te esqueço.

PLÍNIO: - Fui!

Plínio levanta-se da mesa, sai. Breno e Carla ficam a sós.

CARLA: - Pra que falar assim com ele? Ele é legal.

BRENO: - Mas às vezes precisa de um toque, sabe? Mas me fala de você.

CARLA: - De mim?

BRENO: - É, de você... É tão misteriosa.

CARLA: - Misteriosa, eu? (risos) Eu sou é reservada, discreta, é diferente.

BRENO: - Diferente e sedutor.

Os trocam olhares profundos. Breno bebe a cerveja.

BRENO: - Eu sinto que você tem um segredo e não quer me falar.

CARLA: - Se é segredo com certeza eu não falaria mesmo. Mas que idéia maluca é essa? Vidente agora? Eu hein.

BRENO: - Eu só quero que você fique a vontade comigo.

CARLA: - Com essas conversas malucas aí, fica difícil né. Eu até morro de medo desse negócio de vidente, previsão... ui!

BRENO: - E amor, amor a primeira vista. Você acredita?

CARLA: - Sei lá. Nunca tive um amor à primeira vista.

BRENO: - Sabe que eu não acreditava muito nisso. Até que conheci uma pessoa.

CARLA (fingindo): - Que pessoa?

BRENO: - Uma pessoa aí. Talvez você saiba quem é.

CARLA: - Eu sei?! (risos) Acho que não.

BRENO: - Tem certeza que não sabe?

CARLA: - Nem desconfio quem seja. São Paulo é uma cidade tão grande!

BRENO: - Então vou te dar uma pista e aí você me fala se descobriu quem é ou não.

MUSIC ON: Zero  - Liniker e os Caramelows

Breno chega perto de Carla. Aos poucos, seus rostos se aproximam, os olhares se cruzam até que os lábios se tocam. Os dois se beijam.

BRENO: - Então, descobriu quem é?

Carla não fala nada, abre um sorriso discreto.

BRENO (sussurra): - Que tal a gente ir pra um lugar mais reservado?

MUSIC FADE.

CARLA: - Que tal a gente ir com um pouco mais de calma? Eu já vou indo, tá na minha hora.

BRENO: - Mas já? Assim, de repente?

CARLA: - Sim, eu preciso ir.

BRENO: - Bom, eu te levo então.

CARLA: - Não, não precisa. Eu pego um táxi aqui.

BRENO: - Imagina, eu levo você até/

CARLA: - Não precisa mesmo, Breno. Obrigada.

Carla faz sinal para um táxi que se aproxima. Ela entra no veículo e vai embora.

BRENO: - Que mulher é essa?!

Nele, ainda sob efeito do beijo.

CENA 14. LANCHONETE. INT. NOITE.

Conrado e Sarah fazem um lanche.

CONRADO: - A troco de quê que essa sua amiga te expulsou de casa?

SARAH: - A troco de nada! E outra, nem minha amiga ela era. Aquilo lá não é amiga de ninguém! Uma cobra!

CONRADO: - Tem certeza que você não fez nada grave?

SARAH: - Tá duvidando de mim, cara? (levantando-se) Obrigada por tudo, mas eu não vou ficar aqui pra você me achar uma mentirosa!

CONRADO: - Ei, calma aí, esquentadinha!

Sarah senta-se na cadeira.

CONRADO: - Desculpa eu ficar perguntando, mas é que eu não entendo como uma pessoa expulsa outra de casa sem nenhuma satisfação.

SARAH: - Ela é assim mesmo. Aquela vaga... Ai, ela se acha superior a tudo e a todos. A gente aqui não é mais do que ninguém. E acima de nós, só o cara lá de cima.

CONRADO: - Bom, eu tenho que ir embora. Você vai pra onde?

SARAH: - Vou ver se encontro um quartinho aí pra ficar. Amanhã eu vejo o que faço da vida.

CONRADO: - Você trabalha em algum lugar?

SARAH (disfarça): - Sim, sou garçonete num bar, só que é longe daqui.

Conrado abre a carteira, retira um dinheiro e deixa sobre a mesa.

CONRADO: - O lanche não precisa pagar, é por minha conta. Mas você pode ficar com esse dinheiro aí, pra você alugar um quarto num hotel, ficar mais confortável.

SARAH: - Nossa, cara! Você é um anjo!

CONRADO: - Que isso. É só uma pequena ajuda.

SARAH: - Valeu mesmo, seu... Seu... Qual o seu nome hein?

CONRADO: - Conrado. E o seu?

SARAH: - Sarah. (estende a mão)

Conrado retribui o cumprimento. Os dois trocam olhares. Conrado sorri, pega sua maleta e vai embora. Sarah o observa.

CENA 15. PENSÃO BEM QUERER. QUARTO CARLA. INT. NOITE.

Lívia conversa com Pedro. Ele deitado na cama, ela sentada ao seu lado.

LÍVIA: - A mamãe deu um novo passo para a nossa vida, meu filho. Agora tudo vai dar certo pra gente.

PEDRO: - Vai mamãe?

LÍVIA: - Vai sim, meu amor. E amanhã mesmo eu também já vou atrás de uma escolinha pra você. Pra você aprender coisas novas, fazer amiguinhos... Viver.

PEDRO: - Te amo, mamãe.

LÍVIA: - Também te amo, minha vida!

Lívia beija Pedro. Ele se vira na cama, para dormir. Ela o cobre com as cobertas. Jonas ENTRA.

JONAS: - Com licença.

LÍVIA: - Oi Jonas, entra.

JONAS: - Atrapalho?

LÍVIA: - Claro que não. Pedro agora vai dormir.

JONAS: - Mamãe comentou que ele brincou a tarde inteira. Gastou toda energia.

LÍVIA: - É tão bom ver que ele está bem. Se ele está bem, eu também fico bem.

JONAS: - É. Toda mãe é assim. Desculpa a pergunta, mas e o pai dele, Lívia?

LÍVIA: - Infelizmente o Pedro tem um pai que não o merece. Só Deus sabe o que eu passei. Mas agora é página virada, vida nova.

JONAS: - Claro, desculpa ficar perguntando isso. Não quero te trazer más lembranças.

LÍVIA: - Imagina Jonas, você não fez por mal. Eu também queria agradecer pelo apoio que você, seus pais estão me dando aqui. Obrigada mesmo.

JONAS: - Você merece Lívia. E agora com o trabalho no restaurante então, só tem a ficar ainda melhor.

Os dois ficam a se olhar por um tempo, clima. Carla ENTRA atrapalhando.

CARLA: - Gente do céu, minha cabeça tá a mil!

Jonas disfarça o olhar. Lívia também.

CARLA: - Oi Jonas, não sabia que você estava aqui.

JONAS: - Tava aqui falando com a Lívia, mas já vou indo. Amanhã o dia vai ser cheio na agência. Boa noite para vocês.

LÍVIA: - Boa noite.

Jonas sorri para Lívia, sai do quarto.

CARLA: - Ih... É impressão minha ou você e o Jonas...

LÍVIA: - Que eu e o Jonas o quê! Não tem nada não, pode deixar isso de lado. Quero saber de você! Onde esteve a noite inteira?

CARLA (senta na cama): - Ai amiga! Passei por um sufoco daqueles!

LÍVIA: - O que aconteceu?! Foi assaltada?!

CARLA: - Não. Eu tava na avenida, na luta...

LÍVIA: - Você continua nessa vida, Carla?! Ainda?!

CARLA: - O que eu posso fazer? Ainda não consegui outra oportunidade! Vou levando enquanto dá. Mas hoje, tremi na base.

LÍVIA: - O que houve?

CARLA: - Encontrei o carinha que eu te falei outro dia, o Breno. Ele e um amigo, bem na avenida. Ele me viu e eu tive que inventar uma desculpa pra justificar a minha presença na avenida naquela hora. A gente foi pra um bar, conversa vai, conversa vem, ele me beijou e me convidou pra ir para um lugar mais reservado.

LÍVIA: - E você foi!

CARLA: - Claro que não! Recusei e saí do bar o mais depressa possível. Fiquei totalmente confusa! Eu sou uma mulher toda difícil com homens, com jogo de cintura, mas perto dele parece que tudo isso vai por água abaixo. Com ele eu sinto que não é apenas sexo. E isso mexe comigo!

LÍVIA: - Claro que mexe! Você está envolvida, apaixonada por ele!

CARLA: - Apaixonada? Eu?! Não, claro que não. É apenas uma atração diferente, mas nada de paixão, Lívia.

LÍVIA: - Ah não?

CARLA: - Não! Eu sei o que é paixão e é totalmente diferente disso que eu sinto. Pelo menos eu acho que é.

LÍVIA: - Ai amiga, tá confusa mesmo hein!

CARLA: - O que eu faço?!

LÍVIA: - Coloca tudo na balança, pensa bem antes de agir pra não se arrepender. Ele sabe que você faz programa?

CARLA: - Não! Nem sonha! E nem pode saber! Imagina só!

LÍVIA: - Então tem mais uma questão aí. Você não vai poder esconder isso dele por muito tempo.

CARLA: - É, vou ter que pensar bastante nisso. Tomara que eu consiga resolver da melhor maneira possível.

LÍVIA: - E vai sim.

CARLA: - E você, o que fez hoje? Foi atrás de emprego?

LÍVIA: - Sim! Você nem sabe! O Kléber me levou até o restaurante onde ele toca à noite, me apresentou para o dono e ele me contratou como recepcionista!

CARLA: - Sério?!

LÍVIA: - Sim! Começo amanhã mesmo!

CARLA (abraça Lívia): - Ai que legal amiga! Me conta tudo direitinho, como foi? O que você vai fazer lá?

As duas seguem conversando, animadas.

CENA 16. APTO MARILU. QUARTO. INT. NOITE.

Marilu e Tarcísio deitados na cama. Ela com a cabeça sobre o peito dele.

MARILU: - Hoje você estava irreconhecível. Me surpreendeu pela visita e aqui na cama.

TARCÍSIO: - Impossível não me sentir inspirado com uma mulher como você.

MARILU: - Falando isso, meu ego vai lá nas alturas. Ninguém nunca me deixou assim, com essa sensação maravilhosa de ser desejada.

Silêncio. Marilu percebe.

MARILU: - Tá com a cabeça longe é?

TARCÍSIO: - Pensando.

MARILU: - Qualquer coisa para saber o que se passa na sua cabeça agora.

TARCÍSIO: - Meus pensamentos não estão a venda ou no mercado de trocas.

MARILU: - E eu não posso saber nada? Nada mesmo?

TARCÍSIO: - A única coisa que você pode saber é que eu vou fazer algo importante.

MARILU: - Como assim?

Tarcísio levanta-se da cama, começa a se vestir.

TARCÍSIO: - Uma decisão importante. Você vai ver.

MARILU: - Esse seu mistério é ao mesmo tempo que instigante, sedutor.

TARCÍSIO: - Minha vida não é um livro aberto. Talvez por isso esse fascínio todo.

Tarcísio termina de se vestir, beija Marilu e vai embora. Ela se mostra curiosa.

MARILU: - O que será que ele vai fazer?!

Marilu fica pensativa.

CENA 17. SÃO PAULO. EXT. NOITE.

Takes rápidos da cidade na transição da noite para o dia.

CENA 18. CASA ALFREDO. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Alfredo e Inês tomam café.

INÊS: - Ai, hoje o dia será agitado.

ALFREDO: - Por que? Algum compromisso?

INÊS: - O Chá das Gérberas será realizado aqui em São Paulo pela primeira vez. A mulherada está em polvorosa. E a presidente do grupo, a Janeth, me convidou para ir. Mas sei lá.

ALFREDO: - Mas você sempre vai quando é no Rio. Agora que é aqui você está com preguiça?

INÊS: - Não é preguiça. Estou um pouco resistente com certas coisas. Foi-se o tempo em que o chá das Gérberas era um evento agradável, de boas conversas. Hoje as mulheres vão pra lá pra ficar reparando uma na roupa da outra, fofocas. Isso não é o meu estilo.

ALFREDO: - Mas a Agda, Charlote, Elizabeth... Elas não vão também? Podem te fazer companhia.

INÊS: - Agda vai todos os anos. A Beth acho difícil. Mas Charlote não sei. Vou ligar pra ela mais tarde pra saber se ela vai.

O celular de Alfredo toca.

ALFREDO: - Meu celular. Devem estar me convidando para o chá também. (risos)

Inês acha graça. Alfredo levanta-se da mesa, vai até a mesinha onde está o celular, atende.

ALFREDO: - Alô. (T) Bom dia, Tarcísio, como vai? (troca olhares com Inês). Certo. Agora pela manhã? (T) Não, tá tudo bem. Pode me adiantar o assunto por aqui ou... (T) Sei... claro, como quiser. Nos vemos daqui a pouco então. (T) Até logo. (desliga o aparelho)

INÊS: - Tarcísio?

ALFREDO: - Quer uma reunião urgente comigo e não quis nem adiantar o assunto. A voz dele estava séria.

CENA 19. CASA TARCÍSIO. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Elizabeth, Agda e Vitória tomam café.

VITÓRIA: - E a Beatriz deixou pra mim lá na Amaro dois convites para a festa da Flash Paulista, hoje à noite.

AGDA: - Teremos um dia cheio de eventos hoje então. À tarde temos o Chá das Gérberas, pela primeira vez aqui em São Paulo. E graças a mim.

ELIZABETH: - De tanto você falar pra pobre da Janeth, não é mamãe?

AGDA: - Mas é claro! Parece que só no Rio de Janeiro que tem mulheres dignas da alta sociedade? Não não, aqui em São Paulo também há belas damas. Falando nisso, você vai comigo, Beth?

ELIZABETH: - Ainda não sei mamãe. Não to com clima pra isso.

VITÓRIA: - Bom, mãe, eu vou com o Fabrício na festa da revista, mas se você quiser, eu peço pra Beatriz mais um convite e aí você vai com a gente.

AGDA: - Você precisa sair, Beth. Ficar trancada dentro dessa casa sozinha não é bom.

ELIZABETH: - Eu não fico sozinha. Tem a Nice, o Moisés... Eles me fazem companhia.

AGDA: - Ah, os empregados?! (risos) Só você mesmo.

ELIZABETH: - Também são pessoas, mamãe, não esqueça disso.

Tarcísio chega para surpresa das três. Elizabeth sorri (feliz).

VITÓRIA: - Papai!

TARCÍSIO: - Oi minha filha! Bom dia para vocês!

ELIZABETH: - Como vai, Tarcísio?

TARCÍSIO: - Tudo bem. E você?

ELIZABETH: - Bem também.

AGDA: - Veio fazer o que aqui na minha casa?

TARCÍSIO: - Pegar o que ainda me resta, Agda. E não se preocupe, não vou levar nada do que é seu.

Tarcísio sai. Elizabeth vai atrás dele.

AGDA: - Sua mãe é bem boba mesmo.

VITÓRIA: - Ela gosta do papai, vovó. Ninguém é bobo por amar alguém.

AGDA: - É sim. É bobo quando ama alguém que não lhe tem mais amor. Isso é burrice já. (saindo da mesa) Vou organizar minhas coisas para o chá.

Vitória fica sozinha na mesa, continua seu café.

CENA 20. REDAÇÃO REVISTA FLASH PAULISTA. INT. DIA.

Movimentação na redação da revista. Beatriz, em sua mesa, conversa com Isabela.

ISABELA: - Menina, to passada! O Rafael te pediu em namoro?!

BEATRIZ: - Nem eu acredito ainda, Isabela! TÔ no céu!

ISABELA: - E tem que estar mesmo! Até que enfim ele decidiu assumir o romance de vocês.

BEATRIZ: - Confesso que eu tive que dar uma prensa nele pra isso acontecer. Mas o que importa é que aceitou. Me levou pra jantar no chiquérrimo Europa-Brasil e depois passamos a noite juntos no apartamento dele.

ISABELA: - Nossa, quanto amor, quanto romance! Tá me dando uma invejinha básica de você agora. (risos) Mas eu estou muito feliz por você, amiga.

BEATRIZ: - Eu sei disso, Isabela. E quando chegar o casamento, você já sabe quem vai ser a madrinha, né?

As duas riem. Conrado se aproxima.

CONRADO: - Acredito que as risadas sejam porque já concluíram todos os preparativos para o evento de hoje à noite.

BEATRIZ: - Estamos quase, Conrado.

CONRADO: - Então não está pronto ainda, portanto, nada de conversinha e todo mundo ao trabalho.

ISABELA (saindo): - Ih, já vi que alguém acordou de mau humor hoje.

Conrado vai atrás dela. Os dois caminham por entre as mesas da redação.

CONRADO: - E você queria que eu acordasse feliz da vida depois daquele fora que você me deu ontem?

ISABELA: - Se eu soubesse que aquilo causaria esse mau humor todo, teria ficado com as flores e devolvido só depois da festa.

CONRADO: - Tá vendo? Você ia devolver as flores. E o mau humor viria, cedo ou tarde.

ISABELA: - E o que você quer que eu faça Conrado pra acabar com isso de uma vez?

CONRADO: - Aceita o meu convite de ir à festa comigo.

ISABELA: - Mas eu já vou na festa mesmo assim. Esqueceu que a reportagem de capa é minha?

CONRADO: - Mas eu quero que você vá comigo para a festa depois do nosso jantar.

ISABELA: - Jantar?!

CONRADO: - Isso mesmo. A gente janta o Europa-Brasil e depois vai para a festa. O que você acha?

ISABELA: - Eu acho você um louco, porque ainda não entendeu que/

CONRADO: - Por favor, Isabela! Aceita o meu convite. Como amigos.

Isabela olha séria para Conrado, que faz cara de pidão.

ISABELA: - Tá bom. Mas como amigos, hein!

CONRADO: - Passo na sua casa às oito.

ISABELA (saindo): - A gente se encontra no restaurante. É melhor.

Conrado vibra, contido.

CENA 21. CASA TARCÍSIO. QUARTO. INT. DIA.

Tarcísio vai saindo do closet com suas roupas. Elizabeth chega na porta do quarto.

TARCÍSIO: - Pode entrar. O quarto é seu.

ELIZABETH (entrando): - É seu também.

TARCÍSIO: - Não mais. Mas eu não fico triste por isso. Foram bons momentos aqui dentro.

ELIZABETH: - Isso tudo fica tão vazio sem você aqui.

TARCÍSIO: - Beth, nós já falamos sobre isso/

ELIZABETH: - Eu sei, eu sei, desculpe.

MUSIC ON: Sua estupidez – Roberto Carlos

Tarcísio continua a retirar suas roupas do closet e colocar dentro da mala. Elizabeth observa, sentada na cama.

ELIZABETH: - É impossível acreditar que você ainda não consegue organizar sua própria mala, Tarcísio.

TARCÍSIO: - Culpa sua, que sempre cuidou disso e não deixava eu colocar as mãos em nada!

ELIZABETH: - Também pudera né, você esquecia metade das coisas pra levar! Lembra quando nós fomos para Paris pela primeira vez? Em pleno inverno europeu, você esqueceu de levar o casaco! (risos)

TARCÍSIO: - É, realmente uma gafe enorme minha... (risos)

ELIZABETH: - E nas férias de verão em Miami, onde você levou a mala errada? Pegou a que era para Londres e acabou trocando tudo. Ternos e calças ao invés de bermudas e camisetas.

TARCÍSIO: - Foram situações divertidas. Mas você também não fica pra trás. Aquele final de semana em Campos do Jordão, onde você esqueceu sua maleta de maquiagem aqui em casa e depois lá não queria sair pra rua pra ninguém te ver!

ELIZABETH: - Claro! Uma mulher sem maquiagem é praticamente uma mulher nua! (risos)

Silêncio no quarto.

ELIZABETH: - Foram tempos bons...

Tarcísio senta-se na cama, ao lado dela.

TARCÍSIO: - Por isso que eu estou indo. É melhor a gente ficar apenas com as lembranças boas do nosso casamento.

ELIZABETH: - Você não tem nem um pouco de esperança em recomeçar?

TARCÍSIO: - Tenho, claro, mas pra isso mesmo que eu preciso desse tempo pra mim. Vai ser bom pra você também.

ELIZABETH: - Será?

Tarcísio fecha a mala, levanta-se. Elizabeth também. Os dois se olham, afeto. Se abraçam fortemente.

TARCÍSIO: - Até a próxima.

ELIZABETH: - Vá com Deus.

Tarcísio sai. Elizabeth, sentida, fica sozinha no quarto.

ELIZABETH: - Pode ir Tarcísio, vá ser feliz. Mas se for para ter alguém ao seu lado, que seja eu!

CENA 22. CASA TARCÍSIO. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

MUSIC OFF.

Tarcísio descendo as escadas. Vitória na sala, sentada no sofá. Agda vai chegando no local.

VITÓRIA: - Vai pra empresa, papai?

TARCÍSIO: - Não, minha filha, eu vou deixar essa mala no hotel ainda e/

AGDA: - Nunca pensei que veria essa cena. Mentira, já pensei sim. Me surpreende a demora com que ela custou pra chegar.

TARCÍSIO: - A mim não surpreende em nada. As coisas acontecem no seu tempo, como deve de ser.

AGDA: - Oh, entendedor das razões do tempo agora, Tarcísio? VITÓRIA: - Vovó, por favor...

AGDA: - Seu pai acabou com a vida da sua mãe e você quer que eu fique calada, Vitória?

VITÓRIA: - Não é isso não. Acontece que já chega, eles estão resolvendo os problemas deles e a gente não pode se meter. A gente deve é torcer para que ambos sejam felizes, seguindo juntos ou não.

TARCÍSIO: - Deixa ela falar, Vitória, deixa. Sua avó é uma ingrata. Enquanto eu estava reerguendo, quadruplicando o patrimônio dela, eu servia. Agora que ela está vendo que não está mais podendo contar comigo, me ataca.

AGDA: - Que audácia a sua me acusar de ingratidão, Tarcísio. Está deixando para trás a mulher que te amou intensamente. E não se esqueça que você só é o que é e só tem o que tem hoje, graças a mim, à minha influência, ao meu dinheiro!

TARCÍSIO: - Eu não sou ingrato pelo amor da Beth não. E eu guardo um sentimento por ela muito forte. Sobre a sua influência, dane-se! Por isso mesmo que eu estou indo embora daqui, pra não ter mais nada do que é meu perto de você. Pena eu não poder levar meus filhos junto.

AGDA: - Cara de pau.

VITÓRIA: - Não briguem gente, por favor!

Tarcísio abraça Vitória.

TARCÍSIO: - Não vou brigar, minha filha. Eu te amo muito.

VITÓRIA: - Também te amo, pai.

Tarcísio encara Agda, pega sua mala e vai embora. Agda irritada.

AGDA: - Ele consegue me tirar do sério!

VITÓRIA: - Você também provoca, né vovó! (pega sua bolsa) To indo pra clínica falar com o Fabrício. Avisa a mamãe pra mim.

Vitória sai. Agda fica na sala, ainda tensa pela discussão com Tarcísio.

CENA 23. APTO MARILU. SALA. INT. DIA.

Paulo e Marilu conversam.

PAULO: - Tirou a sua amiga daqui então?

MARILU: - Amiga? Aquilo lá era um encosto.

PAULO: - E ela foi pra onde?

MARILU: - Sei lá. Espero que tenha ido pros quintos do infernos. E você tá tão preocupado com ela assim por que? Interessado é?

PAULO: - Mas é lógico. É preciso ter certeza de que ela não vai voltar mais aqui, atrapalhar o nosso plano. Essas vadias barraqueiras, tem que tomar cuidado com elas.

MARILU: - Pode ficar tranqüilo que o que eu fiz não tem furo não. A Sarah nem em sonho vai voltar pra cá.

PAULO: - Assim espero. E então, ele veio aqui ontem?

MARILU: - Veio. Mas eu achei ele meio estranho, mais calado, pensando muito.

PAULO: - Humm... Isso pode ser bom. Ele já saiu de casa, agora pode estar querendo realmente se separar da mulher.

MARILU: - Antes de ir embora ele disse que ia tomar uma decisão muito importante, mas não me falou sobre o que era. Fiquei curiosa, mas não insisti.

PAULO: - Fez bem. Tarcísio não gosta de intromissões. Ah, Marilu, nosso plano tem que dar certo. Você amarra bem o Tarcísio, eu tiro o Rafael da jogada e fico sozinho no comando da empresa.

MARILU: - Pode deixar que a gente vai conseguir alcançar o nosso objetivo logo logo.

Os dois se olham, confiantes.

CENA 24. ESCRITÓRIO ALFREDO. SALA ALFREDO. INT. DIA.

Tarcísio conversa com Alfredo.

ALFREDO: - Separação?!

TARCÍSIO: - Não entendi o seu espanto, mas é isso mesmo. Quero que você providencie tudo sobre a minha separação com a Elizabeth.

ALFREDO: - Desculpa, Tarcísio. Você e a Beth são meus amigos e, tinham uma relação tão boa, realmente me surpreende o seu pedido.

TARCÍSIO: - Não é novidade pra ninguém, Alfredo. Eu até já saí de casa. A Inês já deve saber disso. E outra, casamento não é conto de fadas, não dura para sempre.

ALFREDO: - Nem todos. Não podemos generalizar.

TARCÍSIO: - É verdade, nem todos. Mas vamos ao que interessa. Você pode fazer isso pra mim?

ALFREDO: - Claro. Eu só preciso que você me fale os detalhes, cláusulas, já que você e a Beth tem um patrimônio em comum, enfim.

TARCÍSIO: - Claro. E com certeza a Agda vai querer uma parte nisso. Sanguessuga. Mas, Alfredo, tem outro assunto que eu quero que você resolva para mim, tão importante quanto esse da minha separação.

ALFREDO: - Qual?

TARCÍSIO: - Meu testamento.

Alfredo se mostra surpreso.

CENA 25. CLÍNICA DR. FAUSTO. CANTINA. INT. DIA.

Adriana e Fabrício conversam, sentados numa mesa da cantina.

FABRÍCIO: - E aí, como está o seu paciente?

ADRIANA: - Está se recuperando bem. TÔ tão feliz. O Seu Ulisses é uma pessoa tão querida. E a esposa dele está sempre do lado, dando força, dando apoio, o que é muito importante.

FABRÍCIO: - A família é fundamental na recuperação de um paciente.

ADRIANA: - Com certeza. Eles se sentem mais seguros e mais capazes de enfrentar os problemas, tendo a família do lado.

Nesse instante, Vitória se aproxima dos dois.

VITÓRIA: - Como vão os meus médicos preferidos?!

ADRIANA: - Nossa, quanta honra!

VITÓRIA: - Claro, Adriana! Você sempre linda, sorridente, bom astral, uma médica competente. Mas não fica chateada se eu disser que o melhor de todos é esse daqui (beijando Fabrício)

ADRIANA: - Claro que não ficarei chateada. E espero que nem você fique com ciúmes se eu disser que adoro muito esse cara.

VITÓRIA: - Eu? Imagina! Vindo de você eu só tenho a agradecer a sorte que eu tive de encontrar essa pessoa na minha vida.

FABRÍCIO: - Meu Deus! Diante de tantos elogios, eu fico extasiado!

Eles riem.

ADRIANA (levantando-se): - Vou pegar mais um café e bater um papo com o Almir, ali no balcão. Vou deixar os pombinhos a sós.

Adriana sai. Vitória senta-se no lugar dela.

FABRÍCIO: - Que surpresa boa ver você aqui.

VITÓRIA: - Tava morrendo de saudades. Mas eu vim para falar sobre a festa da revista Flash Paulista. Tá sabendo né?

FABRÍCIO: - To sim. Meu chefe é a matéria de capa.

VITÓRIA: - Pois então, a Beatriz deixou um par de convites pra mim... Quero saber se você aceita ir comigo na festa hoje.

FABRÍCIO: - Claro que sim. Aqui na clínica pelo visto ninguém vai. Mas eu vou adorar ir com você, minha linda!

Os dois se beijam. Ao fundo, Mayra vai chegando no local e vê a cena. Ela abre um sorriso sacana e se aproxima do casal.

MAYRA: - Olha o casalzinho mais fofo de São Paulo!

Vitória e Fabrício trocam olhares.

VITÓRIA: - Não tá vendo que você está atrapalhando, Mayra?

MAYRA: - Eu? Atrapalhando? Não, não estou não. Isso tudo aqui é meu. Quem atrapalha aqui é você, vindo falar com o namoradinho durante o expediente. Aqui é o serviço dele e não a casa da Mãe Joana.

FABRÍCIO: - Mayra, por favor! Deixa a gente em paz.

MAYRA: - Ai Fabrício, o que você me pede que eu não faço? Eu vou sim, deixar vocês namorarem em paz. Até porque, pelo o que eu posso ver, ela aceitou super bem o que você fez comigo ontem.

VITÓRIA: - Que história é essa?!

MAYRA: - Fabrício! Você não falou pra ela?

VITÓRIA: - Falou o que?! Do que ela está falando, Fabrício?

FABRÍCIO: - Nada! Essa garota é maluca!

MAYRA: - Eu não acredito, Fabrício que você não disse nada para a sua amadinha! Também né, seria muita bondade ou burrice sua falar o que aconteceu.

VITÓRIA (levanta-se, encara Mayra): - Fala logo, garota! Essa mentira toda que você vai falar!

MAYRA: - Mentira?! Isso é mais pura verdade, minha querida. Eu e o seu namorado estivemos juntos ontem, no apartamento dele.

VITÓRIA: - O que?!

Adriana, no balcão, vê a cena.

ADRIANA: - A Mayra... Ai ai ai, não vai dar boa coisa não.

Vitória fica surpresa. Mayra a encara, sarcástica.

VITÓRIA: - O que você está dizendo?!

MAYRA: - É a mais pura verdade.

VITÓRIA: - Isso é verdade, Fabrício?!

FABRÍCIO: - Sim, mas não é nada disso que ela está insinuando aí, meu amor. Acontece que/

MAYRA: - Pode até confirmar com o porteiro do prédio. O seu Hélio é um fofo, me tratou super bem. Mas o tratamento melhor eu tive dentro do apartamento. É lindo, confortável. Ainda estão chegando as coisas da mudança, mas quando estiver tudo pronto,  vai ficar uma graça! Mas agora, aquele colchão do quarto dele... É maravilhoso!

Vitória não se segura e dá um tapa no rosto de Mayra. Adriana chega a tempo de segurar Mayra, que ia partir para cima de Vitória, que é afastada por Fabrício.

MAYRA: - Sua louca! Desgraçada!

VITÓRIA: - Louca é você, sua vadia!

ADRIANA (segurando Mayra): - Mayra, para com isso, agora!

Fabrício se afasta com Vitória.

FABRÍCIO: - Calma, Vitória!

VITÓRIA: - Calma?! Você me pede calma? Essa vadia deu todos os detalhes do seu apartamento, e você confirmou, Fabrício! Você esteve com ela lá?

FABRÍCIO: - Ela esteve lá sim, mas não aconteceu nada! Eu não quis nada com ela, não quero!

VITÓRIA: - Quem não quer sou eu, Fabrício. Não quero ouvir mais nada. TÔ muito decepcionada com você. (saindo)

FABRÍCIO: - Vitória, espera! Vitória!

Vitória vai embora. Fabrício vai atrás. Adriana repreende Mayra.

MAYRA: - E você não tinha nada que ter se metido, Adriana! Eu ia dar um jeito naquela sem sal!

ADRIANA: - Você é que não deveria se meter na vida deles. Você acha isso tudo muito bonito, estragar a felicidade de um casal que se ama?

MAYRA: - Que ama o quê! Fabrício nem gosta da Vitória. Tá com ela só pra se divertir. Ele gosta é de mim e vai ficar comigo.

ADRIANA: - Se um dia isso vier a acontecer, vai ser porque você se tornou uma pessoa boa, de caráter, que respeita os outros. A sua prepotência, arrogância e falta de respeito, só vão te afastar dele. E das outras pessoas também.

Mayra nem dá ouvidos para o que Adriana fala. Pega sua bolsa e vai embora. Fabrício chega de volta.

ADRIANA: - E aí, Fabrício, falou com a Vitória?

FABRÍCIO: - Foi embora sem nem olhar na minha cara. Que droga, Adriana.

ADRIANA: - Calma, meu amigo. Ela vai entender e vocês vão se acertar.

CENA 26. AGÊNCIA ÔNIX. SALA MARCOS. INT. DIA.

Marcos oferece um café para Rafael.

MARCOS: - Mas a que devo a honra dessa visita?

RAFAEL: - Você fala como se eu nunca tivesse vindo aqui.

MARCOS: - Acontece que faz tanto tempo que você não vem aqui que parece que nunca veio!

RAFAEL: - Sem graça você. Mas falando sério agora. Vim aqui pra te dar uma notícia em primeira mão.

MARCOS: - É mesmo? Fala aí, qual é a boa? (toma um gole do café)

RAFAEL: - Eu e a Beatriz estamos namorando.

Marcos cospe o café. Rafael se surpreende. Ambos riem da situação.

RAFAEL: - O que isso cara! Tá maluco?

MARCOS: - Desculpa Rafa, mas você realmente me pegou de surpresa. Namorando com a Beatriz, é isso mesmo?!

RAFAEL: - É isso sim. Eu resolvi assumir o nosso relacionamento.

MARCOS: - Cara, só pode ser milagre. O homem avesso a namoros, romance, só preocupado com os negócios da família, com a direção da empresa... Se bem que, tava na hora mesmo né, Rafael? Há quanto tempo que você e a Beatriz estão, ficando?

RAFAEL: - Um bom tempo mesmo. Ela me colocou na parede e eu não tive saída.

MARCOS: - Ah, então não foi por livre e espontânea vontade!

RAFAEL: - Foi por livre e espontânea pressão! Mas por um lado foi bom, sabe. Eu gosto da Beatriz. Ela é uma mulher linda, inteligente, carinhosa, tem um jeito todo especial. Acredito que a gente vai dar certo sim, agora num namoro de verdade.

MARCOS: - E pode contar comigo sempre. Eu dou a maior força pra vocês. Se você está feliz, eu também to feliz e a assim a vida segue.

RAFAEL: - Valeu mesmo, Marcos. Mas e você? Sozinho até quando? Cuidado pra não ficar pra titio, hein!

MARCOS: - Ih rapaz, sai pra lá! A minha hora vai chegar, você vai ver.

Os dois seguem conversando, brincando.

CENA 27. CHÁ DAS GÉRBERAS. SALÃO. INT. DIA.

PLANO GERALA de um lindo salão, totalmente decorado com gérberas de diversas cores. Muitas mulheres da alta sociedade, conversando em mesas grandes, com louças requintadas. Agda, acompanhada de Charlote, está sentada em uma das mesas no salão.

CHARLOTE: - Por que a Elizabeth não veio? Está perdendo um lindo evento.

AGDA: - Depois de hoje de manhã, aí sim que ela não viria mesmo.

CHARLOTE: - O que aconteceu hoje de manhã?

AGDA: - Tarcísio foi lá em casa, pegar o resto das roupas, das coisas dele.

CHARLOTE: - Não me diga!

AGDA: - Foi embora definitivamente. Dei graças a Deus. A convivência com ele estava sendo insuportável, fora toda a falta de respeito dele com a Beth. O ápice foi na festa das bodas, que ele não foi. Deixou toda família com a honra lá no chão.

CHARLOTE: - Foi realmente um episódio muito desagradável, mas eu não esperava que ele fosse/

AGDA: - Esperava sim. Todo mundo esperava, Charlote. Não vamos tapar o sol com a peneira. Mais cedo ou mais tarde todos nós sabíamos que isso ia acontecer. Até mesmo a própria Beth sabia. Mas boba do jeito que ela é, não quis ver o óbvio.

Charlote vê Inês entrar no salão.

CHARLOTE: - Olha lá, Inês!

Inês se aproxima delas na mesa.

INÊS: - Boa tarde!

AGDA: - Boa tarde, Inês! Senta!

Inês senta junto com elas.

CHARLOTE: - Pensei que você não viesse.

INÊS: - E não ia vir mesmo, mas depois fiquei pensando... Ficar em casa sozinha, nesse dia lindo. Resolvi vir.

AGDA: - Fez bem! Um evento como esse, da alta sociedade, não se pode perder. É bom para fazer contatos.

INÊS: - Mas que contatos eu faria aqui, Agda? Não estou interessada em comércio ou algo do tipo.

AGDA: - Oh, Inês... Todas as mulheres mais influentes da alta sociedade paulistana, carioca, mineira, gaúcha, todas aqui. Sempre há o que trocar de experiências, referências e/

Agda avista alguém, de longe, sentada em uma mesa, de costas para ela. Agda fica séria.

CHARLOTE: - O que foi Agda?

AGDA: - Nada não. Eu vi uma pessoa, acho que conheço. Vou lá cumprimentar. (levanta-se e sai)

INÊS: - E Isabela, pensei que viria com você, Charlote?

CHARLOTE: - Muito trabalho, né Inês. Hoje à noite tem a festa da revista. Então ela tá correndo com os preparativos pra tudo sair como o planejado.

Agda vai em direção a tal pessoa. Ela se aproxima.

AGDA: - Não posso acreditar que você esteja aqui nesse ambiente tão refinado.

A tal pessoa, de costas para Agda, se levanta da cadeira e vira-se para ela. É Rosa.

AGDA: - Quanto tempo, não é? Rosa.

As duas se encaram.

CENA 28. ACADEMIA. INT. DIA.

Carla está fazendo esteira, ouvindo música no seu mp3, quando Breno chega. Ela se surpreende.

CARLA: - Breno! (continua na esteira, se exercitando)

BRENO: - Será que a gente pode conversar?

CARLA: - Como você sabia que eu estava aqui? Anda me seguindo é?

BRENO: - Foi aqui que a gente se viu pela primeira vez.

CARLA: - Mentira, a gente se viu a primeira vez no hotel lá na Paulista.

BRENO: - Verdade. Mas foi aqui a gente realmente trocou aquela ideia legal. E você não é a única pessoa a frequentar essa academia. Eu também frequento aqui. Ou seja, não estou te seguindo.

CARLA: - Tá certo. Vai me dizer então que foi o acaso? Acaso não, o destino!

BRENO: - Bem que poderia ser. Vai ver ele quer que a gente fique junto, mas pelo visto você não quer.

CARLA (para a esteira): - Quem disse que eu não quero?

BRENO: - Ué! Ontem foi embora correndo, apressada... Te dei meu número aqui mesmo na academia e você nem ligou!

Ela sai da esteira, caminha entre os aparelhos, Breno vai atrás.

CARLA: - Pra você ver como as mulheres sofrem com os homens que não ligam no dia seguinte.

BRENO: - Tá vendo? Tá fugindo de mim, de novo.

CARLA: - Eu não estou fugindo de você, Breno.

Ela para em frente ao espelho, pega uns halteres, faz exercícios.

CARLA: - Ontem eu só fui embora daquele jeito porque... Porque...

BRENO: - Porque...?

CARLA: - Porque eu me passei no horário e não deveria. Só por isso.

BRENO (fica frente a frente com ela): - E hoje?

CARLA (para o exercício): - O que é que tem hoje?

BRENO: - Tá afim de sair comigo de novo? Tem uma festa super bacana pra ir, da empresa da minha irmã e/

CARLA: - Ih, essas festas coorporativas são um saco!

BRENO: - Essa não, é diferente, vai ter música ao vivo, com show da Maria Rita.

CARLA: - Maria Rita é? Adoro!

BRENO: - Então, vai ser no Morumbi. Tá afim?

CARLA: - Tá bom, eu vou sim. Aceito o seu convite.

BRENO: - Coisa boa! E a que horas eu te pego?

CARLA: - A hora que ficar melhor pra você.

BRENO: - Passo na sua casa às nove. Tá bom assim?

CARLA: - Tá ótimo.

BRENO: - Só tem um problema. Eu não sei onde você mora.

CARLA (pensa): - Ai, ferrou...

BRENO: - Fala aí onde você mora que eu te busco.

CARLA: - Ai, droga! Lembrei!

BRENO: - Lembrou do quê?

CARLA (mente): - Eu preciso resolver uns negócios pra uma amiga, pra hoje ainda. Ela sempre me ajuda sabe, e hoje ela pediu pra eu dar uma mão pra ela e/

BRENO: - E aí que você está se esquivando de sair comigo.

CARLA: - Não! Não to não! Eu vou sim! Não sou louca de perder um festão desses com Maria Rita cantando e tudo, lá no Morumbi! Mas é que não sei se vai dar pra você ir me pegar, porque provavelmente eu vou estar empenhada ajudando minha amiga. Então a gente faz assim, você me fala onde vai ser a festa e a gente se encontra lá na frente, que tal?

BRENO: - Pra que tudo isso? Eu não me importo de ir pegar você e/

CARLA: - Não, não ,não! Não precisa se incomodar. Vamos deixar combinado assim, a gente se encontra lá na festa e fica tudo ok.

BRENO: - Se é assim, então pega aí o endereço.

CARLA: - Não tenho nada pra anotar aqui. Vamos lá na esteira, eu pego minha bolsa, anota tudo e fica tudo certo.

Breno concorda e Carla respira mais aliviada.

CENA 29. CHÁ DAS GÉRBERAS. SALÃO. INT. DIA.

Agda e Rosa ficam frente a frente.

AGDA: - Estou chocada em te ver aqui, no meio da alta sociedade.

ROSA: - Confesso que também estou surpresa em rever você. Mas não me espanto em vê-la na alta sociedade, já que isso se deve em grande parte ao dinheiro que não é administrado por você.

AGDA: - Rosa, Rosa... Continua a mesma pessoa petulante de mais de 30 anos atrás.

ROSA: - E você também não mudou nada, Agda, continua arrogante, prepotente e com as rugas no rosto.

AGDA: - O que você faz aqui? Esse evento é para pessoas qualificadas, de bem e não para qualquer uma.

ROSA: - Estou aqui porque sou qualificada e sou uma pessoa de bem. Eu dei sorte na vida, Agda. Você não conseguiu me derrubar.

AGDA: - Deve ter dado é muito golpe, isso sim.

ROSA: - Eu casei com um homem bom, que me deu todo o conforto e carinho. Me deu oportunidades, me fez conhecer pessoas e é graças à essas pessoas que hoje eu estou aqui.

AGDA: - Lindo o seu conto de fadas. Comovente.

ROSA: - O evento está lindo, não está? A Janeth pediu para que eu cuidasse da decoração.

AGDA: - A Janeth?! De onde você conhece a Janeth?

ROSA: - Eu e Janeth somos muito amigas, nos conhecemos lá no Rio de Janeiro e ela me convidou para fazer parte do Grupo das Gérberas.

AGDA: - A partir de hoje, a Janeth desceu um degrau no meu conceito. Eu só não ponho você daqui pra fora, porque/

ROSA: - Por que você não tem poder, não manda mais em ninguém. Nem na sua filha querida.

AGDA: - Não fale da minha filha!

ROSA: - Você conseguiu juntá-la ao Tarcísio, mas não deu certo não é? Ela foi infeliz esse tempo todo. Claro, deve ser difícil ficar com um homem que não te ama. E agora, como será que ela está, já que ele está jogando a toalha.

AGDA: - Como você sabe dessas coisas?! (insinua) Você e ele estão se encontrando!

ROSA: - Engano seu, Agda. Eu e Tarcísio não nos vemos há muito tempo, anos pra falar a verdade.

AGDA: - Então como/

ROSA: - Se você não se importa, eu gostaria de voltar a curtir o chá, o evento, que está tão bonito. E não vai ser a sua arrogância que vai estragar a minha tarde.

Agda engole a seco, fuzila Rosa com o olhar. Rosa a encara firmemente. Agda volta para sua mesa. Rosa senta-se novamente, pensativa. Agda senta-se à mesa.

CHARLOTE: - Quem é aquela sua amiga, Agda?

INÊS: - Não a conheço.

AGDA: - Não é uma amiga. Pensei que fosse, mas não é.

INÊS: - Mas pelo tempo que ficaram conversando, fizeram amizade então.

AGDA: - Engano seu. Apenas trocamos algumas palavras, só isso.

Charlote e Inês voltam a conversar, comentar sobre o evento. Agda séria, pensativa.

CENA 30. SÃO PAULO. EXT. NOITE

Take rápido da cidade na transição dia-noite. CORTA PARA o edifício onde Marilu mora.

CENA 31. EDIFÍCIO. EXT. NOITE.

Marilu sai do prédio indo em direção a um carro estacionado na frente. Ela ENTRA no veículo. Tarcísio está dentro.

MARILU: - Me vendo duas vezes hoje? Assim vou ficar mal acostumada.

TARCÍSIO: - Tenho uma surpresa pra você.

MARILU: - Surpresa?

Tarcísio abre um sorriso. Liga o carro e segue.

CENA 32. HOTEL LUXO. APTO TARCÍSIO. QUARTO. INT. NOITE.

Tarcísio e Marilu estão no local. Sobre a cama, um lindo vestido de festa, vermelho. Marilu está encantada.

MARILU: - Meu Deus! Eu nunca vi uma roupa tão linda como essa! Só em filmes, mas assim, na minha frente...

TARCÍSIO: - É seu.

MARILU: - Não, você só pode estar brincando comigo.

TARCÍSIO: - Não estou não. Quero que você use esse vestido hoje. Vamos a uma festa e quero que você esteja linda ao meu lado.

Marilu se aproxima de Tarcísio, o beija intensamente.

MARILU: - Eu vou ser a mulher mais linda que você já viu.

CENA 33. CASA TARCÍSIO. QUARTO VITÓRIA. INT. NOITE.

Elizabeth entra. A filha está deitada na cama, chorando.

ELIZABETH: - Meu amor, você ainda está chorando?

VITÓRIA: - Ai mãe, tá doendo, sabia? Não esperava isso do Fabrício.

Elizabeth senta-se na beira da cama.

ELIZABETH: - Mas você não disse que ele mesmo afirmou que não teve nada com a Mayra?

VITÓRIA: - Mesmo assim, mamãe! Ela esteve no apartamento dele, ficou amiga do porteiro inclusive. Mas quando ela falou do colchão, do quarto! Meu sangue ferveu!

ELIZABETH (surpresa): - Vitória, você/

VITÓRIA: - Acertei um bom tapa na cara daquela sonsa!

ELIZABETH: - Minha filha! Assim você só perde a razão, o controle da situação!

VITÓRIA: - Não me interessa, mamãe! Não tenho sangue de barata. E foi pra ela aprender também que comigo não tem brincadeira.

ELIZABETH: - Mas você precisa saber se controlar. As coisas não se resolvem desse jeito, a vida não é assim.

VITÓRIA (pensativa): - É, eu sei.

ELIZABETH: - Você e o Fabrício precisam conversar, se acertar.

VITÓRIA: - Eu vou fazer isso, mas não agora. Eu ainda estou chateada com essa história. O que eu quero é esfriar minha cabeça.

ELIZABETH: - Então que tal se arrumar para irmos na festa da revista?

VITÓRIA: - Ah, você quer ir então?!

ELIZABETH: - Ai eu quero. Tô precisando sair, ver gente. Pra esquecer um pouco essa história minha e do seu pai. E tirar umas ideias da minha cabeça.

VITÓRIA: - Que ideias?

ELIZABETH: - Coisas malucas. Pensei até que ele tem amante.

VITÓRIA: - O papai?! Imagina, mamãe! História maluca mesmo. O papai não iria trair você, ele te respeita muito.

ELIZABETH: - É verdade. Nunca vi ele olhar para mulher alguma enquanto esteve do meu lado. E espero ainda não ver! (risos)

VITÓRIA: - Mas agora eu é que não estou no clima de festa.

ELIZABETH: - Ah não, Vitória! Se eu fiz um esforço você também vai fazer. E você estava tão animada pra ir nessa festa. Vamos eu e você. Faz tempo que não saímos juntas.

VITÓRIA: - Tá bom. Você me convenceu!

ELIZABETH: - Quero ver você ainda mais linda hoje.

VITÓRIA: - Obrigada mãe, pela força, por tudo. Te amo.

ELIZABETH: - Eu também amo muito você, minha flor!

As duas se abraçam, felizes.

CENA 34. BARZINHO. INT. NOITE.

Marcos e Plínio num happy hour.

PLÍNIO: - E o Jonas há essa hora já deve estar em casa, cortejando a flor do jardim dele.

MARCOS: - Incrível cara, todo mundo se arrumando. Rafael, o meu amigo que foi lá agência hoje, tá namorando. Jonas não tá namorando ainda, mas já tem a sua pretendente. E eu aqui, com um marmanjo bebendo num bar... Decadência!

PLÍNIO; - Ei, desprezando a companhia é?

MARCOS: - To brincando, Plínio! Você é um parceirão mesmo.

PLÍNIO: - Valeu. Mas ó, é só por algum tempo hein, hoje ainda eu tenho uma festa pra ir.

MARCOS: - Festa é? Onde?

PLÍNIO: - Festa Black, na minha querida Itaquera!

MARCOS: - Falô o mano da zona leste!

Os dois brindam. Nesse instante, entram no barzinho e pegam uma mesa, Fabrício, Adriana, e mais dois funcionários da clínica, Almir e Gisa.

ADRIANA: - Dia hoje foi cheio.

FABRÍCIO: - Eu que o diga!

ALMIR: - Desculpa me meter, Fabrício, mas a filha do chefe não dá sossego pra você não hein!

FABRÍCIO: - Não sei o que eu fiz pra aquela garota ficar pegando no meu pé.

GISA: - E precisa fazer alguma coisa? Aquela lá é louca! Olhou meio estranho já é motivo! Vamos pegar uns petiscos?

ADRIANA (lendo o cardápio): - Tábua de frios! Deve ser uma delícia.

ALMIR: - Cuidado com o coração, médica cardiologista! (risos)

ADRIANA: - E vocês querem que eu cuide do meu coração me trazendo num boteco, com um monte de petisco bom? Pelo menos na tábua vem um queijinho, dá pra dar uma beliscada com moderação.

Todos riem. Na mesa mais afastada, Marcos vê Adriana sorrindo.

MARCOS: - Nossa...

PLÍNIO: - O que foi chefinho?

MARCOS: - Mulher linda lá, naquela mesa. Sorrindo.

De longe, sorrindo, o olhar de Adriana cruza com o olhar de Marcos. Ela disfarça, ele também, mas voltam a se olhar.

CENA 35. PENSÃO BEM QUERER. SALA. INT. NOITE.

Alaíde e Oscar sentados no sofá assistindo TV. Jonas, Lívia e Pedro vêm da cozinha, animados. Lívia está usando um tailleur e como assessório, usa o seu colar, com a pedra bem à mostra.

LÍVIA: - Não sabia que você fazia misto quente assim, tão bom!

JONAS: - Modéstia à parte, é a minha especialidade! E o Pedro gostou também, comeu tudo!

Pedro ri.

LÍVIA: - Dona Alaíde, Seu Oscar, o Kléber já desceu?

OSCAR: - Ainda não, Lívia.

ALAÍDE: - Ah, é hoje que você começa a trabalhar lá no restaurante né.

LÍVIA: - É hoje sim. Tô nervosa!

ALAÍDE: - Fica calma, minha filha, porque tudo vai dar certo!

LÍVIA: - Vai sim, tem que dar!

Tatiana desce as escadas, chegando na sala.

TATIANA: - E serviu mesmo em você hein!

LÍVIA: - Serviu sim! Obrigado por emprestar sua roupa, Tati. Prometo que devolvo limpinha!

TATIANA (sentando na poltrona): - Imagina, pode usar. Tenho tantos outros lá no armário...

Carla desce as escadas, toda produzida, bonitona, sensual. Chama atenção de todos.

ALAÍDE: - Olha aí gente! Que produção hein!

CARLA (exibida): - Obrigada, obrigada!

JONAS: - E onde você vai mostrar toda essa beleza, Carla?

CARLA: - Vou numa festa chique com uma amiga.

LÍVIA: - Amiga é?

CARLA: - Sim, aquela que eu te contei outro dia, minha amiga lá do serviço.

LÍVIA (surpresa): - Aquela sua amiga!

CARLA: - Isso mesmo! Agora eu preciso ir, senão me atraso. Beijos, boa noite!

OSCAR: - Boa festa!

Carla sai.

ALAÍDE: - Essa Carla não toma jeito né? Praticamente toda noite ela tem um evento, uma festa... Isso quando não chega tarde do serviço.

TATIANA: - Sabe que eu tenho curiosidade em saber onde ela trabalha? Porque é quase um regime de escravidão! A coitada trabalha até altas horas da noite.

LÍVIA: - Dureza né? Mas ela não reclama, sinal de que está gostando. E o Kléber que não desce hein? Não podemos chegar atrasados lá!

JONAS: - Relaxa, daqui a pouco ele tá chegando.

Nesse instante, Wanda chega na sala, vinda da rua. Oscar cochicha com Alaíde.

OSCAR: - A louca tava na rua?

ALAÍDE: - Na rua, dona Wanda? Vem pra dentro, daqui a pouco começa a novela.

Wanda entra na sala, olha para Lívia. A observa atentamente. Lívia percebe.

LÍVIA: - O que foi, dona Wanda? Está tudo bem?

WANDA: - Metamorfose... A sua vida... Metamorfose...

TATIANA: - O que ela tá falando?

JONAS: - Eu não sei!

ALAÍDE: - Dona Wanda, o que a senhora tá dizendo pra Lívia?

WANDA (encarando Lívia): - A sua vida sofrerá uma metamorfose. Você tem consigo o grande tesouro cobiçado! E esse tesouro será o responsável por levar você ao seu novo destino. Você tem o amuleto, o grande talismã!

JONAS: - O que ela está dizendo?! O que significa todas essas coisas?

Lívia está atenta aos dizeres de Wanda.

WANDA: - Você conhecerá aquele que mudará o seu destino, o responsável pela sua transformação, pela sua nova vida, pelo seu novo caminho. É ele que fará a lagarta virar borboleta! O mago da metamorfose!

Todos ficam surpresos com as previsões de Wanda. Close final em Lívia, sem entender nada.

Encerra com Pra rua me levar - Ana Carolina.
 
     
     
     

autor
Édy Dutra

elenco
Christine Fernandes como Lívia
Taís Araújo como Marilu
Zé Carlos Machado como Tarcísio
Fábio Assunção como Rafael
Bruno Ferrari como Jonas
Marcos Caruso como Paulo
Renata Domingues como Carla
Júlio Rocha como Breno
Bianca Castanho como Beatriz
Júlia Feldens como Vitória
André Bankoff como Fabrício
Danton Mello como Marcos
Lavínia Vlasak como Isabela
Caco Ciocler como Conrado
Janaína Lince como Sarah
César Mello como Alfredo
Aída Leiner como Inês
Luíza Curvo como Tatiana
Jonathan Haagensen como Plínio
Marco Ricca como Fausto
Sílvia Pfeifer como Lorena
Thaís Vaz como Mayra
Gisele Policarpo como Gisa
Guilherme Leme como Almir
Mônica Martelli como Louise
Sérgio Menezes como Kléber
Cyria Coentro como Nice
Ernesto Piccolo como Moisés
Natália Guimarães como Rita

Atrizes convidadas
Sônia Braga como Elizabeth
Regina Duarte como Rosa
Valquíria Ribeiro como Adriana
Ângela Leal como Agda
Mila Moreira como Charlote
Denise Del Vecchio como Onira
Beatriz Segall como Wanda
Arlete Salles como Alaíde

Atores convidados
Gracindo Júnior como Demétrio
Rodrigo Santoro como Henri
Juan Alba como Alexandre
Nill Marcondes como Eduardo
Roberto Bonfim como Roberto
Floriano Peixoto como Jorge

Participações especiais
Dudu Azevedo como Romão
Elisa Lucinda como Cidália
Antonio Pitanga como Tenório
Vanessa Lóes como Clair
Alexandre Slaviero como Hugo
Lui Mendes como Pereira

Trilha Sonora
Pra rua me levar - Ana Carolina
Zero - Liniker e os Caramelows
Sua estupidez – Roberto Carlos

Produção

Bruno Olsen
Cristina Ravela
Diogo de Castro


Esta é uma obra de ficção virtual sem fins lucrativos. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.


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